Mais de mil pessoas
participaram de uma manifestação contra o método fracking para explorar
gás de xisto. Procedimento é considerado danoso ao meio ambiente
03/06/2014 | 20:07 | Luiz Carlos da Cruz, correspondente em Cascavel
Uma
manifestação na tarde desta terça-feira (3) levou uma multidão às ruas
de Toledo para protestar contra a exploração de gás de xisto na região
Oeste do Paraná. O ato teve apoio de várias entidades representativas
que consideram o método altamente danoso ao meio ambiente por usar
produtos químicos injetados no solo que provocam explosões de rochas
para liberar o gás. Há estudos que ligam esse tipo de procedimento a
abalos sísmicos.
A utilização do fracking, também conhecido como fraturamento hidráulico, foi autorizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) no ano passado por meio de um leilão. O consórcio vencedor é formado pela Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica), as empresas Petra, Bayar e Tucumann.
Falando em nome do consórcio, a Copel informou que arrematou quatro blocos na porção oriental da Bacia do Paraná e que o bloco 297, onde se localiza Toledo, corresponde a área arrematada pela Petrobras.
Em nota, a companhia afirmou ainda que “quanto ao uso do fracking para obtenção de gás não convencional, a Copel reafirma sua posição de não iniciar quaisquer estudos para sua aplicação nos blocos sob sua concessão sem o suficiente diálogo com todas as partes interessadas nestas atividades, ou sem que as consequências ambientais sejam exaustivamente avaliadas."
A Petrobras enviou aos organizadores da manifestação em Toledo um documento com mais de 50 páginas detalhando todos os procedimentos da extração de gás convencional e não convencional. O documento traz um parecer técnico do Ibama sobre os impactos ambientais dos procedimentos de extração pelo método fraturamento hidráulico e reconhece que há registros de abalos sísmicos que teriam sido provocados pelo método utilizado.
O Ibama recomendou ainda uma “discussão clara e abrangente por parte dos diversos segmentos da sociedade brasileira com relação a essa tecnologia.”
Para Tita Furlan, um dos organizadores do movimento, a manifestação alcançou o objetivo que era mostrar a indignação da população do Oeste do Paraná. “Que o Brasil inteiro se levante contra esse absurdo. Não permitiremos que nossas terras sejam exploradas pelo fraturamento hidráulico”, diz.
O italiano Nino Granata, que vive em Toledo há 12 anos, disse que em seu país houve exploração por meio de fraturamento hidráulico e as consequências foram desagradáveis, com a contaminação de lençóis de água. “Falaram que era uma coisa boa para a economia, para o país, mas no final a grande tecnologia foi um erro humano e quem pagou foi a população que foi abandonada pelo governo. Agora o povo é constrangido a gastar dinheiro para comprar água”, observa.
Campanha
José Marques, assistente da diretoria de desenvolvimento de negócios da Copel disse que a companhia pretende fazer uma campanha de esclarecimento para tirar as dúvidas da população. Ele enfatizou, no entanto, que o fracking ainda é apenas uma questão de estudo e que a companhia não adotará algo que não seja seguro caso os estudos indiquem que há riscos ao meio ambiente. “A Copel está focada em gás convencional, principalmente na região de Pitanga”, diz Marques.
O Ministério Público Federal (MPF), através da Procuradoria da República em Cascavel, ajuizou na semana passada uma ação civil pública com objetivo de suspender a licitação que autorizou a exploração de gás na região Oeste do Paraná.
Diferenças
Para o geólogo Vinicius Lorence, existem poucas pesquisas sobre o fracking no Brasil para provar se existe ou não real situação de perigo do método. Ele lembra que em países como os Estados Unidos e Canadá o fraturamento hidráulico foi utilizado sem grandes impactos ambientais, mas o exemplo de lá não pode ser aplicado ao Brasil. Cada região possui rochas diferenciadas e que necessitam de novos estudos. “Não se tem estudos e, portanto, não se pode afirmar nada”, diz.
Lorence detalha ainda que até em uma mesma região o solo pode apresentar diferenças. Ele explica que em Cascavel, para atingir o aquífero Guarani, um dos maiores lençóis de água subterrâneos do planeta, é necessário perfurar 1.800 metros. Em Toledo, distante apenas 45 quilômetros, a profundidade cai para 1.100 metros. “Varia de caso para caso e qualquer incursão nessa área é prematura sem estudos”, avalia.
Uma das preocupações da população do Oeste do Paraná é que a extração de gás não convencional contamine o aquífero.
A utilização do fracking, também conhecido como fraturamento hidráulico, foi autorizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) no ano passado por meio de um leilão. O consórcio vencedor é formado pela Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica), as empresas Petra, Bayar e Tucumann.
Falando em nome do consórcio, a Copel informou que arrematou quatro blocos na porção oriental da Bacia do Paraná e que o bloco 297, onde se localiza Toledo, corresponde a área arrematada pela Petrobras.
Em nota, a companhia afirmou ainda que “quanto ao uso do fracking para obtenção de gás não convencional, a Copel reafirma sua posição de não iniciar quaisquer estudos para sua aplicação nos blocos sob sua concessão sem o suficiente diálogo com todas as partes interessadas nestas atividades, ou sem que as consequências ambientais sejam exaustivamente avaliadas."
A Petrobras enviou aos organizadores da manifestação em Toledo um documento com mais de 50 páginas detalhando todos os procedimentos da extração de gás convencional e não convencional. O documento traz um parecer técnico do Ibama sobre os impactos ambientais dos procedimentos de extração pelo método fraturamento hidráulico e reconhece que há registros de abalos sísmicos que teriam sido provocados pelo método utilizado.
O Ibama recomendou ainda uma “discussão clara e abrangente por parte dos diversos segmentos da sociedade brasileira com relação a essa tecnologia.”
Para Tita Furlan, um dos organizadores do movimento, a manifestação alcançou o objetivo que era mostrar a indignação da população do Oeste do Paraná. “Que o Brasil inteiro se levante contra esse absurdo. Não permitiremos que nossas terras sejam exploradas pelo fraturamento hidráulico”, diz.
O italiano Nino Granata, que vive em Toledo há 12 anos, disse que em seu país houve exploração por meio de fraturamento hidráulico e as consequências foram desagradáveis, com a contaminação de lençóis de água. “Falaram que era uma coisa boa para a economia, para o país, mas no final a grande tecnologia foi um erro humano e quem pagou foi a população que foi abandonada pelo governo. Agora o povo é constrangido a gastar dinheiro para comprar água”, observa.
Campanha
José Marques, assistente da diretoria de desenvolvimento de negócios da Copel disse que a companhia pretende fazer uma campanha de esclarecimento para tirar as dúvidas da população. Ele enfatizou, no entanto, que o fracking ainda é apenas uma questão de estudo e que a companhia não adotará algo que não seja seguro caso os estudos indiquem que há riscos ao meio ambiente. “A Copel está focada em gás convencional, principalmente na região de Pitanga”, diz Marques.
O Ministério Público Federal (MPF), através da Procuradoria da República em Cascavel, ajuizou na semana passada uma ação civil pública com objetivo de suspender a licitação que autorizou a exploração de gás na região Oeste do Paraná.
Diferenças
Para o geólogo Vinicius Lorence, existem poucas pesquisas sobre o fracking no Brasil para provar se existe ou não real situação de perigo do método. Ele lembra que em países como os Estados Unidos e Canadá o fraturamento hidráulico foi utilizado sem grandes impactos ambientais, mas o exemplo de lá não pode ser aplicado ao Brasil. Cada região possui rochas diferenciadas e que necessitam de novos estudos. “Não se tem estudos e, portanto, não se pode afirmar nada”, diz.
Lorence detalha ainda que até em uma mesma região o solo pode apresentar diferenças. Ele explica que em Cascavel, para atingir o aquífero Guarani, um dos maiores lençóis de água subterrâneos do planeta, é necessário perfurar 1.800 metros. Em Toledo, distante apenas 45 quilômetros, a profundidade cai para 1.100 metros. “Varia de caso para caso e qualquer incursão nessa área é prematura sem estudos”, avalia.
Uma das preocupações da população do Oeste do Paraná é que a extração de gás não convencional contamine o aquífero.
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