11/06/2014 as 16:20
Luiz
Fernando Pacheco, advogado de José Genoino, precisa retomar suas aulas
de latim e recuperar uma consideração do poeta Horácio: “Est modus in
rebus”. Ou por outra: “Há uma medida nas coisas”.
É preciso ter
moderação, compostura, limite. Tudo aquilo que ele não teve nesta
quarta-feira no STF. Leiam o que informa Laryssa Borges, na VEJA.com.
O ministro
Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, determinou
nesta quarta-feira que seguranças da Corte retirassem do plenário o
advogado do ex-presidente do PT, José Genoino.
Quando os ministros se
preparavam para julgar três processos que questionam o tamanho das
bancadas de treze estados na Câmara dos Deputados, o advogado Luiz
Fernando Pacheco pediu a palavra para questionar por que não havia sido
pautada a análise do pedido de Genoino para cumprir a pena a que foi
condenado no julgamento do mensalão em prisão domiciliar.
Barbosa e Pacheco, então, começaram um bate-boca.
Barbosa e Pacheco, então, começaram um bate-boca.
Da
tribuna, Pacheco afirmou que o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, já deu parecer favorável a Genoino por considerar que o quadro de
saúde do mensaleiro permite que a pena seja cumprida fora do presídio
da Papuda.
A despeito da manifestação do Ministério Público, porém, o presidente do STF e relator do mensalão, Joaquim Barbosa, não pautou o caso para análise em plenário.
A despeito da manifestação do Ministério Público, porém, o presidente do STF e relator do mensalão, Joaquim Barbosa, não pautou o caso para análise em plenário.
Barbosa deve permanecer no Supremo apenas
até o final do mês, quando pretende se aposentar.
“Há
parecer do procurador-geral favorável [à prisão domiciliar] e Vossa
Excelência deve honrar esta casa e trazer a seu parecer”, bradou
Pacheco. “Vossa Excelência vai pautar?”, questionou Barbosa. Na
sequência, o presidente do STF tentou encerrar a manifestação do
advogado, e ambos acabaram se exaltando.
“Pode
cortar a palavra que eu vou continuar falando”, disse o defensor de José
Genoino. “Eu vou pedir à segurança para tirar este homem. Segurança,
tira”, determinou o ministro, sob protestos de Pacheco de que estaria
havendo “abuso de autoridade”.
“Quem está abusando de autoridade é Vossa
Excelência. A República não pertence à Vossa Excelência e nem a sua
grei (grupo, partido). Saiba disso”, rebateu Joaquim Barbosa.
Condenado a
quatro anos e oito meses por corrupção ativa, Genoino alega que o
sistema prisional não tem condições de oferecer garantias de tratamento a
ele, que passou por cirurgia para corrigir uma dissecção na aorta, em
2012.
Depois de o STF confirmar sua condenação, Genoino chegou a cumprir parte da pena em prisão domiciliar em uma casa alugada em um bairro nobre de Brasília.
Depois de o STF confirmar sua condenação, Genoino chegou a cumprir parte da pena em prisão domiciliar em uma casa alugada em um bairro nobre de Brasília.
No fim de
novembro, um laudo médico elaborado a pedido do ministro Joaquim Barbosa
constatou que a prisão domiciliar não era “imprescindível” para o
ex-presidente do PT, mas ainda assim o magistrado estendeu o benefício
ao mensaleiro até o início deste ano, quando determinou o retorno do
mensaleiro para o presídio da Papuda.
José
Genoino já havia sofrido novo revés quando a Câmara dos Deputados negou a
ele aposentadoria por invalidez. Sem a aposentadoria integral, Genoino
mantém os vencimentos de cerca de 20.000 reais por tempo de serviço. Se
conseguisse o benefício, ele teria direito ao salário integral e
vitalício de deputado, hoje no valor de 26.700 reais.
Retomo
É evidente que o advogado está tentando “causar”, como dizem os adolescentes. Por mais inconformado que estivesse com as ações de Barbosa, não lhe cabe transformar o STF num boteco. Isso não acontece por acaso. Trata-se de uma tática para tentar carimbar no julgamento do mensalão a pecha de “injusto”.
É evidente que o advogado está tentando “causar”, como dizem os adolescentes. Por mais inconformado que estivesse com as ações de Barbosa, não lhe cabe transformar o STF num boteco. Isso não acontece por acaso. Trata-se de uma tática para tentar carimbar no julgamento do mensalão a pecha de “injusto”.
Pacheco,
de resto, tem muitas outras maneiras de expressar seu inconformismo.
Protagoniza, assim, uma cena lamentável. De resto, Barbosa está a alguns
dias de deixar o tribunal — e Genoino está preso, em regime semiaberto,
depois de laudos técnicos que apontam que as condições são adequadas a
seu estado de saúde.
Calma,
Pacheco! Ricardo Lewandowski está prestes a assumir. Aí o senhor
encaminha o seu pleito. Até lá, convém tomar apenas água.
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