quinta-feira, 29 de maio de 2014

Índios bloqueiam acesso a ministério em 3º dia de protestos em Brasília






Cerca de 400 pessoas também fecharam três faixas da via, diz PM.


Eles querem reunião com Cardozo para discutir demarcação de terras.



Do G1 DF



Indígenas ocupando uma das quatro entradas do Ministério da Justiça durante protesto contra mudanças na regra para demarcação de terras (Foto: Luiza Facchina/G1) 


Indígenas ocupando uma das quatro entradas do Ministério da Justiça durante protesto contra mudanças na regra para demarcação de terras

 
Tem uma proposta no Ministério da Justiça para alterar o procedimento de demarcação de terra. Essa proposta significa um obstáculo democrático."

Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
Indígenas de diversas etnias fecharam os quatro acessos ao Palácio da Justiça na manhã desta quinta-feira (29) em um novo protesto contra mudanças nas regras para demarcação de terras. O grupo chegou a tentar entrar no prédio e também bloqueou três faixas do Eixo Monumental. Apesar da reunião desta quarta com os presidentes da Câmara e do Senado, eles querem uma audiência com o ministro Eduardo Cardozo para discutir a situação.


De acordo com a Polícia Militar, havia 400 pessoas no local. Testemunhas afirmaram que os manifestantes apontaram seus arcos e flechas para policiais e servidores do prédio. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil nega hostilidade por parte do grupo.


“Tem uma proposta no Ministério da Justiça para alterar o procedimento de demarcação de terra. Essa proposta significa um obstáculo democrático", disse a entidade.


Os indígenas se espalharam ao redor do prédio, com faixas e cartazes e levaram uma lista das terras que querem ter como garantidas. Eles afirmaram que pretendiam ficar no local até ter uma resposta do ministro.


Indígenas ocupam entrada do Ministério da Justiça durante protesto contra mudança nas regras para demarcação de terras (Foto: Luiza Facchina/G1)Indígenas ocupam entrada do Ministério da Justiça durante protesto contra mudança nas regras para demarcação de terras 

 
Por volta de 10h40, uma assessora da pasta desceu para conversar com o grupo. Eles negociavam a possibilidade de receber os índios dentro do palácio. Homens da Força Nacional acompanharam o protesto.

 
Funcionário de outro ministério, Luiz Paulo Conde dos Santos Neto disse que presenciou o início da manifestação. “Eu estava dentro do ônibus, vindo trabalhar. Eles chegaram correndo, tentaram invadir o palácio. Um policial disse que não podiam fazer isso, mas eles insistiram e apontaram o arco e flecha para ele. Aí ele recuou”, conta.



Quilombolas ocupam faixas do Eixo Monumental em solidariedade ao protesto dos indígenas (Foto: Luiza Facchina/G1)Quilombolas ocupam faixas do Eixo Monumental em solidariedade ao protesto dos indígenas



Às 11h, quilombolas também se movimentaram para a frente do Palácio da Justiça, em solidariedade à manifestação dos indígenas. Eles afirmaram que pretendiam reforçar o protesto porque o projeto de lei que discute o assunto também fala da demarcação das terras deles.



Índio cruza lanças em frente ao cordão formado por PMs diante do Congresso Nacional, em Brasília (Foto: Vianey Bentes/TV Globo) 
Índio cruza lanças em frente ao cordão formado por
PMs diante do Congresso Nacional, em Brasília


Nesta terça, uma comissão de indígenas foi recebida pelos presidentes da Câmara Federal, Henrique Alves, e do Senado, Renan Calheiros. Eles discutiram questões relacionadas à PEC 215, que transfere para o Legislativo a decisão de homologar terras indígenas e esvazia o poder da Funai, atual responsável por elaborar estudos de demarcação.


“O deputado Henrique Alves assumiu um compromisso de não aprovar a PEC 215 enquanto não houver consenso dentro desta casa. Nós fizemos questão dele reafirmar que deve haver consenso e não maioria. Como a maioria desta casa é ruralista, não se corre o risco deles pautarem. Enquanto não houver consenso, não haverá PEC 215”, disse a líder indígena Sônia.

Já na terça, o grupo participou de dois atos: no primeiro, pela manhã, chegaram a subir na marquise do Congresso Nacional; no segundo, se juntaram a familiares do auxiliar de serviços gerais Antônio de Araújo, sumido há um ano após abordagem policial, e a movimentos sociais que questionam os gastos com a Copa do Mundo em uma manifestação nos arredores do Estádio Nacional.



Imagem capta momento em que flecha atirada por indígena atinge perna de policial durante protesto em Brasília (Foto: Reprodução/TV Globo)Imagem capta momento em que flecha atirada por indígena atinge perna de policial durante protesto em Brasília 

Um indígena acabou atingindo com uma flecha um cabo da cavalaria. Ele não foi detido, de acordo com a PM. O policial, que participava de uma linha de contenção para evitar que o grupo chegasse à Taça da Copa do Mundo, exposta no estacionamento da arena, sofreu um corte próximo à virilha.

Durante o confronto, o Batalhão de Choque chegou a lançar gás lacrimogêneo contra os manifestantes. "A gente não se assustou muito com a polícia ontem. Nós vivemos isso no dia a dia dos nosso estados", disse Cláudio Carmona da etnia guarani.


 

Nenhum comentário: