terça-feira, 1 de julho de 2014

STF encerra discussão sem resolver impasse sobre bancadas na Câmara





Sessão desta terça-feira foi a última antes do recesso de julho do Judiciário.
Tribunal derrubou resolução do TSE que modificou bancadas de 13 estados.



Mariana Oliveira Do G1, em Brasília


 
O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou a discussão sobre o tamanho das bancadas de deputados federais de 13 estados sem dar solução para o impasse. A sessão desta terça-feira (1º) foi a última antes do recesso de julho do Judiciário.


Faz de conta de dizer que o Tribunal Superior Eleitoral infringiu a Constituição, mas, por razões de ordem pragmática, a inconstitucionalidade causada por ele, TSE, valerá para as próximas eleições. Entendam que é papel desta Corte fazer o que estiver a seu alcance para mostrar a necessidade de cumprir as leis, e não o contrário. [..] É chegada a hora de colocar fim a esses malabarismos interpretativos que têm se tornado moda entre nós."

Ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal

Em 18 de junho, o Supremo derrubou resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que reduziu o número de deputados em oito estados e aumentou em cinco. Mas adiou a decisão sobre se a regra valeria para as eleições de outubro deste ano.

Embora o Supremo tivesse derrubado a regra, em 25 de junho, sete dos 11 ministros entenderam que, mesmo assim, a norma deveria ser aplicada na eleição deste ano, a fim de se evitar um "vácuo" legal.  Outros três ministros defenderam que deveria valer na eleição deste ano a distribuição das cadeiras de 2010.

Diante do impasse, o tribunal decidiu esperar a manifestação de Joaquim Barbosa, único ministro que não havia votado. Isso porque, para a criação de regras transitórias, o Supremo necessita de pelo menos oito votos. Mas Barbosa não acompanhou a maioria, e a votação terminou 7 a 4, sem definição de qual critério vigorará na eleição deste ano.

Ao deixar o plenário, Barbosa disse que o Supremo já deu a sua decisão e não respondeu se caberá ao TSE dar uma solução para o problema.

Ao julgar a resolução do TSE, o Supremo considerou que não era papel da Justiça Eleitoral calcular o tamanho das bancadas, mas sim do Congresso.

Ao dar o voto decisivo nesta terça, Joaquim Barbosa criticou decisões do Supremo que mantêm válidas regras julgadas inconstitucionais.


Eu, como presidente do TSE, peço para que esta Corte seja consequente."
Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral

"Tem-se banalizado no nosso sistema, a seguinte prática, das mais bizarras: o tribunal declara inconstitucional, mas ao mesmo tempo modula efeitos da decisão e mantém o status quo. Tenho notado quando pode ser nefasta essa prática, que tem potencial de perenizar nossas  mais críticas mazelas", disse Barbosa.

Para Barbosa, o TSE infringiu a Constituição ao definir o tamanho das bancadas e cabe ao Supremo manter a lei e não permitir a validade de uma regra considerada ilegal.

"Faz de conta de dizer que o Tribunal Superior Eleitoral infringiu a Constituição, mas, por razões de ordem pragmática, a inconstitucionalidade causada por ele, TSE, valerá para as próximas eleições. Entendam que é papel desta Corte fazer o que estiver a seu alcance para mostrar a necessidade de cumprir as leis, e não o contrário. [..] É chegada a hora de colocar fim a esses malabarismos interpretativos que têm se tornado moda entre nós", afirmou o presidente do Supremo.



"É um mundo de doidivanas."
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral
Depois do voto de Barbosa, o presidente do TSE, ministro Dias Toffoli, respondeu a Joaquim Barbosa, dizendo que era preciso estabelecer uma regra para a eleição deste ano e lembrou que a resolução de 2010, que definiu a distribuição das bancadas na última eleição, não está mais em vigor.

"Eu, como presidente do TSE, peço para que esta Corte seja consequente."
Toffoli chegou a sugerir que o Supremo autorizasse o TSE a criar uma regra para a eleição, mas os demais ministros lembraram que a STF já tinha deliberado que não é papel do tribunal eleitoral calcular o tamanho das bancadas, mas sim ao Congresso.
Se tem uma coisa que tem prazo certo no Brasil é eleição. É desesperador para o presidente do TSE ter eleição com prazo certo e, se der errado, vai ser imputado à Justiça não ter feito direito. Tudo pode ser adiado, até vida ou morte. O que não pode ser adiado é eleição."

Ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE na eleição de 2012

Gilmar Mendes tentou argumentar que era preciso definir um critério. Mendes frisou que o Congresso autorizou em 1993 o TSE a fazer o cálculo das bancadas e, agora, é contra o critério estabelecido pelo tribunal eleitoral. "É um mundo de doidivanas."
A ministra Cármen Lúcia, que presidiu o TSE nas eleições de 2012, afirmou que é necessário determinar uma regra clara na qual o tribunal possa se basear para conduzir o processo eleitoral.

"Se tem uma coisa que tem prazo certo no Brasil é eleição. É desesperador para o presidente do TSE ter eleição com prazo certo e, se der errado, vai ser imputado à  Justiça não ter feito direito. Tudo pode ser adiado, até vida ou morte. O que não pode ser adiado é eleição", declarou.

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