Problema à vista
Comitê Internacional ameaça levar Olimpíadas-2016 do Rio para Chicago
Publicado: 25 de maio de 2014 às 0:34
O Comitê Olímpico Internacional (COI) não tem a paciência da Fifa em relação aos atrasos nas obras estruturais brasileiras para receber eventos. Deu o ultimato para gestores do Comitê Olímpico Brasileiro (COB): ou o comitê entrega tudo dentro do prazo, sem trapalhadas, ou o Rio de Janeiro pode dar adeus aos Jogos Olímpicos de 2016.
Vão de mala e cuia para Chicago (EUA). Cidade preterida pelo COI, em 2009.
A cidade americana tem experiência e estrutura para realizar grandes eventos com maestria. Foi cidade-sede da Copa do Mundo de 1994.
O clima entre os comitês não é amigável. O vice-presidente do COI, John Coates, disse: preparativos da Rio2016 são os “piores” que já viu.
A assessoria do COB negou que tenha levado uma “prensa” dos estrangeiros. O COI não respondeu até o fechamento desta coluna.
Autoridades norte-americanas assistem de camarote a confusão entre os dois comitês.
Se divertem com o abacaxi que virou a história.
Olimpíadas de 2016 x Mata Atlântica
Ano XI, nº 105, 1ª quinzena de março de 2013
Patrick Granja e Rechal Didier
No mapa, a área onde deve ser construído o campo de golf
Há anos, a APA (Área de Proteção Ambiental) de Marapendi, na zona
Oeste do Rio de Janeiro, preserva um importante bioma de mata atlântica,
com uma imensa variedade de espécies vegetais e animais. Apesar dos
antigos problemas com os grandes condomínios da região, que despejam
esgoto nas lagoas da APA, as espécies que vivem no local — muitas delas
ameaçadas de extinção — sempre resistiram ao avanço da urbanização no
bairro da Barra da Tijuca. Contudo, uma nova ameaça tem preocupado
cientistas e moradores da região. A aprovação da PLC 113 na câmara de vereadores do Rio em regime de urgência, em uma das últimas votações de 2012, deu o sinal verde para a construção de um campo de golfe em uma imensa área da APA de Marapendi. A construção faz parte dos preparativos da cidade para as Olimpíadas de 2016 e já é chamada de "Golf Olímpico".
Até então, muitos movimentos e organizações de defesa do meio-ambiente travavam uma batalha contra a PLC 113. Entretanto, meses antes da aprovação, já havia sido construída, segundo projeto da prefeitura, a estação de BRT (Bus Rapid Traffic) "Golf Olímpico", em frente à área disputada por empreiteiras para a construção do campo de golfe. Um sinal claro de que já estava tudo articulado entre o gerenciamento municipal, encabeçado pelo prefeito Eduardo Paes, e as empreiteiras que irão devastar a APA de Marapendi.
A reportagem de AND conversou com o biólogo e morador da região, Marcelo Mello, de 48 anos, que explicou a importância da APA de Marapendi e denunciou as obscuras articulações entre o Estado e as empreiteiras com vistas à aprovação da PLC 113.
— Eu moro na Barra da Tijuca há 10 anos e tento, de alguma forma, defender a biodiversidade do Rio de Janeiro. Nesses dez anos, eu tenho visto que o poder público não tem feito nada para proteger esse bioma de mata atlântica que ainda existe aqui no nosso bairro. Existe a lei federal 11.428 que determina que a mata atlântica é um patrimônio nacional que deve ser protegido, preservado e reconstituído. E o ecosistema de restinga, assim como o ecosistema de manguezal fazem parte do bioma de mata atlântica, que é o mais ameaçado do Brasil.
Por estar no Sudeste, esse bioma vem sendo dizimado desde o descobrimento do Brasil e, hoje, só restam 7% de sua cobertura vegetal. Esses megaeventos, como a RIO+20, já acontecem desde a década de 70. Na maioria das discussões travadas nesses eventos, foi determinado um amplo esforço para a preservação dessa biodiversidade, que está entrando em extinção rapidamente — analisa o pesquisador.
