quinta-feira, 29 de maio de 2014

Câmara e Senado vão ajuizar duas ações contra decisão sobre bancadas


28/05/2014 22h34 -


Contra decisão do Congresso, TSE alterou nº de deputados de 13 estados.


Ações das duas Casas são diferentes, mas buscam o mesmo resultado.

Nathalia Passarinho e Priscilla Mendes Do G1, em Brasília
 
Contrariados com o decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de alterar o número de deputados federais em 13 estados, as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado decidiram nesta quarta-feira (28) entrar com duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar a posição da Corte eleitoral.

Deputados federais - vale este (Foto: Arte/G1)


Na sessão desta terça (27), os ministros do TSE decidiram, por unanimidade, ratificar resolução de 2013 da própria Corte que havia alterado o tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados já para as eleições de outubro deste ano. A medida foi confirmada pelo tribunal mesmo após os congressistas terem aprovado, em novembro do ano passado, projeto de decreto legislativo que anulava a decisão anterior do TSE.

Com isso, a bancada de oito unidades da federação diminuirá, e a de outras cinco irá aumentar (veja todas as mudanças no quadro ao lado).

Para reverter a posição do TSE, a Câmara vai protocolar no Supremo uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contestando a Lei Complementar 78/1993, que deu à Justiça eleitoral a prerrogativa de alterar o número de deputados. Para o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), essa lei é inconstitucional, pois caberia apenas ao Legislativo alterar o tamanho das bancadas por meio de outra lei complementar.

"A Câmara está optando por uma Adin e o Senado por outro instrumento. Isso dá dois caminhos para que o Supremo possa reconsiderar a decisão do TSE. O argumento é de que só poderia haver alteração de composição da Casa por lei complementar e não resolução do TSE. Entendemos que esse é um direito do Legislativo", disse.

Por sua vez, o Senado vai protocolar uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) com o objetivo de validar o decreto legislativo aprovado em novembro do ano passado pelo Congresso que anulou a decisão do TSE e manteve o número atual de deputados federais. A decisão foi tomada pela Mesa Diretora da Casa.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informou, após o término da reunião da Mesa, que receberá em seu gabinete o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, nesta quinta-feira (29), mas não explicou o motivo do encontro.

O TSE não tem competência para fixar o numero de deputados. Essa prerrogativa é exclusiva do Congresso [...] O que o TSE está fazendo, reiteradamente, é um bullying institucional"
 
Renan Calheiros,
presidente do Senado
 
Para Calheiros, a Justiça Eleitoral está "invadindo" uma competência do Parlamento. "O TSE não tem competência para fixar o numero de deputados. Essa prerrogativa é exclusiva do Congresso. E não me recordo, sinceramente, de nenhuma delegação nesse sentido. O que o TSE está fazendo, reiteradamente, é um bullying institucional", criticou Renan.

A decisão do colegiado teve apenas um voto contrário, o do primeiro-secretário Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O estado do senador, o Pará, é o maior beneficiado pela mudança nas regras e ganhará quatro deputados.


Decisão do TSE
 
Na sessão de julgamentos desta terça em que o TSE ratificou a posição da Corte de alterar o número de deputados, o presidente do tribunal, Dias Toffoli, argumentou que a Câmara e o Senado não podiam ter anulado a resolução por meio de um decreto legislativo. Segundo ele, apenas uma decisão do Supremo ou um projeto de lei complementar poderia ter derrubado a decisão anterior da Corte eleitoral. Todos os magistrados acompanharam a recomendação do presidente do tribunal.

“O Congresso só poderia revogar por meio de lei complementar, que exige na votação maioria qualificada. Proponho que a composição atual da Corte ratifique a posição do tribunal”, defendeu Toffoli.

O ministro defendeu que o TSE apenas cumpriu a lei ao alterar a composição das bancadas de deputados dos 13 estados.

"A Câmara sustou os efeitos da resolução tendo como justificativa para tal a suposta invasão da competência do Legislativo por parte desse tribunal. O que se fez foi apenas cumprir o estabelecido na lei complementar. Assim, somente uma nova lei complementar ou decisão jurisdicional que declarasse inconstitucional esse dispositivo poderia subtrair do TSE a competência que o Congresso lhe deu", afirmou durante a sessão.

Cálculo das bancadas

 
O novo cálculo do número de deputados federais de cada unidade da federação foi feito com base em dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A última alteração nas bancadas federais, que estabeleceu o total de 513 cadeiras na Câmara, havia ocorrido em 1993.

Pela resolução do TSE, os estados de Alagoas, Espírito Santo, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul perderão uma cadeira na Câmara dos Deputados. Já Paraíba e Piauí perderão dois deputados.

Por outro lado, Amazonas e Santa Catarina irão ganhar mais uma cadeira no parlamento. Ceará e Minas Gerais passarão a ter mais dois deputados. O Pará foi o maior beneficiado pela mudança nas regras: o estado do Norte irá aumentar sua representação de 17 para 21 deputados. O estado de São Paulo continuará com 70 cadeiras.

A decisão, conforme estabeleceu o TSE, terá impacto nas assembleias legislativas e na Câmara Legislativa do Distrito Federal, por conta da regra da proporcionalidade.


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