Recentemente Blairo Maggi (ao centro), também conhecido como Rei da
Soja, foi à Cuba junto com Lula, ensinar os cubanos a lavar, quer dizer,
plantar o cereal.
A Polícia Federal afirma que o principal operador do esquema
de lavagem de dinheiro que abasteceu campanhas eleitorais e pagou propina em
Mato Grosso agia a mando do senador Blairo Maggi (PR) e do governador Silva
Barbosa (PMDB). Eder Moraes, ex-secretário da Fazenda de Blairo, está preso em
Brasília, acusado de operar milionário esquema de lavagem de dinheiro por meio
de instituição financeira clandestina. Maggi governou Mato Grosso até 2010, quando renunciou para
disputar o Senado. Silval, que era o vice, assumiu e foi reeleito naquele ano.
A conclusão da PF tem base, entre outros documentos, em
delação premiada feita por um dos principais integrantes do esquema, o
empresário Gércio Marcelino Mendonça Filho, que entre 2005 e 2013 concedeu
empréstimos em Mato Grosso por meio de uma empresa de factoring e de sua rede
de postos de combustíveis, que funcionavam como instituições financeiras
clandestinas, conforme o Ministério Público.Ele decidiu fazer a delação após ser envolvido nas
investigações da Operação Ararath, que nesta terça-feira, 2o, teve a quinta
fase desencadeada, na qual foram presos Moraes e o deputado estadual José Riva
(PSD).
Mendonça disse aos investigadores que, nas eleições de 2008
e 2010, fez empréstimos a Silval que seriam, segundo relato do governador ao
delator, “para fins de campanha eleitoral”. Ele revelou que, em 2008, emprestou R$ 4 milhões para o
governador, a pedido do próprio. “Silval Barbosa relatou ao depoente que o
empréstimo era para ser utilizado para as eleições municipais daquele ano para
fundos do PMDB”, diz a PF. “Silval afirmou que o governador Blairo Maggi tinha
conhecimento de que tomaria dinheiro emprestado em alguma factoring”.
Em 2010, segundo Mendonça, Silval o chamou em seu
apartamento e lhe pediu R$ 7 milhões, dos quais R$ 4 milhões foram emprestados,
a juros de 3% ao ano. Além disso, ele afirmou ter gasto mais R$ 300 mil para
pagar pesquisas eleitorais encomendadas por Barbosa e R$ 150 mil para gastos da
convenção do PMDB como ônibus, comida e água. O Estado não encontrou registros
oficiais desses empréstimos como doações para as campanhas.
No caso de Blairo Maggi, as revelações do delator, somadas a
documentos obtidos em operações de busca e apreensão, levaram o Ministério
Público a concluir que há indicativos de que, em 2009, quando era governador,
ele pegou ao menos dois empréstimos em um banco, dissimulando sua condição de
tomador. Esses empréstimos estariam relacionados a empresas de
Mendonça. Segundo a Procuradoria, Maggi “obteve” do empresário R$ 4 milhões em
favor de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. O conselheiro
receberia a quantia para deixar o TCE e abrir a vaga para um aliado do governo. (Estadão)
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