De 2012 a 2013, país reduz em 3,9% os investimentos em defesa e deixa de figurar entre os dez que mais gastam com armas. No mundo, recuo é de 1,9%, puxado pelos EUA
Brasil anunciou no final de 2013 a compra de 36 jatos Gripen NG para equipar a Força Aérea Brasileira (FAB)...
O Brasil reduziu seus gastos militares em 3,9% de 2012 para 2013,
segundo o relatório divulgado nesta segunda-feira (14/04) pelo Instituto
Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo (Sipri), e deixou de
figurar no ranking dos dez maiores compradores de armas.
Com despesas militares de 31,5 bilhões de dólares em 2013, o Brasil
ocupa agora a 12ª colocação, atrás de potências como Estados Unidos (640
bilhões de dólares), China (valor estimado de 188 bilhões), Rússia
(valor estimado de 87,8 bilhões), Arábia Saudita (67 bilhões) e França
(61,2 bilhões). A Alemanha ficou na sétima posição, com um gasto de 48,8
bilhões de dólares.
Para Carina Solmirano, especialista para a América Latina do Sipri, os
motivos da redução dos gastos brasileiros estão relacionados com a
tentativa do país de alcançar superávit fiscal em 2013. Em maio daquele
ano, o governo federal anunciou um corte de cerca de 3,7 bilhões de
reais no orçamento do Ministério da Defesa.
"Os cortes atingiram 4,1 bilhões de reais em julho de 2013, sendo que,
assim, o recuo das despesas militares pode ser ainda maior", afirmou
Solmirano em entrevista à DW Brasil. "A principal razão para os cortes
está relacionada com o desenvolvimento econômico do país", disse.
Mesmo com novos cortes no orçamento do Ministério da Defesa em 2014 –
passando de 14,79 bilhões para 11,29 bilhões de reais –, a compra de 36
jatos supersônicos do modelo sueco Gripen NG, anunciada no final de
2013, não deve ser afetada. De acordo com o Ministério da Defesa, o
contrato de compra será assinado somente no fim do ano e não há previsão
do início do pagamento ainda neste ano.
Em contraste com a diminuição dos gastos brasileiros, outros países
americanos, como Paraguai (33%), Honduras (22%), Nicarágua (18%) e
Colômbia (13%), registraram os maiores aumentos em gastos militares
comparando-se os anos de 2013 e 2012. No mesmo período, as maiores
reduções foram da Jamaica (9%), Estados Unidos (7,8%), El Salvador
(4,5%) e Brasil (3,9%).
Rápido crescimento na década de 2000
A redução brasileira contrasta com o rápido aumento dos gastos
militares do país – em torno de 7% – entre os anos de 2003 e 2010, com
pico em 2010. Para o Sipri, as despesas do Brasil e dos outros países do
Brics – Rússia, Índia, China e África do Sul – subiram em linha com o
rápido crescimento econômico dessas nações.
Mas, no caso do Brasil, os aumentos dos últimos anos estavam
relacionados com a introdução de uma nova estratégia de segurança, na
qual o país busca a modernização por meio da aquisição de novos
equipamentos militares para proteger a região amazônica e as reservas de
petróleo do pré-sal.
"Inclui-se aí também a tentativa do país de desenvolver sua própria
indústria de armas, com a Embraer no topo desses esforços", comentou
Solmirano. "Podemos também dizer que o Brasil, como potência regional
emergente, está buscando um papel maior na política internacional e, a
fim de fazê-lo, precisa de força militar."
Em contraste com os anos anteriores, o aumento dos gastos militares dos
países da América do Sul desacelerou principalmente por causa da queda
do investimento do Brasil, que é o maior investidor da região em valor
absoluto, afirma o relatório. Enquanto os países da região registraram
um aumento de 58% no período de 2004 a 2013, o crescimento de 2012 e
2013 foi de 1,6%.
Gastos mundiais caíram 1,9%
Os gastos militares globais diminuíram 1,9% entre 2012 e 2013, somando
1,75 trilhão de dólares em 2013, em grande parte por causa do recuo nos
gastos dos Estados Unidos, que caíram 7,8% e alcançaram a cifra de 640
bilhões de dólares. A diminuição pode ser atribuída pela redução das
missões militares em países como Afeganistão e Iraque.
Ainda de acordo com o relatório, 2013 foi o segundo ano consecutivo em
que os gastos globais diminuíram. Porém, enquanto eles decresceram no
Ocidente – América do Norte (queda de 7,8%), Europa Ocidental e Central
(2,4%) e Oceania (3,2%) –, aumentaram em regiões como Ásia, África e
leste da Europa.
Os gastos da China cresceram 7,4% e representam uma política de longo
prazo de elevação dos gastos militares, em linha com o alto crescimento
econômico do país. A Rússia, por sua vez, também aumentou em 4,8% sua
verba destinada aos militares e ultrapassou, pela primeira vez desde
2003, os EUA nas despesas em proporção ao Produto Interno Bruto (PIB).
Fonte: FERNANDO CAULYT portal DW - 16/04/2014 - - 14:21:15
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