terça-feira, 1 de julho de 2014

Decreto sobre conselhos fere a lei e a separação de poderes, diz Alves





Decreto de Dilma prevê participação popular em políticas públicas federais.


Segundo Alves, negociações com Executivo sobre tema 'não prosperaram'.

 Do G1, em Brasília
 
Em pronunciamento público no plenário, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou nesta terça-feira (1º) que o decreto da presidente Dilma Rousseff que prevê consulta a conselhos populares nas decisões do governo fere a lei, a Constituição e o princípio de separação de Poderes. 


Segundo Alves, as tentativas do Legislativo de negociar com o Planalto a revogação do decreto falharam.

"Diante desse quadro de inconstitucionalidade e em atenção às críticas de parlamentares, juristas e cientistas políticos, envidaram-se esforços com vistas à revogação do decreto, mas as tratativas com o Poder Executivo não prosperaram", afirmou.

Ele disse que colocará em votação nesta quarta (2) projeto de decreto legislativo que derruba o decreto presidencial. A previsão era votar regime de urgência para esse decreto nesta terça, mas diante do quórum reduzido, a oposição pediu para adiar a deliberação.

O decreto presidencial que gerou polêmica e contrariou o Legislativo foi assinado em maio por Dilma e instituiu a Política Nacional de Participação Social. A regra estimula a participação dos conselhos, movimentos sociais e da população em políticas públicas do governo federal.

Entre outros pontos, a legislação determina a criação de um colegiado, formado por membros do governo e da sociedade, para discutir as decisões da administração pública federal, avaliá-las e propor alterações. Na fala em plenário, o presidente da Câmara disse que o decreto "submete a atuação administrativa a injunções político-partidárias e ideológicas".

Alves também questionou a legalidade do decreto, dizendo que esse instrumento do Executivo não pode criar nem autorizar a criação de órgãos públicos, "tampouco acrescer atribuições a órgãos e entidades criados por lei". Para o presidente da Câmara, o decreto também contraria o princípio constitucional de separação dos Poderes.

"Cabe ao Congresso Nacional a formulação de políticas públicas, por meio de lei, após amplo debate entre todas as forças políticas, da situação e da oposição, sobre as mais diversas demandas de todos e quaisquer grupos da sociedade, alinhados ou não ao governo", afirmou.

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