Somos todos seres humanos!
A
campanha contra o racismo, que ganhou incrível proporção após o jogador
Daniel Alves ter a genial sacada de pegar a banana que arremessaram em
sua direção e comê-la, acabou colocando a ala esquerdista defensora das
cotas raciais em uma sinuca de bico.
Ficou viral no Facebook o seguinte “meme”, com singelas variações:
Eu mesmo coloquei a pergunta no ar: se
somos todos macacos, por que apenas alguns têm cotas? A pergunta
retórica é um duro golpe naqueles que dizem que somos todos iguais, mas
agem como se uns fossem mais iguais que os outros. A bandeira liberal é
justamente a igualdade de todos perante as leis, ou seja, abolir todo
tipo de privilégio.
Não faz sentido repetir que “somos todos
macacos”, querendo dar ênfase a esta igualdade entre todos os seres
humanos, para logo depois pleitear tratamento diferenciado com base na
“raça”. É uma clara contradição lógica, que remete ao excelente livro de
George Orwell, A Revolução dos Bichos, em que os porcos tomam o
poder na fazenda sustentando que todos os animais são iguais, mas com o
tempo vão alterando a máxima até concluir que todos são iguais, mas uns
mais iguais que os outros. Estava instaurada a era dos privilégios
suínos!
Frei David Santos, da Educafro
Certa vez participei de um debate na
rádio Band em Porto Alegre com Frei David Santos, da ONG Educafro. Ele
defendia as cotas raciais, e me chamava o tempo todo de “irmãozinho
Constantino”. Até a hora em que eu perguntei: “Caro Frei David, o senhor
me chama o tempo todo de irmão, e logo depois vem defender uma divisão
legal entre nós com base na cor da pele? Somos irmãos ou não somos?” Ele
ficou um tanto sem graça…
E com razão! Como é que se pode alegar
que somos todos iguais, mas logo depois defender diferenças com base na
“raça”? Por isso eu sempre digo: as cotas raciais são a estratégia
errada para um fim nobre, o instrumento inadequado para combater o
racismo, que deve ser combatido. Sim, nós somos iguais, no sentido de
que somos todos de uma só “raça”, a humana. Então vamos parar de
segregar a população com base justamente no critério absurdo de raça!
Mas de alguma forma o Facebook achou
minha simples pergunta “ofensiva”, talvez por ter recebido uma chuva de
mensagens de denúncia coordenadas pelo MAV. O fato é que retirou do ar a
pergunta, e eu publiquei um aviso, no dia seguinte, do ocorrido. Hoje
recebo a mensagem de que tive novamente o conteúdo retirado e estou
bloqueado por 24 horas na rede social:
A esquerda defensora das cotas raciais
está num impasse e tanto. Somos ou não todos “macacos”? Eu digo que sim!
Eu digo que somos todos da mesma espécie, todos seres humanos, parentes
dos símios, e que a cor da pele, assim como os olhos puxados dos
asiáticos, é apenas uma diferença ligada à adaptação em locais com
climas e condições diferentes.
Daniel Alves
Daniel Alves é mais moreno e tem olhos
verdes. Existem inúmeras gradações de cor de pele, tipo de cabelo, cor
dos olhos, etc. Alguém realmente quer sustentar que devemos pegar 7
bilhões de seres humanos, ou mesmo 200 milhões de brasileiros, e passar
uma linha divisória entre dois grupos, negros e brancos? Isso mesmo em
um país em que 40% se declara pardo, ou seja, misturado?
Geneticamente não faz sentido falar em
raças humanas.
O que pode variar, e muito, é a cultura. Mas esta jamais
será inata. Defendamos, portanto, uma cultura liberal que trate cada um
como um indivíduo, uma finalidade em si, merecedor de tratamento
igualitário perante as leis. A cor da pele, o formato dos olhos, a
textura do cabelo, a altura, todas são características individuais, mas
não definem o indivíduo em sua essência, formado por uma gama enorme de características.
O coletivista é aquele que seleciona uma única
característica – a “raça”, a nacionalidade, o sexo, a classe – e a toma
como a única relevante. O indivíduo, com toda a sua complexidade,
desaparece, imerso em um grupo que fala em seu nome. Ele é “o negro”, “o
proletário”, “o brasileiro”, “o homossexual”, e deixa de ser o José da
Silva, que pode ser negro, trabalhador, brasileiro e gay, e mesmo assim
pensar por conta própria e rejeitar rótulos coletivistas e cotas. Pode
ser, enfim, um liberal, o que para esses coletivistas defensores das
“minorias” faria dele um “traidor”.
Rodrigo Constantino
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