quarta-feira, 4 de junho de 2014

Lula culpa "péssimo humor dos empresários" pelo pibinho de 0,2%. Vazamentos das reuniões com Dilma mostram que ele retomou o cargo.


Após se reunir com Dilma Rousseff em Belo Horizonte, na sexta-feira (30), o ex-presidente Lula fez o seguinte diagnóstico a interlocutores: foi o "péssimo humor empresarial" que derrubou o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre. O crescimento de 0,2%, divulgado pelo IBGE no mesmo dia, é o pior desde o terceiro trimestre de 2013, indicando desaceleração da economia.

A conversa entre Lula e Dilma, num hotel da capital mineira, durou 40 minutos. Os dois analisaram os números do PIB divulgados pelo IBGE e avaliaram que o governo precisa adotar medidas para destravar os investimentos.

Para o petista, a presidente tem se esforçado para recompor pontes com o empresariado, mas precisa fazer mais. "A avaliação é que dá tempo de reverter, não totalmente, mas o suficiente para quebrar esse aparente consenso contra ela", diz um interlocutor de Lula. Para auxiliares da presidente, a rejeição só aumentará "sem uma sinalização de que o jogo será diferente a partir de 2015''. Entre os conselheiros de Lula, a inflação é apontada como um dos principais problemas do momento da economia.

Lula e Dilma voltaram a se encontrar na segunda-feira (2), para participar de reunião de coordenação da campanha presidencial no Palácio da Alvorada. No encontro, o petista e os demais integrantes da cúpula petista afirmaram ser impossível vender o paraíso quando a economia mundial não vai bem --principalmente os Estados Unidos, que estão numa recuperação bem mais lenta do que o previsto.

O ex-presidente também alertou sua candidata à reeleição para não cair na armadilha de discutir "crescimento" com os adversários, críticos da baixa evolução do PIB nos últimos anos. Segundo a Folha apurou, a avaliação feita na reunião no Palácio da Alvorada é que a desaceleração é um fenômeno mundial, não ocorre só no Brasil.

Também estavam no Alvorada o presidente do PT, Rui Falcão, o ex-ministro Franklin Martins, o marqueteiro João Santana, o ex-chefe de gabinete de Dilma Giles Azevedo, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), o tesoureiro da pré-campanha, Edinho Silva, e o ministro Paulo Bernardo (Comunicações).

DISCREPÂNCIAS

Lula cobrou diagnósticos mais precisos de conjuntura, reclamando das discrepâncias de avaliações no grupo. Enquanto uns exibem mais otimismo, caso de Mercadante, outros projetam cenários eleitorais mais pragmáticos. Para o ex-presidente, não adianta ficar "dourando a pílula", com alguns achando que tudo vai muito bem enquanto outros avaliam que vai muito mal. Para ele, o governo não está nem num lugar nem no outro.

Seguindo os conselhos de Lula, Dilma intensificou seus contatos com empresários. Reuniu-se recentemente por duas vezes com empresários da indústria e jantou com representantes do agronegócio. Na quinta-feira (5), vai participar da reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, grupo que reúne empresários e trabalhadores para discutir o cenário econômico do país.

O governo prepara ainda reunião com o setor sucroalcooleiro, em crise com a perda de competitividade do etanol em relação à gasolina, por causa da política de retenção de preços. Está em análise o aumento do percentual de etanol na gasolina. (Folha de São Paulo)
 

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