quinta-feira, 22 de maio de 2014

PF vê indício de 'organização criminosa no seio' da Petrobras





Documento foi enviado por delegado da PF a juiz do Paraná em abril.


PF abriu ao menos três inquéritos para apurar denúncias contra estatal.

 Filipe Matoso Do G1, em Brasília


 

Ofício enviado pelo delegado da Polícia Federal Cairo Costa Duarte, da Divisão de Repressão a Crimes Financeiros, ao juiz federal do Paraná Sérgio Fernando Moro, responsável pelo processo da operação Lava Jato, afirma que a PF apura a existência de uma "organização criminosa no seio" da Petrobras.

Duarte relaciona a operação Lava Jato, que investigou suposto esquema de lavagem de dinheiro, com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, a US$ 1,2 bilhão. A PF apura indícios de recebimento de propina pelo ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa no suposto equema e o aponta como ex-representante da estatal no Comitê Interno da Refinaria de Pasadena.


A Polícia Federal abriu ao menos três inquéritos para apurar denúncias contra a estatal – a compra da refinaria de Pasadena, em 2006, suspeitas de que funcionários da Petrobras teriam recebido propina de uma empresa holandesa durante assinatura de contratos e a venda da refinaria de San Lorenzo (Argentina), em 2010.

A compra da refinaria de Pasadena e outras questões que envolvem a Petrobras, como a construção da refinaria de Abreu e Lima, no Porto de Suape, em Pernambuco, são investigadas por uma Comissão Parlamentar  de Inquérito (CPI) no Senado.

"Apura-se a possível existência de uma organização criminosa no seio da Empresa Petrobras que atuaria desviando recursos com consequente remessa de valores ao exterior e retorno de numerário via empresas off shore", diz o delegado no ofício.

No ofício, de 22 de abril, o delegado havia pedido que os documentos fossem compartilhados com os responsáveis pela apuração da compra da refinaria de Pasadena. Duarte diz ao juiz federal que o compartilhamento dos dados seria "de grande valia" e que a medida se faz necessária.

O delegado Duarte diz ainda que, "em linhas gerais", possíveis valores teriam sido enviados ou mantidos no exterior sem declaração a órgãos competentes na negociação que envolveu a compra da refinaria de Pasadena.

"Como é de conhecimento público, a citada refinaria teria sido comprada por valores vultuosos, em dissonância com o mercado internacional, o que reforça a possibilidade de desvio de parte dos recursos para pagamentos de ‘propinas’ e abastecimento financeiro de grupos criminosos envolvidos no ramo petroleiro", diz o delegado.

Na última segunda-feira (19), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki determinou à Justiça Federal do Paraná o envio de todos os inquéritos relativos à operçaão Lava Jato ao STF, em razão de as investigações apontarem ligação entre o doleiro Alberto Youssef, suspeito de chefiar o suposto esquema de lavagem de dinheiro, e os deputados André Vargas (sem partido-PR), Luiz Argôlo (SDD-BA) e Cândido Vaccarezza (PT

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