Marcelo falou também sobre a estrutura de poder por trás dos grupos que se mobilizaram pela aprovação da PLC 113 em conluio com a base política de Eduardo Paes na câmara de vereadores e a secretaria municipal de meio ambiente.
Obra de avenida olímpica derrubará 200 mil m² de Mata Atlântica no Rio
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
Do UOL, no Rio de Janeiro
A construção da avenida é um dos compromissos assumidos pelo Rio com o COI (Comitê Olímpico Internacional) para sediar os Jogos de 2016. A via terá 23 km de extensão e ligará Deodoro à Barra da Tijuca. Nos dois bairros serão construídas as duas maiores área de competição da Olimpíada: o Parque Olímpico, na Barra, e o Parque de Deodoro.
A área de mata que será derrubada para a obra fica na zona oeste do Rio, num local conhecido como Colônia Juliano Moreira, que fica nos limites do Parque Estadual da Pedra Branca. O parque é uma das maiores áreas de conservação ambiental do Brasil e também a segunda maior floresta urbana do mundo, com 12,5 mil hectares (125 mil km²) de vegetação.
Já a área que será derrubada é de 20 hectares. De acordo com o Inea (Instituto Estadual do Ambiente), desse total, 19,6 hectares são de vegetação considerada de estágio médio de regeneração e outros 0,4 hectare de estádio avançado. Só é autorizada a derrubada desse tipo de mata quando não há alternativa e quando há interesse público. Para Cabral, que autorizou a supressão, a TransOlímpica é de interesse público.
A TransOlímpica vai custar R$ 1,5 bilhão e terá três pista em cada sentido. Uma delas será uma faixa para tráfego exclusivo de ônibus expressos BRT (Bus Rapid Transit).
Segundo a Prefeitura do Rio, a obra vai beneficiar moradores do Recreio dos Bandeirantes, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Vila Militar e de outros bairros.
A passagem da avenida por trechos de Mata Atlântica é necessária para reduzir o impacto da obra para quem mora em de Curicica, André Rocha, do Guerenguê e do Outeiro Santo.
A Secretaria Municipal de Obras (SMO) informou que o traçado original da TransOlímpica não previa os 200 mil m² de mata fossem derrubados. No entanto, a execução do projeto causaria a desapropriação de 497 imóveis.
O novo traçado, por dentro da vegetação, demandará 25 desapropriações, informou a SMO. A secretaria ressaltou ainda que a supressão da Mata Atlântica será compensada pelo plantio de 400 mil m² de espécies de plantas do mesmo bioma justamente no Parque Estadual da Pedra Branca –duas vezes o que será derrubado para a construção da avenida.
Sustentabilidade
Realizar uma Olimpíada sustentável é um dos objetivos do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016, instituição privada que trabalha na preparação do evento. A derrubada de áreas de Mata Atlântica e outras intervenções olímpicas, entretanto, fazem com que especialistas questionem esse compromisso.
"O ideal é não desmatar nada", afirmou a jurista e professora Sonia Rabello, presidente da Federação das Associações de Moradores do Município do Rio de Janeiro, quando questionada sobre a TransOlímpica. "Reduzir o número de desapropriações é bom, mas garanto que nenhum morador ficaria chateado em deixar sua casa se recebesse um belo apartamento em troca. O problema é que a prefeitura não quer pagar por isso. Aí diz que derrubar a Mata Atlântica é uma opção. A Mata Atlântica é um bem de todos, que não tem preço."
Rabello já foi vereadora no Rio e acompanha as obras olímpicas em execução na cidade. Para ela, o compromisso com a sustentabilidade está perto de se tornar mais uma promessa não cumprida, vide o que tem sido feito também na construção do campo de golfe da Rio-2016.
A obra está sendo realizada em terreno do que era parte da APA (Área de Preservação Ambiental) de Marapendi, na zona oeste. Segundo ela, a vegetação que existia na APA deveria ser preservada ou recuperada. Ela reclama que a prefeitura autorizou a plantação de grama importada necessária para o campo de golfe. "Plantar grama não quer dizer que a vegetação está sendo preservada", disse ela.
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