quarta-feira, 4 de junho de 2014

São Paulo: Alckmin próximo de um acordo com Kassab.





O veto da ex-senadora Marina Silva à reaproximação do ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE) com os tucanos em São Paulo fez com que o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) se tornasse a principal opção do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para vice da sua chapa à reeleição. O ex-prefeito, antes desafeto do tucano, começou a negociar com intermediários de Alckmin e agora fala pessoalmente com o governador sobre os termos de uma aliança.

Na última sexta-feira (30), os dois debateram o assunto a sós por mais de uma hora no Palácio dos Bandeirantes. A pessoas próximas, ambos disseram não ter batido o martelo, mas confirmaram ter tratado da chapa e discutido, inclusive, o espaço que restaria ao PSB na composição.

Dois dias depois, Kassab esteve com o senador Aécio Neves (MG), candidato dos tucanos à Presidência. Reafirmou a disposição em fechar com Alckmin em São Paulo, mas disse que isso não significaria alinhamento nacional. Na corrida pelo Planalto, Kassab declarou apoio à reeleição de Dilma Rousseff (PT).

A maioria dos aliados de Campos que defende o acerto com Alckmin é do PSB de São Paulo, chefiado pelo deputado Márcio França. Até a entrada de Marina na chapa presidencial, França, que foi secretário de Alckmin, era o mais cotado para ser o vice do governador tucano.

A ex-senadora condena um acerto com o PSDB. Seu veto levou Campos a interromper as conversas com Alckmin, em janeiro. Há dez dias, porém, Campos retomou os contatos. A reaproximação levou a ex-senadora a subir o tom. Ela disse a aliados que boicotará a campanha paulista se houver acerto entre os dois.

Segundo cinco interlocutores, Marina foi taxativa ao dizer que não estará no mesmo palanque que um representante da chapa de Alckmin. Os entraves que ela vem impondo a esse acordo fizeram de Kassab a principal opção de vice para o tucano.

"Não há como justificar uma coligação com o PSDB, principalmente no maior colégio eleitoral do país. A Rede defende candidatura própria e isso era pré-requisito quando Eduardo e Marina conversaram em outubro", disse João Paulo Capobianco, articulador ligado a Marina.

Numa tentativa de reagir à pressão da ex-senadora, França decidiu discutir a possibilidade de apoiar Alckmin numa reunião da executiva do partido na sexta. Será uma discussão ampliada, com deputados e prefeitos, plateia majoritariamente alckmista.

O assunto tornou-se muito delicado para Campos. Na segunda-feira (2), após participar de evento em São Paulo, ele afirmou que o debate interno é "natural", mas ressaltou que "nunca fez uma intervenção" em um diretório, o que indica que poderá acatar decisão pró-Alckmin. Nesse cenário, os aliados de Marina afirmam que ela e os integrantes de seu grupo político vão declarar independência e apoiar outro candidato, do PV ou do PSOL.

A ala que defende a aliança com Alckmin já admite que perdeu espaço para Kassab e sinaliza que estaria disposta a fazer um acordo com o nome de França para o Senado. "Marina não vai aparecer. [A aliança] Significaria dizer que, em São Paulo, estar com Alckmin é mais valioso que estar com Marina", disse Walter Feldman, ligado a Marina. (Folha de São Paulo)

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