sexta-feira, 20 de junho de 2014

A Globo e o Brasil. Mudança de postura? REVISTA SOCIEDADE MILITAR


 
   Uma reportagem da semana passada (07/06/2014) da Revista The Economist alerta para o perigo de se ter uma empresa das dimensões da Rede Globo de Televisão. Segundo a revista, a grande rede de TV tem todos os dias uma audiência de mais de 50% da população brasileira. 


Quando a GLOBO publicou ha alguns meses uma nota de repúdio ao Golpe Militar de 1964 certamente o fez sabendo que, ao pedir desculpas pelo apoio que a rede de TV deu aos militares, estaria manipulando as mentes de milhões de brasileiros para acreditar que políticos como Dilma Roussef e José Genoino realmente lutavam por democracia. Com essa atitude demonstrou irestrito apoio à Presidente Dilma e à Comissão da "Verdade" por ela instituida.


   Nada na Globo acontece por acaso. A rede, com o poderio que tem, é capaz de moldar opiniões, manipular grandes grupos e levantar ou derrubar qualquer político brasileiro ao simplesmente citar ou omitir seu nome.

  O concorrente mais poderoso da rede Globo é a TV Record, tem uma quota de audiência de apenas cerca de 13%. A rede de transmissão mais popular da América, CBS, tem uma mera quota de 12% de público durante o horário nobre, e seus principais concorrentes têm em torno de 8%. A Globo tem em média 60% no horário nobre. Isso é algo incrível, ao mesmo tempo que perigoso. É muito poder nas mãos de uma só empresa.Mais de 6 bilhões de dólares, foi o montante faturado pela drede GLOBO DE TELEVISÃO em 2013.

   No Brasil de hoje há dois grandes empresários da publicidade, Globo e Google. E há grande tendência de que o segundo cresça cada vez mais, em detrimento do primeiro. A grande rede de TV vai fazer de tudo para não perder o espaço que já possui.  

   Essa semana a esquerda caiu de pau em cima dos telejornais globais, para eles a rede de TV não deveria ter mostrado a vaia e xingamentos contra a Presidente Dilma Roussef. 


Nessa quarta-feira Gilberto Carvalho passou horas com membros do governo, blogueiros e jornalistas da esquerda, para tentar articular uma reação visando a aprovação do decreto polêmico de Dilma. 


Durante a reunião surgiram várias cobranças sobre redistribuição de verbas publicitárias e regulação da mídia. Houveram também sugestões para que o governo use a rede de TV estatal (rede Brasil) para defender seu decreto de implantação de conselhos populares.


   A rede GLOBO não mostrou a vaia por acaso, a empresa tem sido fortemente atacada nas redes sociais, acusada de proteger o governo atual em seus telejornais. Nas manifestações do ano passado repórteres e agências da Globo foram atacados pela população. Talvez a aparente mudança de postura, e ampla transmissão da vaia, tenha sido parte  de um plano, uma tentativa de fazer as pazes com a sociedade de direita, que defende o que os militares fizeram em 1964 na mesma proporção em que se opõe à Dilma Roussef. 


   Veja a Capa do G1 dessa quarta (18/06/2014), pode-se observar logo de cara três críticas: "governo é corrupto", "pacote de bondades" e excesso de ministérios. Reportagem do fantástico da semana passada sobre a compra de votos e corrupção também irritou bastante os politicos brasileiros, o governo tem maioria no Congresso e qualquer crítica contra os parlamentares prejudica diretamente o PT. 


A Globo finalmente teve coragem de tocar numa ferida que ja tocamos aqui diversas vezes, lembrou que os três maiores doadores de campanhas no Brasil são empreiteiras.


Trecho da reportagem, sobre o dinheiro usado nas campanhas: ... Assessor: Ele entra no mandato endividado. Ele precisa do dinheiro. / Fantástico: Mas como ele faz para pegar esse dinheiro e jogar na mão do agiota sem ser notada a falta do dinheiro no cofre? / Assessor: Existem várias maneiras de fazer isso.


Segundo o assessor, um dos alvos é o dinheiro para a educação. Assessor: O cara saca o dinheiro e entrega para ele. Normal.
Fantástico: Mas não teria que sacar e comprovar onde gastou?
Assessor: Para quem? Fantástico: Para a Câmara dos Vereadores.
Assessor: Como assim, se os vereadores são cúmplices?
Fantástico: Ou, se for o governador, para a Assembleia Legislativa.
Assessor: Que também é cúmplice.
Fantástico: Mas tem o Tribunal de Contas do Estado.
Assessor: Que também é cúmplice.
Fantástico: O senhor quer dizer que todos são envolvidos?
Assessor: Cúmplices. Todos são. É uma máfia.
  Voltando.  A grande rede de TV não quer em hipótese alguma perder a audiência das classes com maior poder aquisitivo, justamente as que mais repudiam o governo atual. Porém, está entre a cruz e a espada. Após o episódio da vaia, a esquerda passa a mencionar, quase em tom de ameaça, que na Argentina o governo esta reduzindo o grupo Clárin para o máximo de 35% de audiência.
   

No Brasil o uso da internet tem aumentado muito, os brasileiros passaram em média, em abril de 2014, cerca de 12,5 horas por semana só nas redes sociais. Grande parte desses internautas está em busca de notícias sem nenhum tipo de manipulação. 

São pessoas que não confiam mais nos telejornais, eles associaram as grandes verbas de imprensa gastas pelo governo com as noticias que amenizam as falcatruas. Consultam varias fontes e querem chegar a própria conclusão, que quase sempre é diferente das formatadas por  comentaristas canhotos como Mirian Leitão e Rodrigo Pimentel, e isso significa mais uma ameaça concreta para o estamento Global. 


    O grande apoio que a jornalista Rachel Sheherazade recebeu da sociedade esclarecida do país também não pode passar despercebido. São vários dados que se somam na hora das tomadas de decisão.

   Concluir que a maior empresa de comunicação do país vai dar uma guinada para a direita seria ainda algo muito precipitado, mas é interessante que a sociedade esclarecida observe atentamente e influa como puder na postura não só da Globo, mas também na das outras grandes empresas de comunicação. Comentários em redes sociais, blogs de jornais online e qualquer outro lugar onde houver espaço são sim de suma importância. Não se deve ficar calado numa época como essa.


Robson A.D.Silva. Sociólogo, professor. --

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