Publicado: 22 de maio de 2014 às 7:48 -Diario do Poder
Greve se faz basicamente para
reivindicar melhores salários e condições de trabalho. De preferência,
contra o patrão. Admite-se, também, a greve política, quando as
instituições se encontram em frangalhos.
Agora, de greve para exigir a formação de um banco de
dados unificado ou para a criação de uma carteira de identidade única,
como fizeram a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária e as Polícias Civis
de 14 estados, ontem, nunca se ouviu falar. Além de greves, depredações
também estão acontecendo por motivos fúteis. Em Guarulhos invadiram uma
loja de fogos de artifício, soltaram foguetes para todo lado, em
especial sobre a polícia, e depois informaram estar protestando porque a
prefeitura local não implantou um jardim, como prometera.
Não há que espantar, assim, diante de greves e
manifestações variadas em protesto contra a realização da copa do mundo.
Como se fosse possível desmontar as estruturas materiais e morais
erigidas. Somos o país dos exageros. Atuam, mais do que justos, os
movimentos dos sem-terra, dos sem-teto, dos sem-emprego, dos
sem-hospital e outros, mas do jeito que as coisas vão logo assistiremos
desfilarem os sem-lancha, os sem-jatinho e as sem-diamantes.
Numa espécie de febre tropical a sociedade dedica-se a
demonstrar que pode substituir as instituições vigentes, agindo para
fazer o que elas não fazem, quando não impondo justiça pelas próprias
mãos. Ainda mais aproveitando-se de um momento de fragilidade do governo
por conta da copa do mundo.
Tudo o que Dilma não quer é ver prejudicado
o certame. Por isso, das mais diversas corporações surgem as ameaças de
paralisação de serviços. Inclusive aqueles que a ética e o bom senso
proíbem, como no caso das polícias. É chantagem, claro, ainda que poucas
categorias venham mesmo a cumprir o que anunciam. Pretendem, antes,
tirar os melhores proveitos da pressão, levando o poder público a
atendê-las por medo de cumprirem sua palavra.
Pode ser que, terminada a copa do mundo, o governo se
disponha a passar da defesa ao ataque, enquadrando com a lei quantos se
acham proibidos de paralisar suas atividades. E deixando de atender
reivindicações absurdas.
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