Após se reunir com Dilma Rousseff
em Belo Horizonte, na sexta-feira (30), o ex-presidente Lula fez o seguinte
diagnóstico a interlocutores: foi o "péssimo humor empresarial" que
derrubou o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre. O crescimento de
0,2%, divulgado pelo IBGE no mesmo dia, é o pior desde o terceiro trimestre de
2013, indicando desaceleração da economia.
A conversa entre Lula e Dilma,
num hotel da capital mineira, durou 40 minutos. Os dois analisaram os números
do PIB divulgados pelo IBGE e avaliaram que o governo precisa adotar medidas
para destravar os investimentos.
Para o petista, a presidente tem
se esforçado para recompor pontes com o empresariado, mas precisa fazer mais.
"A avaliação é que dá tempo de reverter, não totalmente, mas o suficiente
para quebrar esse aparente consenso contra ela", diz um interlocutor de
Lula. Para auxiliares da presidente, a rejeição só aumentará "sem uma
sinalização de que o jogo será diferente a partir de 2015''. Entre os
conselheiros de Lula, a inflação é apontada como um dos principais problemas do
momento da economia.
Lula e Dilma voltaram a se encontrar
na segunda-feira (2), para participar de reunião de coordenação da campanha
presidencial no Palácio da Alvorada. No encontro, o petista e os demais
integrantes da cúpula petista afirmaram ser impossível vender o paraíso quando
a economia mundial não vai bem --principalmente os Estados Unidos, que estão
numa recuperação bem mais lenta do que o previsto.
O ex-presidente também alertou
sua candidata à reeleição para não cair na armadilha de discutir
"crescimento" com os adversários, críticos da baixa evolução do PIB
nos últimos anos. Segundo a Folha apurou, a avaliação feita na reunião no
Palácio da Alvorada é que a desaceleração é um fenômeno mundial, não ocorre só
no Brasil.
Também estavam no Alvorada o
presidente do PT, Rui Falcão, o ex-ministro Franklin Martins, o marqueteiro
João Santana, o ex-chefe de gabinete de Dilma Giles Azevedo, o ministro Aloizio
Mercadante (Casa Civil), o tesoureiro da pré-campanha, Edinho Silva, e o
ministro Paulo Bernardo (Comunicações).
DISCREPÂNCIAS
Lula cobrou diagnósticos mais
precisos de conjuntura, reclamando das discrepâncias de avaliações no grupo.
Enquanto uns exibem mais otimismo, caso de Mercadante, outros projetam cenários
eleitorais mais pragmáticos. Para o ex-presidente, não adianta ficar
"dourando a pílula", com alguns achando que tudo vai muito bem
enquanto outros avaliam que vai muito mal. Para ele, o governo não está nem num
lugar nem no outro.
Seguindo os conselhos de Lula, Dilma
intensificou seus contatos com empresários. Reuniu-se recentemente por duas
vezes com empresários da indústria e jantou com representantes do agronegócio. Na
quinta-feira (5), vai participar da reunião do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão, grupo que reúne
empresários e trabalhadores para discutir o cenário econômico do país.
O governo prepara ainda reunião
com o setor sucroalcooleiro, em crise com a perda de competitividade do etanol
em relação à gasolina, por causa da política de retenção de preços. Está em
análise o aumento do percentual de etanol na gasolina. (Folha de São Paulo)
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