Candidato do PSDB à Presidência, o senador Aécio Neves (MG)
vai realizar uma "caravana" pelo Nordeste no início de sua campanha
ao Palácio do Planalto, em agosto, como tentativa de fortalecer seu nome na
região –reduto político do PT desde o governo Lula. O tucano pretende visitar
três Estados do Nordeste por dia para apresentar seu programa de governo, que
terá como foco obras de infraestrutura para a região.
O senador vai se licenciar do mandato no início de agosto
para se dedicar integralmente à campanha, que vai começar pelo Nordeste.
O foco na região também tem como objetivo desconstruir a
imagem de que o PSDB é contrário a programas sociais criados pelo ex-presidente
Lula, como o Bolsa Família. Aécio quer disseminar no Nordeste seu projeto de
transformar o Bolsa Família em programa de Estado, atingindo a parcela do
eleitorado alvo dos programas de transferência de renda. O projeto tramita no Senado, mas não foi aprovado depois de
sucessivas manobras de senadores aliados da presidente Dilma Rousseff para
adiar sua análise.
Em seu programa de governo que será entregue à Justiça
Eleitoral no final desta semana, o tucano vai dedicar um capítulo ao Nordeste.
Aécio vai detalhar obras a serem implementadas na região se for eleito, como a
conclusão da rodovia Transnordestina e da transposição do rio São Francisco. O candidato quer mostrar "gargalos" de obras na
região, apontando o que considera "erros" de governos do PT. O tucano
vai mencionar obras de infraestrutura realizadas no período em que governou
Minas Gerais como modelo para serem repetidos na região.
Aécio também espera contar com o que chama de
"exército" de militantes no Nordeste depois dos palanques que
construiu na região. No Ceará, por exemplo, o senador conseguiu o apoio de
Eunício Oliveira (PMDB), candidato ao governo do Estado, que terá como candidato
ao Senado o tucano Tasso Jereissati. No âmbito nacional, Eunício é líder do
PMDB no Senado, partido que é principal aliado do governo.
O senador diz ter palanques "sólidos" em todos os
Estados do Nordeste, especialmente na Bahia, Sergipe, Ceará, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Piauí. O modelo de "caravanas" foi adotado pelo
ex-presidente Lula na década de 90, durante campanha ao Palácio do Planalto. O
petista realizou "caravanas da cidadania" pelo país para se aproximar
do eleitorado e defender suas propostas de governo.
SÃO PAULO
Além do Nordeste, Aécio vai priorizar São Paulo na campanha
presidencial. Depois de escolher o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)
como vice em sua chapa, o tucano vai explorar o mote da "força" do
PSDB no Estado.
Aécio vai investir em estratégias de comunicação específicas
para o eleitorado paulista, mostrando que tem ao seu lado o governador Geraldo
Alckmin (PSDB), Aloysio e o ex-governador José Serra (PSDB) –que vai disputar
uma vaga ao Senado na chapa de Alckmin.
Em conversas com aliados, Aécio disse que a decisão de Serra
de disputar o Senado será "crucial" em sua campanha, mostrando
unidade do PSDB no Estado. O candidato tucano disse a interlocutores que a
"construção" feita por Alckmin foi decisiva para garantir a vaga a
Serra, mesmo perdendo o apoio de siglas como o PTB, que disputavam a indicação
ao Senado. O senador disse a aliados que Alckmin agiu com
"desprendimento" ao permitir um resultado de consenso no PSDB.
A articulação dos tucanos inclui a indicação de Serra para
um ministério, caso Aécio seja eleito, abrindo caminho para o deputado José
Aníbal (PSDB-SP) assumir a cadeira no Senado –já que o tucano será suplente de
Serra. Aníbal pleiteava a vaga ao Senado dentro do PSDB.
Mesmo com a escolha de Márcio França (PSB) para vice de
Alckmin, Aécio avalia nos bastidores que não haverá divisão de palanques em São
Paulo, sem a possibilidade de seu adversário Eduardo Campos (PSB) ganhar
visibilidade com Alckmin.
Os tucanos trabalham com o cenário da disputa direta com
Paulo Skaf (PMDB) em São Paulo porque consideram que a candidatura do petista
Alexandre Padilha não decolará ao ponto de ameaçar o PSDB no Estado. (Folha Poder)
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