Porém, é preciso avançar muito nessa discussão. As vozes das ruas em 2013 deixaram muito claro que os quase trinta anos desde a redemocratização do país produziram efeitos positivos na consciência política da sociedade: não há mais lugar para o discurso vazio, a promessa não cumprida, o ufanismo e propostas inexequíveis.
Mais do que nunca, portanto, é preciso falar menos e fazer mais, inclusive no sentido de estimular o civismo, a democracia participativa e o engajamento político de todos os indivíduos. Em síntese: é responsabilidade dos governantes estimular o cumprimento prático e amplo do termo da moda em todo o mundo: o empoderamento da população.
Do mesmo modo que não se pode tolerar a desordem e o vandalismo, que não se justificam num regime democrático, não se deve temer as manifestações pacíficas, o confronto de opiniões, o pluralismo e as reivindicações.
Divulgação/FASM Para incentivar essa nova e irreversível postura de cidadania dos brasileiros, o Estado precisa entender que a educação é a prioridade das prioridades
professor universitário e diretor-geral da Associação Santa Marcelina, sobre a postura da população brasileira desde os protestos de junho de 2013
Um povo mais culto e instruído fica menos doente, pois valoriza a qualidade da vida, repudia mais a violência, tem menor taxa de desemprego, respeita as boas normas de civilidade e convivência social, diz não ao preconceito e à discriminação das minorias, conhece a importância de proteger o ambiente e usar com racionalidade a energia, a água e os recursos naturais.
Não é sem razão, portanto, que se considera o ensino a grande base do desenvolvimento.
O Brasil avançou no civismo e até mesmo no atendimento quantitativo à demanda de matrículas no ensino público, mas ainda deve muito em termos de qualidade.
Esta dívida, contudo, tem de ser resgatada sem mais demora, e não apenas por justiça social e aprimoramento da democracia, mas também por uma questão econômica:
estamos vivendo o início do chamado bônus demográfico, que caracteriza um período no qual a população economicamente ativa é maior do que a inativa. É a oportunidade histórica de subirmos do nível de país de renda média para o de nação rica.
As gerações hoje nas escolas - e também as que estão ingressando - precisam estar muito bem preparadas para o exercício do engajamento político e a mudança de patamar econômico.
O Brasil avançou no civismo e até mesmo no atendimento quantitativo à demanda de matrículas no ensino público, mas ainda deve muito em termos de qualidade professor universitário e diretor-geral da Associação Santa Marcelina, sobre a educação básica no país
As redes municipais são responsáveis por quase metade das matrículas (45,9%), o equivalente a 23,22 milhões, seguidas pelas estaduais, que atendem 37% do total, com 18,72 milhões. As escolas federais, com 276,43 mil matrículas, participam com 0,5% do total.
São 29,70 milhões de alunos do ensino fundamental, 8,37 milhões no médio e 7,29 milhões na educação infantil (incluindo creche e pré-escola). Há, ainda, 3,90 milhões de estudantes na educação de jovens e adultos, 1,06 milhão no ensino profissional concomitante e 820,43 mil na educação especial.
As estatísticas são inequívocas: há 42,22 milhões de brasileiros na educação básica, quase uma Espanha inteira, que dependem diretamente do Estado para se apropriar do bem maior do conhecimento. Garantir-lhes tal direito significará, também, lhes dar melhor saúde, mais segurança, perspectivas concretas de ascensão econômica e vida de qualidade, cumprindo-se na prática as promessas das campanhas eleitorais.
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