quinta-feira, 22 de maio de 2014

Dilma insinua que Aécio cortaria o ‘Minha Casa’


Josias de Souza


Dilma Rousseff participou na noite desta quarta-feira (21) da solenidade de abertura do 86º Encontro Nacional da Indústria da Construção, em Goiânia. 


Ao discursar, falou de uma das principais peças de sua propaganda reeleitoral: o programa Minha Casa, Minha Vida. A certa altura, insinuou que o presidenciável do PSDB, Aécio Neves, trama cortar os subsídios que permitem ao governo construir casas populares em grande escala.

Sem citar o nome do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso, Dilma afirmou que, “no Brasil de antes”, os subsídios eram encarados “como uma distorção indefensável para o mercado”. Em seguida, realçou que o Minha Casa, Minha Vida não seria possível sem a aplicação maciça de dinheiro do Tesouro, usado para compensar a diferença entre o valor das casas e a renda da clientela pobre. Foi nesse ponto que a presidente alvejou seu antagonista com a insinuação capciosa.

“Esse é o programa em que o governo gasta os maiores valores de subsídios”, disse Dilma, antes de espetar: “Todos aqueles que pretenderem fazer arranjos ou tomar decisões impopulares, vocês podem ter certeza que algumas delas era [sic] cortar uma parte dos subsídios do Minha Casa, Minha Vida. Eu tenho compromisso com esse subsídio, porque eu acredito que foi isso que permite [sic] que esse programa rode tão bem.”

O uso da expressão “decisões impopulares” não deixa dúvidas quanto ao alvo de Dilma. Nos últimos meses, Aécio vem declarando que, eleito, adotará as medidas que julga necessárias para repor a economia do país nos trilhos. Diz que fará isso sem olhar para os índices de popularidade. Numa entrevista que concedeu ao blog, no início do mês passado, Aécio evocou o exemplo do avô, o ex-presidente Tancredo Neves. Ele morreu antes da posse. Mas deixou pronto o discurso inaugural. Lido pelo substituto José Sarney, o texto proclamava: “É proibido gastar.” O problema é que, diferentemente do que apregoa Dilma, Aécio não fala em podar despesas sociais

Por ironia, o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, amigo e correligionário de Aécio, estava na plateia que ouviu o pronunciamento de Dilma. Ela aproveitou para anunciar que fará, na quinta-feira (29) da semana que vem, o lançamento da terceira fase do Minha Casa, Minha Vida. Jactou-se dos resultados das duas primeiras fases. Estimou que, até o final do ano, estarão “contratadas” 2,750 milhões de casas.

Como de hábito, as declarações promocionais de Dilma foram veiculadas, no início da madrugada desta quinta (22), no blog do Planalto. Ali, além de propalar a suposta demofobia do tucanato, a presidenta do autoproclamado “governo democrático e popular” aparece fazendo pose de detentora do monopólio da defesa dos mais pobres perante a plateia de empresários reunidos em Goiânia.

“Para o meu governo é simples, nós vamos garantir a continuidade do Minha Casa, Minha Vida, um programa que foi executado com absoluta prioridade, que eu tenho a honra de ter participado do nascimento e que, agora, nós todos acumulamos, juntamente com os senhores, uma grande experiência. Além de capacidade de realização e a decisão cada vez mais fortalecida na clareza da nossa vontade política de construir o Minha Casa Minha Vida 3.”

O discurso de Dilma ecoa a propaganda do medo, que o PT levou ao ar no início da semana. Na peça, criticada por Aécio e pelo presidenciável do PSB, Eduardo Campos, o petismo menciona “os fantasmas do passado” para instilar entre os beneficiários de programas como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida o pânico da perda de vantagens sociais em caso de derrota de Dilma na sucessão de 2014. 

Numa decisão liminar (provisória) a ministra Laurita Vaz, do TSE, suspendeu a veiculação do comercial. Fez isso a pedido do PSDB. O PT recorreu. O plenário da Corte Eleitoral, composto de sete ministros, dará a palavra final. Não há data para o julgamento.

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