Carvalho condena paralisação de ônibus em SP e
movimentos que usam Copa para protestar
Ministro diz que greve dos motoristas de ônibus de
São Paulo foi lamentável
O
ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho,
condenou nesta quarta-feira movimentos sociais e de classe que aproveitam a
proximidade da Copa do Mundo para fazer protestos e paralisações que
prejudiquem a população. Ele classificou como lamentável a greve que os
motoristas de ônibus de São Paulo deflagraram ontem. A paralisação foi mantida
na manhã desta quarta, com trechos de avenidas importantes da cidade sendo
bloqueadas. O ministro acumula o papel de interlocutor entre o governo e os
movimentos sociais. — É
natural que as categorias profissionais, que as populações que querem
habitação, querem protestar contra alguma coisa aproveitem essa oportunidade de
visibilidade para se manifestar. Estão ocorrendo muito nesses dias, é real.
Lamentável o que ocorreu em São Paulo ontem: uma greve imprevista, não
anunciada, é uma irresponsabilidade, eu diria, para com o cidadão — disse o
ministro ao programa "Bom Dia, Ministro", da Empresa Brasil de
Comunicação (EBC).
Ele
acredita que os protesto vão diminuir à medida que a Copa se aproxime. — O que
nós estamos esperando é que haja o bom senso. À medida que vá chegando a Copa,
esses protestos se reduzam e que as pessoas saibam que elas não podem punir a
população em busca de um objetivo setorial. Fazer esse aproveitamento de
oportunidade é uma coisa perigosa e pode se voltar contra a população — afirmou
Carvalho.
Na mesma
linha do ministro, o secretário municipal de Transportes de São Paulo, Jilmar
Tatto, classificou a greve de rodoviários como “sabotagem”.
Obras de
mobilidade prontas não são essenciais, diz Carvalho
O
ministro defendeu ainda os investimentos e o legado da Copa, dizendo que os
estádios não vão virar elefantes brancos. Afirmou também que não há problema se
as obras de mobilidade urbana não forem concluídas antes do torneio. — Cada
cidade do Brasil ganhou algum tipo de mobilidade urbana fundamental para o
transporte coletivo. Se as obras não ficarem prontas na Copa, para nós não é o
essencial, porque para nós são para o povo brasileiro. Aproveitamos a
oportunidade da Copa para fazer essas obras. Antecipamos recursos para fazer
essas obras e elas serão entregues ainda este ano para toda a população — disse
o ministro.
Gilberto
Carvalho voltou a rebater as acusações de que a Copa representou desperdício de
dinheiro público. — Não é
verdade que gastamos dinheiro público na Copa em detrimento da educação, da
saúde. Os estádios todos custaram R$ 8 bilhões. Nós, nesses mesmos quatro anos
em que foram construídos os estádios, gastamos R$ 800 bilhões, 100 vezes mais,
em saúde e educação. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Desses R$ 8
bilhões, apenas R$ 4 bilhões são financiamento do BNDES. Não tem um tostão do
orçamento público. Fizemos sim isenções fiscais para os investimentos, mas em
quaisquer investimentos se faz isso — afirmou Carvalho.
Ministro
defendeu isolamento de grupos radicais
Na
semana
passada, Gilberto Carvalho chegou a afirmar que as manifestações de rua
não assustaram o governo. Para ele, o isolamento político dos grupos
mais radicais,
como os ‘black blocs’, é necessário para minimizar os atos de violência. Ele
defendeu ainda que o governo não apoiaria nenhuma lei nova para conter
manifestações durante a competição, e que a lesgilação atual l dá conta de
punir eventuais abusos.
Já na
última segunda-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo contradisse
declarações anteriores de Carvalho e disse que o governo vai dar contribuições
ao projeto em tramitação no Congresso relatado pelo senador Pedro Taques
(PDT-MT), que trata de crimes cometidos durante manifestações públicas.
Para
Gilberto, a culpa do mau humor que se formou pela Copa é da imprensa
Gilberto
Carvalho culpou a imprensa pelo mau humor que se formou na sociedade com
relação à Copa do Mundo. Ele afirmou que os meios de comunicação de massa
sonegaram e deformaram informações sobre a verdadeira função das obras que o
governo está fazendo para o mundial, que segundo ele é gerar melhorias para a
sociedade, e focaram nas críticas aos altos custos dos estádios. — O
problema não é se ter uma imprensa que critica o governo. Isso é ótimo. É
necessário. O problema é o que eu chamaria de sonegação da informação. Se você
pegar a Copa do Mundo, por exemplo, esse mau humor que se formou em torno da
Copa do Mundo, essa má vontade, essa nuvem cinzenta que se formou pelo país tá
fundada numa desinformação profunda e numa deformação profunda das informações
— discursou o ministro durante um bate-papo virtual, por meio de
videoconferência, com blogueiros sobre participação social.
