sexta-feira, 20 de junho de 2014

Inflação é de serviços, não de alimentos: 70% dos itens sobem mais do que o teto da meta






No afã de negar a realidade, os petistas alegam que a inflação é resultado de choques de oferta, principalmente no setor de alimentos. Safras ruins seriam as responsáveis pela alta dos preços, segundo esta ótica. Nada mais falso. A inflação brasileira, produto de medidas deliberadas do governo, está espalhada em diversos setores, principalmente nos de serviços.

O índice de difusão mede quantos itens estão em alta no total. Pois bem: um estudo do Ibre/FGV, publicado na capa do caderno de Economia do GLOBO de hoje, mostra que 70% dos serviços presentes no índice IPCA subiram mais do que o teto da elevada meta nos últimos 12 meses. Desses, 42% subiram mais de 9%!

O acompanhamento dos serviços na última década mostra uma mudança de patamar de preços. Há dez anos, 46% deles tinham avanços maiores que 6,5%. Na época, 15,8% subiam acima de 9%. Hoje, 19,6% têm alta inferior a 4,5%. Em maio de 2005, eram 28,5% nessa faixa.

Estamos falando de uma inflação difusa, cada vez mais espalhada e maior. Isso, nunca é demais lembrar, em um cenário sem crescimento econômico. Ou seja, vários preços sobem quase 10% ao ano em uma economia que não consegue crescer nem 2%! O quadro já é de estagflação.

O estímulo contínuo à demanda por parte do governo levou a esse resultado, em uma economia com baixo investimento e sem ganho de produtividade. O lado da oferta não foi capaz de acompanhar a expansão artificial da demanda, calcada em crédito público farto e gasto público crescente.

O governo segura os preços administrados para conter o índice oficial de inflação, mas esses preços represados são insustentáveis. A inflação não está, portanto, rodando a 6,3% como mostra o índice oficial, e sim perto de 8% ao ano, ou mais. Isso representa uma perda no poder de compra da moeda expressiva para a classe média.

É este o maior desafio do PT nas eleições. Não há como defender o indefensável. A inflação não é uma mazela que caiu do céu, e sim um produto dos equívocos do governo, que foram apontados desde o começo pelos economistas liberais.

O modelo desenvolvimentista, uma vez mais, é um completo fracasso. Mas a equipe econômica discorda, e dá sinais de que pretende insistir nos erros. Como diria o sarcástico Roberto Campos, não corremos o menor risco de dar certo com um time desses cuidando da nossa economia…

Rodrigo Constantino

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