Por Rodrigo Constantino
‘A Petrobras, a
maior empresa industrial do país, a que detém a maior soma de recursos, a que
deveria dispor dos melhores técnicos, encontra-se hoje numa situação
lastimável, reduzida à função de órgão atuante na comunização do Brasil. Seus
índices técnicos e financeiros são, atualmente, dos mais baixos, e os
escândalos se sucedem, sem que o governo se anime a dizer um ‘Basta!’ a esse
estado de coisas.
“O único diretor
não comunista, [...] foi demitido por pressão dos sindicatos controlados pelos
vermelhos. Era o único técnico na diretoria, seus serviços sempre foram
considerados valiosíssimos, mas excomungado pelas forças da subversão, que com
ele não contam, teve de dar lugar a outro, julgado mais dócil e cooperativo.
“A diretoria não se
reúne, os processos se acumulam, nada se resolve. Ou melhor, só se resolve
aquilo que tem sentido político. Paga-se, por exemplo, rapidamente a divulgação
de manifestos do CGT, alugam-se veículos para transportar figurantes em
comícios políticos, custeia-se com o dinheiro do povo, a campanha de agitação e
subversão.
“Até quando
persistirá tal panorama? Quando será a Nação satisfeita pela verificação de que
o governo resolveu tomar uma atitude, expulsando da Petrobras aqueles que a
transformaram num instrumento de sovietização do país e entregando a companhia
a uma direção de técnicos apolíticos, que possam fazê-la progredir?”
Quem escreveu isso?
Seria Jair Bolsonaro acusando o PT de utilizar a Petrobras como instrumento
bolivariano? Seria Olavo de Carvalho com alguma “teoria conspiratória” sobre a
infiltração comunista na maior empresa do país?
Nada disso.
Trata-se do editorial do GLOBO, publicado em 7 de setembro de 1963, data
adequada por representar o Dia da Pátria (espero que o jornal não se arrependa
desse editorial também). Era um grito patriótico contra a infiltração comunista
na estatal, sob a conivência do presidente João Goulart.
Reparem como o
Brasil parece andar em círculos. Hoje, a Petrobras continua financiando uma
“campanha de agitação e subversão”, ao bancar os invasores do MST, por exemplo.
Continua aparelhada politicamente, usada por petistas como propriedade
particular. Petrodólares usados para disseminar o marxismo, enquanto o
endividamento da empresa se avoluma por incompetência ou corrupção.
Alguns gostam de
repetir, com ar de superioridade, que a Guerra Fria acabou, tentando, com isso,
pintar anticomunistas como seres ultrapassados, gente parada no tempo. Há só um
detalhe: tem que avisar aos próprios comunistas que a Guerra Fria não só
acabou, como foi com a derrota dos comunistas!
Tem uma turma que
ainda não sabe disso. E pior: essa turma está no poder! Basta ver a própria
Venezuela, mergulhada em uma tragédia justamente porque insistiu no modelo
socialista fracassado. Mas não é só lá. Aqui tem um pessoal bolivariano doido
para transformar o Brasil em uma nova Cuba, o sonho (pesadelo) perdido na
década de 1960. Se a PDVSA foi útil ao projeto de Chávez, a Petrobras é útil
aos planos de perpetuação do PT no poder.
Como evidência de
que os comunistas, infelizmente, ainda não desapareceram da cena política
nacional, a deputada Luciana Santos, do PCdoB, encaminhou ao Congresso projeto
de lei que cria o Fundo de Desenvolvimento da Mídia Independente. Só mesmo um
comunista poderia falar em “mídia independente” criando uma total dependência
dos recursos estatais!
Talvez esteja
ficando escancarado demais financiar indiretamente a imprensa chapa-branca com
recursos das estatais, e os vermelhos, ligados ao governo do PT, pretendam
oficializar logo a criação de seu exército de “jornalistas” sustentados por
nossos impostos. Essa coisa de imprensa independente é muito chata, fica
expondo os infindáveis escândalos da Petrobras...
Para concluir, o
editorial de 1963 diz: “Deveria o presidente João Goulart iniciar pela
Petrobras a purificação de seu governo. Afaste, imediatamente, os diretores
comunistas, faça voltar os técnicos, ponha a empresa à margem da política, e a
decepção que ele vem causando ao povo brasileiro se transformará em novas
esperanças. Ao mesmo tempo dará Sua Excelência à Nação — se assim proceder —
uma cabal demonstração de seus propósitos, provando que deseja governar
afastado dos extremos, cujo facciosismo tantos males vem causando ao Brasil.”
O presidente não
deu ouvidos. Sabemos como tudo acabou, e não foi nada bom. Resta torcer para
que dessa vez seja diferente, pois, como dizia o próprio Marx, a história se
repete primeiro como tragédia, e depois como farsa.
Rodrigo
Constantino, Economista, é membro do Instituto Liberal.
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