domingo, 4 de maio de 2014

SE somos todos iguais, por que ter cotas raciais?

03/05/2014
às 7:45 \ 

Somos todos seres humanos!

A campanha contra o racismo, que ganhou incrível proporção após o jogador Daniel Alves ter a genial sacada de pegar a banana que arremessaram em sua direção e comê-la, acabou colocando a ala esquerdista defensora das cotas raciais em uma sinuca de bico.
Ficou viral no Facebook o seguinte “meme”, com singelas variações:
Todos iguais
Eu mesmo coloquei a pergunta no ar: se somos todos macacos, por que apenas alguns têm cotas? A pergunta retórica é um duro golpe naqueles que dizem que somos todos iguais, mas agem como se uns fossem mais iguais que os outros. A bandeira liberal é justamente a igualdade de todos perante as leis, ou seja, abolir todo tipo de privilégio.


Não faz sentido repetir que “somos todos macacos”, querendo dar ênfase a esta igualdade entre todos os seres humanos, para logo depois pleitear tratamento diferenciado com base na “raça”. É uma clara contradição lógica, que remete ao excelente livro de George Orwell, A Revolução dos Bichos, em que os porcos tomam o poder na fazenda sustentando que todos os animais são iguais, mas com o tempo vão alterando a máxima até concluir que todos são iguais, mas uns mais iguais que os outros. Estava instaurada a era dos privilégios suínos!
Frei David Santos, da Educafro

Certa vez participei de um debate na rádio Band em Porto Alegre com Frei David Santos, da ONG Educafro. Ele defendia as cotas raciais, e me chamava o tempo todo de “irmãozinho Constantino”. Até a hora em que eu perguntei: “Caro Frei David, o senhor me chama o tempo todo de irmão, e logo depois vem defender uma divisão legal entre nós com base na cor da pele? Somos irmãos ou não somos?” Ele ficou um tanto sem graça…

E com razão! Como é que se pode alegar que somos todos iguais, mas logo depois defender diferenças com base na “raça”? Por isso eu sempre digo: as cotas raciais são a estratégia errada para um fim nobre, o instrumento inadequado para combater o racismo, que deve ser combatido. Sim, nós somos iguais, no sentido de que somos todos de uma só “raça”, a humana. Então vamos parar de segregar a população com base justamente no critério absurdo de raça!

Mas de alguma forma o Facebook achou minha simples pergunta “ofensiva”, talvez por ter recebido uma chuva de mensagens de denúncia coordenadas pelo MAV. O fato é que retirou do ar a pergunta, e eu publiquei um aviso, no dia seguinte, do ocorrido. Hoje recebo a mensagem de que tive novamente o conteúdo retirado e estou bloqueado por 24 horas na rede social:
Facebook


A esquerda defensora das cotas raciais está num impasse e tanto. Somos ou não todos “macacos”? Eu digo que sim! Eu digo que somos todos da mesma espécie, todos seres humanos, parentes dos símios, e que a cor da pele, assim como os olhos puxados dos asiáticos, é apenas uma diferença ligada à adaptação em locais com climas e condições diferentes.


Daniel Alves


Daniel Alves é mais moreno e tem olhos verdes. Existem inúmeras gradações de cor de pele, tipo de cabelo, cor dos olhos, etc. Alguém realmente quer sustentar que devemos pegar 7 bilhões de seres humanos, ou mesmo 200 milhões de brasileiros, e passar uma linha divisória entre dois grupos, negros e brancos? Isso mesmo em um país em que 40% se declara pardo, ou seja, misturado?
Geneticamente não faz sentido falar em raças humanas. 


O que pode variar, e muito, é a cultura. Mas esta jamais será inata. Defendamos, portanto, uma cultura liberal que trate cada um como um indivíduo, uma finalidade em si, merecedor de tratamento igualitário perante as leis. A cor da pele, o formato dos olhos, a textura do cabelo, a altura, todas são características individuais, mas não definem o indivíduo em sua essência, formado por uma gama enorme de características.


O coletivista é aquele que seleciona uma única característica – a “raça”, a nacionalidade, o sexo, a classe – e a toma como a única relevante. O indivíduo, com toda a sua complexidade, desaparece, imerso em um grupo que fala em seu nome. Ele é “o negro”, “o proletário”, “o brasileiro”, “o homossexual”, e deixa de ser o José da Silva, que pode ser negro, trabalhador, brasileiro e gay, e mesmo assim pensar por conta própria e rejeitar rótulos coletivistas e cotas. Pode ser, enfim, um liberal, o que para esses coletivistas defensores das “minorias” faria dele um “traidor”.


Somos todos seres humanos! Então vamos logo de uma vez agir levando esse fato em conta…

Rodrigo Constantino

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