Segundo a ação, publicidade leva a crer que torneio só trará benefícios.
Para procurador da República, essa ideia 'não condiz com a realidade'.
Banner integra campanha do governo federal
O Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) pediu liminarmente a suspensão de uma campanha de marketing da Copa do Mundo de Futebol que o governo federal está veiculando em jornais, internet e emissoras de rádio e televisão. De acordo com a ação civil pública proposta na segunda-feira (26), a publicidade “Todos ganham (Hexa)” anuncia apenas que o torneio trará grandes benefícios aos brasileiros, o que "não condiz com a realidade".
Procurada pelo G1 às 9h30, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
Além de pedir a suspensão da campanha, que integra a marca “A Copa das Copas”, em todos os veículos de comunicação, o MPF solicita que o governo federal não faça outras campanhas publicitárias sobre a Copa do Mundo que não tenham caráter educativo, informativo ou de orientação social. E pede ainda, em caso de condenação, que a União pague multa diária de R$ 5 milhões, caso descumpra a determinação.
Mensagem subliminar
Proposta pelo procurador da República Ailton Benedito, a ação destaca que o conteúdo da campanha atinge o “inconsciente coletivo, de forma subliminar”. Isto é feito, segundo ele, por meio de “mensagens de que o governo federal cumpriu tudo que compromissara, que a organização do evento transcorreu sem problemas; que todas as ações, programas e políticas públicas necessárias foram planejados e executados completa e adequadamente; que não se utilizaram recursos públicos no evento”.
Segundo o procurador, notícias divulgadas pela imprensa informam que vários empreendimentos projetados para os aeroportos, o transporte público e o trânsito foram cancelados ou substituídos por outros de menor impacto e, ainda assim, não serão concluídos a tempo, mesmo que a definição do Brasil como sede da Copa do Mundo tenha sido homologada há sete anos.
“A situação evidencia os efeitos da desorganização, da falta de planejamento, da incompetência em executar o que se planejou quanto à infraestrutura e aos serviços voltados à realização da Copa”, disse na ação.
O procurador ressalta ainda que, conforme dados do Senado, o custo da Copa no Brasil, que começa no dia 12 de junho, é de US$ 40 bilhões, o que equivale a R$ 89,29 bilhões segundo conversão monetária realizada nesta terça-feira (27).
A quantia é maior do que a soma do dinheiro gasto nas últimas três edições do evento, que resulta em US$ 30 bilhões, o que corresponde a R$ 66,97 bilhões.
De acordo com Ailton Benedito, a ação tem o objetivo de “proteger a cidadania e a dignidade dos brasileiros, como também os seus direitos fundamentais à informação e à verdade estatal”.
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