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Por Paulo Roberto Gotaç
O Ministro do Turismo, Sr. Vinícius Lage, em recente
entrevista à BBC-Brasil, sugere que o país está a sofrer as consequências de um
bombardeamento da mídia nacional e internacional, às vésperas da Copa do Mundo,
por ostentar, segundo ele, um quadro de "economia que cresce e
incomoda" no cenário internacional.
Trata-se de uma declaração que intriga qualquer cidadão
com capacidade mediana de observação, pois o índice de crescimento do PIB
está abaixo de pífios 2% há pelo menos dois períodos anuais consecutivos,
índice bem inferior até em relação a vizinhos latino-americanos.
É difícil, portanto, admitir que o crescimento por aqui
incomoda o mundo.
Seria mais lógico especular o contrário, que o mundo é
que incomoda o Brasil na medida em que, com a interdependência global que
prevalece na economia atual, uma deterioração econômica duradoura, num país com
a importância geopolítica do nosso, trará repercussões graves para o
sistema.
Logo adiante, na mesma entrevista, o Ministro destaca a
ampliação da infraestrutura turística nas últimas décadas, as petistas,
naturalmente, dado que contrasta com o constrangedor fato dando conta de
que o viajante brasileiro vem batendo recordes sobre recordes de gastos no
exterior .
Ao afirmar também que o governo investe consideravelmente
em setores básicos, esquece-se que o país está pessimamente classificado em
educação, com número desconfortável de analfabetos, e que a rede de
escoamento da produção é deficiente, o que prejudica a sua competitividade, ao
mesmo tempo que constrói portos em outras terras e perdoa misteriosas dívidas
com países cujo nome o cidadão mal conhece.
Por outro lado, poderá ser qualificado de bombardeamento
a divulgação do fato de que o número de homicídios no país tenha aumentado
consideravelmente nos últimos anos e o nível de segurança pública oferecida ao
cidadão está abaixo do aceitável?
Por tudo isso, são preocupantes sim os gastos e os
desdobramentos dessa copa oferecida à FIFA pelo Brasil num rompante de
populismo e oportunismo político.
Assim, recomenda-se ao Ministro e a outras autoridades
oficiais que venham a se manifestar, mais comedimento em suas análises e que se
abstenham de formular relativizações inúteis como, por exemplo, a lembrada na
entrevista, dando conta de que também ocorreram manifestações e repressões em
Londres.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
Postado por Jorge
Serrão às 10:11:00
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