No afã de negar a realidade, os petistas
alegam que a inflação é resultado de choques de oferta, principalmente
no setor de alimentos. Safras ruins seriam as responsáveis pela alta dos
preços, segundo esta ótica. Nada mais falso. A inflação brasileira,
produto de medidas deliberadas do governo, está espalhada em diversos
setores, principalmente nos de serviços.
O índice de difusão mede quantos itens estão em alta no total. Pois bem: um estudo do Ibre/FGV, publicado
na capa do caderno de Economia do GLOBO de hoje, mostra que 70% dos
serviços presentes no índice IPCA subiram mais do que o teto da elevada
meta nos últimos 12 meses. Desses, 42% subiram mais de 9%!
O acompanhamento dos serviços na última
década mostra uma mudança de patamar de preços. Há dez anos, 46% deles
tinham avanços maiores que 6,5%. Na época, 15,8% subiam acima de 9%.
Hoje, 19,6% têm alta inferior a 4,5%. Em maio de 2005, eram 28,5% nessa
faixa.
Estamos falando de uma inflação difusa,
cada vez mais espalhada e maior. Isso, nunca é demais lembrar, em um
cenário sem crescimento econômico. Ou seja, vários preços sobem quase
10% ao ano em uma economia que não consegue crescer nem 2%! O quadro já é
de estagflação.
O estímulo contínuo à demanda por parte
do governo levou a esse resultado, em uma economia com baixo
investimento e sem ganho de produtividade. O lado da oferta não foi
capaz de acompanhar a expansão artificial da demanda, calcada em crédito
público farto e gasto público crescente.
O governo segura os preços administrados
para conter o índice oficial de inflação, mas esses preços represados
são insustentáveis. A inflação não está, portanto, rodando a 6,3% como
mostra o índice oficial, e sim perto de 8% ao ano, ou mais. Isso
representa uma perda no poder de compra da moeda expressiva para a
classe média.
É este o maior desafio do PT nas
eleições. Não há como defender o indefensável. A inflação não é uma
mazela que caiu do céu, e sim um produto dos equívocos do governo, que
foram apontados desde o começo pelos economistas liberais.
O modelo desenvolvimentista, uma vez
mais, é um completo fracasso. Mas a equipe econômica discorda, e dá
sinais de que pretende insistir nos erros. Como diria o sarcástico
Roberto Campos, não corremos o menor risco de dar certo com um time
desses cuidando da nossa economia…
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