quarta-feira, 11 de junho de 2014

Graça Foster admite chance de ‘erro’ em planejamento da refinaria de PE





Presidente da Petrobras prestou depoimento à CPI mista do Congresso.


Segundo ela, previsão inicial de gastos era insuficiente para a construção.

Do G1, em Brasília


Na tentativa de ironizar a maioria governista na CPI mista da Petrobras, parlamentares da oposição distribuíram "pizza sabor petróleo" durante sessão que ouviu a presidente da estatal (Foto: Felipe Néri / G1) 
Para ironizar o fato de os governistas ocuparem a maioria dos assentos da CPI mista da Petrobras, parlamentares da oposição distribuíram "pizza sabor petróleo" durante sessão que ouviu a presidente da estatal. 
 
 
A presidente da Petrobras, Graça Foster, reconheceu nesta quarta-feira (11), em depoimento à CPI mista que investiga denúncias contra a estatal, que a petroleira pode ter cometidos “todos os erros” no planejamento da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. 


A dirigente, no entanto, garantiu que os projetos da planta de refino foram elaborados de forma “técnica” e receberam aprovação da diretoria da estatal.


“Essa fase um [da construção de Abreu e Lima] foi aprovada pela diretoria da Petrobras em setembro de 2005. Em seguida, passamos para as fases dois e três. Foi um trabalho muito importante. Podemos ter cometido todos os erros, mas foi um trabalho técnico”, defendeu Graça Foster aos congressistas.

A construção da refinaria, uma parceria do Brasil com a Venezuela, foi anunciada em 2005. Pelo acordo entre os dois países, a obra deveria ser bancada pela Petrobras (com 60%) e pela PDVSA (com os 40% restantes). Iniciada em 2006, a obra foi orçada inicialmente em US$ 2,5 bilhões, mas o custo final ficou em US$ 18,5 bilhões.

O aumento dos custos do projeto é investigado pelo Ministério Público Federal. O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, investigado pela operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), é suspeito de ter superfaturado o empreendimento.


Segundo Graça Foster, o projeto inicial da refinaria foi modificado porque se verificou que “em lugar nenhum do mundo” essa obra poderia ser concluída por US$ 2,5 bilhões. 


“Esse projeto inicial não foi o projeto construído. Por 2,5 bilhões [de dólares], em lugar nenhum do mundo seria construída uma refinaria. Esse projeto 'fase um' nunca saiu da prancheta. Foi um trabalho grande e intenso da Petrobras que conta o desconhecimento que tínhamos do óleo que efetivamente seria entregue”, destacou a dirigente.

Segundo ela, os projetos de construção da refinaria Abreu e Lima foram elaborados de forma “técnica” e receberam aprovação da diretoria da estatal.

Graça Foster disse ainda que uma série de fatores justifica o aumento dos custos da obra, como a variação do câmbio durante a construção e a necessidade, verificada posteriormente, de separar dois tipos de petróleo no momento do refino, o que demandou uma infraestrutura mais sofisticada.


Paulo Roberto Costa
 
Acusado de superfaturar a construção da refinaria de Abreu e Lima no período em que comandava a diretoria de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa negou  nesta quarta (10), em depoimento à CPI exclusiva do Senado, que tenha ocorrido irregularidades na obra de Pernambuco.


De acordo com Costa, que era presidente do conselho de administração da refinaria de Abreu e Lima, houve um "erro" da estatal em divulgar dados sobre o custo da obra antes da realização das licitações. Para ele, a previsão inicial de gastos foi uma "conta de padeiro". O ex-diretor se aposentou da empresa em 2012.

"A Petrobras divulgou em 2005 que custaria US$ 2,5 bilhões, e, como declarei à 'Folha [de S.Paulo]', esse dado era extremamente preliminar e a Petrobras errou em divulgar esse número. Era muito preliminar. Esse foi o erro que a Petrobras cometeu. [...] Não tínhamos ainda projeto da refinaria, DNA do petróleo e não tínhamos feito nenhuma licitação. [..] Não tem sobrepreço, não tem superfaturamento, não tem nada."

Costa também disse que a escolha de Pernambuco para a construção da refinaria ocorreu por conta da estrutura local e do potencial de mercado. “Onde tem porto no Nordeste para receber navio que tem porte para carregar petróleo? 

No Ceará, Pernambuco e Maranhão." E, segundo ele, Pernambuco era, entre esses três, o melhor mercado consumidor de derivados de petróleo.

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