Na VEJA.com:
Um dia depois de transmitir em cadeia
nacional um discurso eleitoreiro, Dilma Rousseff, a
presidente-candidata, subiu ao palanque nesta quarta-feira ao lado do
governador da Bahia, Jaques Wagner, para inaugurar o metrô de Salvador.
Durante o discurso, Dilma dedicou poucas palavras à obra que inaugurava e
celebrou o legado do Mundial para o país, esquecendo-se das muitas
obras de infraestrutura que não entregou, e das que o fez às custas de
muito dinheiro desperdiçado. “As obras são para o Brasil. Durante esse
mês serão usadas pela Copa, porque somos um país que sabe receber bem”,
afirmou a presidente.
O metrô inaugurado nesta quarta está em obras há
14 anos. Nem todo esse tempo foi suficiente para que o sistema fosse
finalizado: apenas 7,3 quilômetros de linha estão prontos, trecho que
compreende cinco estações da Linha 1: Lapa, Campo da pólvora, Brotas,
Acesso Norte e Retiro, estação que também está inacabada.
Como já é
de praxe, a retórica rancorosa de Dilma foi utilizada para criticar os
que afirmaram que os estádios não ficariam prontos a tempo. E, é claro,
os governos anteriores. Esquecendo-se que seu antecessor Lula ficou oito
anos no poder, a presidente afirmou que até agora o governo federal
investia pouco em mobilidade urbana, já que essa é uma atribuição de
Estados e municípios.
Afirmou ainda que, ao contrário das “previsões
pessimistas”, não haverá racionamento de energia nem durante nem depois
da Copa. Dilma aproveita o conforto do palanque aliado e da TV para
exaltar a Copa do Mundo porque provavelmente não falará na abertura do
Mundial.
De acordo com a Fifa, não estão programados discursos de Joseph
Blatter, presidente da Fifa, ou da petista. Para evitar receber vaias
como na abertura da Copa das Confederações, no ano passado, em Brasília,
Dilma quebrará nesta quinta-feira uma tradição recente do evento, que
contou com declarações de presidentes e primeiros-ministros nas últimas
duas décadas
Inauguração
A presidente também manifestou preocupação
com protestos que terminam em vandalismo durante o Mundial de futebol.
“Não teremos a menor contemplação com quem achar que pode praticar ato
de vandalismo”, disse. A Abin e o Palácio do Planalto têm monitorado
protestos e a ação de baderneiros em manifestações diversas. Homens do
Exército e da Força Nacional de Segurança estão nas ruas desde a semana
passada acompanhando a movimentação das delegações estrangeiras pelo
país. “O governo federal vai garantir a segurança de todos os turistas”,
afirmou.
Dilma
percorreu ao lado de Wagner o trecho inaugurado. O projeto inicial
previa 33,4 quilômetros de extensão, com dezenove estações. Wagner, no
entanto afirma que serão cerca de 42 quilômetros. A conclusão das obras,
com a inauguração da Linha 2, contudo, ficará para 2017. Os doze
quilômetros que compõem a Linha 1 têm previsão de finalização para
janeiro de 2015.
A viagem
inaugural estava marcada para as 10 horas, mas começou com atraso. O
trajeto percorrido pela presidente partiu da estação Lapa chegando a
Retiro. Mas não será assim para os passageiros comuns: por estar
inacabada, a estação final da linha terá horários ainda mais restritos
do que as demais na fase de testes – o período de liberação ainda não
foi informado.
Os passageiros poderão, a partir desta quarta, utilizar o
sistema de forma “assistida” até 15 de setembro. O tempo é necessário
para que a concessionária CCR Metrô Bahia realize todos os ajustes
necessários. Até lá a passagem será gratuita. “Depois teremos que coçar o
bolso para andar de metrô”, afirmou Wagner no discurso de inauguração.
Em dias de jogos da Copa em Salvador somente poderão utilizar o serviço
torcedores que vierem de ônibus fretado e se cadastrarem no site da
Transalvador.
A CCR foi a
concessionária vencedora da licitação realizada em outubro do ano
passado para tocar as obras da Linha 1 e implantar a Linha 2. O contrato
estabelece a concessão do sistema por trinta anos. Embora o sistema
esteja catorze anos atrasado, Wagner elogiou a rápida entrega do sistema
pela CCR.
“Queria agradecer a equipe CCR pela rapidez e como vestiram
nossa camisa. A festa está completa e que a gente mostre que baiano é
bom de serviço. O metrô está rodando em tempo recorde, apenas seis meses
depois que a CCR começou a trabalhar”.
Discurso
Dilma também pareceu ignorar a extensão
mínima do sistema entregue nesta quarta: “O povo chamava o metrô de
calça curta. Mas estamos lançando aqui um metrô calça comprida. A Linha 1
é o metrô calça comprida”. A presidente elogiou ainda a agilidade com
que o governo do Estado solucionou o problema do metrô, ainda que a
administração estadual tenha assumido o controle apenas em 2013, quando a
obra já somava treze anos.
Com menos
da metade do projeto entregue, faltam ainda catorze estações a serem
construídas, que deverão levar passageiros até o município Lauro de
Freitas, na Região Metropolitana da Bahia, estação final da linha 2 do
sistema. “Somente ano passado o governo do Estado resolveu assumir este
problema, em função da demora na entrega”, disse Carlos Martins,
presidente da Companhia de Transporte de Salvador.
Apesar de
inaugurado, o metrô funcionará apenas quatro horas por dia até o final
de junho, passando para oito horas até setembro. Além disso, o intervalo
entre um trem e outro será de valiosos dez minutos. Nada que desanime a
presidente: “Vamos buscar o nosso hexacampeonato! Vamos buscar a nossa
taça”, finalizou Dilma.
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