Nos
últimos meses, ele tem percorrido as 12 cidades-sede da Copa e promovendo
debates com os movimentos sociais para informar sobre os gastos que o governo
fez, em sua maior parte na infraestrutura local. Na última sexta, o governo
lançou um vídeo institucional mostrando dados dos investimentos feitos em saúde
e educação no mesmo período em que começaram as obras da Copa, numa tentativa
de conter as críticas de que com todos os problemas que o país enfrenta,
bilhões vêm sendo gastos na maior festa do futebol.
Cardozo contradiz Carvalho e diz que legislação
precisa mudar para
Apesar de
se opor a declarações do Secretário-Geral da Presidência, ele nega divergências
e afirma que país está preparado para a competição
No
discurso, eles tentam fazer parecer que não há divergências. Mas na prática, os
ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral
da Presidência da República) vêm dando declarações opostas em relação a
projetos de lei que tratem de crimes cometidos durante manifestações públicas.
Nesta segunda-feira, Cardozo voltou a dizer que o governo vai dar contribuições
ao projeto em tramitação no Congresso relatado pelo senador Pedro Taques
(PDT-MT). Na semana passada, Carvalho disse que o governo não apoiaria nenhuma
nova lei e que a legislação atual dá conta de punir eventuais abusos.
O projeto
de Taques aumenta as penas para crimes cometidos durante manifestações. Ele
também está preparando outro texto para incluir pontos como abuso policial e a
necessidade de os manifestantes avisarem as autoridades de que haverá um
protesto, informando o trajeto e os horários. - Temos
desde a necessidade de colocarmos no projeto regras que definam a
proporcionalidade da ação policial até situações de aperfeiçoamento na nossa
legislação. Por exemplo o crime de dano hoje decorre de uma representação da
parte atingida. Nós achamos que tem que ser ação penal pública, ou seja, que
independentemente da pessoa movimentar a máquina punitiva do estado, automaticamente
as polícias possam investigar e o Judiciário punir - afirmou Cardozo nesta
segunda.
Carvalho
disse na última quinta-feira que a presidente Dilma Rousseff resolveu fazer
consultas a vários setores da sociedade e concluiu que não são necessárias alterações
na lei. - (Dilma)
Chegou à conclusão de que não era adequado, não era prudente fazer neste
momento uma nova lei porque soaria como uma tentativa de criminalização, de
punição das manifestações. E a presidenta também se convenceu que nós temos o
aparato legal que nos permite enfrentar as manifestações, os eventuais, raros,
espero, casos de violência - disse Carvalho.
As
contradições entre os dois foram minimizadas por Cardozo nesta segunda. - Gilberto Carvalho falou que o governo não apoiaria) Nenhum daqueles projetos
puros que estão colocados lá (no Congresso). Estamos trabalhando para ver se
conformamos o projeto de acordo com o que achamos adequado - justificou
Cardozo.
Questionado
se é possível votar o projeto, que está no início de sua tramitação no
Congresso, antes da Copa do Mundo, que começa em 12 de junho, Cardozo
respondeu: - Se
houver entendimento e consenso, acho que sim.
Cardozo
participou nesta segunda-feira da abertura do Encontro Nacional para Chefes de
Organismos de Inteligência (Enchoi), que também contou com a presença de 14
integrantes dos órgãos de inteligência federais - Polícia Federal (PF), Agência
Brasileira de Inteligência (Abin), Departamento Penitenciário Federal (Depen) e
Força Nacional - além de 81 representantes dos organismos de inteligência de
segurança pública dos estados.
Segundo o Ministério da Justiça, o objetivo do
encontro é integrar as inteligências de todo o país, apresentar a edição
revisada da Doutrina Nacional de Inteligência de Segurança Pública (DNISP) e promover
debates com foco nos grandes eventos. A integração, afirmou o ministro, será um
dos grande legados da Copa para a área de segurança pública. - Não é
só equipamentos, é método, é integração. A Copa do Mundo deixa um grande
legado. Depois da Copa do Mundo, a segurança não será a mesma. Nem todos os
problemas serão resolvidos, mas estamos criando a cultura da integração -
afirmou Cardozo.
Ele
afirmou ainda que as Forças Armadas estarão preparadas para agir caso
necessário. Para que isso ocorra, o governador precisa pedir e a presidente
Dilma Rousseff autorizar o seu emprego. - Vamos
ter tropas de contingência colocadas nas Forças Armadas em todas as
cidades-sede nos locais que estrategicamente forem vulneráveis - afirmou o
ministro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário