29/04/2014 06h00
Relator de processo de cassação defende continuidade das investigações.
Para Júlio Delgado, conselho não jogará 'lamaceiro embaixo do tapete’.
O Conselho de Ética da Câmara vota nesta terça-feira (29) relatório preliminar do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) que defende a continuidade do processo por quebra de decoro parlamentar ao qual responde o deputado André Vargas (sem partido-PR).
Na última sexta (25), Vargas se desfiliou do PT. Ele é alvo de denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Yousseff, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. A operação investigou um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.
A análise do relatório estava prevista para ocorrer na semana passada, mas um pedido de vista (mais tempo para análise) do deputado petista Zé Geraldo (PA) adiou a votação. Na ocasião, o parlamentar afirmou que atendeu a um pedido do próprio André Vargas, que queria prazo para decidir se renunciava ou não ao mandato. Na última sexta (25), Vargas decidiu se desfiliar do PT e enfrentar o processo de cassação.
O parecer preliminar de Júlio Delgado defende a continuidade no Conselho de Ética das investigações sobre a conduta do deputado. Delgado entende que existem “indícios” de que o deputado cometeu irregularidades. O parlamentar viajou em um jatinho fretado por Alberto Yousseff e é suspeito de fazer tráfico de influência no Ministério da Saúde.
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Segundo Júlio Delgado, a expectativa é de que a maioria do Conselho
aprove a manutenção do processo por quebra de decoro. Para ele, arquivar
o procedimento seria esconder o "lamaceiro em baixo do tapete”.- Funcef diz que recebeu doleiro preso a pedido do deputado André Vargas
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“Eu não estou ligando para os colegas para convencê-los a aprovar o relatório, pois acredito que isso vai acontecer naturalmente. Acho que pouca gente vai querer tapar o sol com a peneira e jogar o lamaceiro para debaixo do tapete. Temos que apurar. Não tenho outra expectativa senão a aprovação do relatório”, afirmou ao G1.
Para o deputado, a desfiliação de André Vargas do PT com o objetivo de “preservar a legenda” reforça a necessidade de investigação.
“Esse gesto de se desfiliar para tentar deslocar o PT da avalanche de denúncias contra ele pode pesar na votação do relatório preliminar. É preciso continuar elucidando esse fato”, defendeu,
Se a maioria do Conselho de Ética aprovar o parecer preliminar, será aberto prazo de dez dias úteis para que André Vargas apresente sua defesa. Depois, Júlio Delgado terá outros 40 dias para apresentar o relatório final, que pode sugerir de advertência à cassação do mandato.
O parecer, então, seguirá para votação no plenário da Câmara, onde precisa ser aprovado por pelo menos 257 deputados.
Se a Casa aprovar a cassação, André Vargas ficará inelegível por oito anos, conforme a Lei da Ficha Limpa.
Ao anunciar sua desfiliação do PT, o deputado afirmou estar “confiante” de que lhe seriam asseguradas as prerrogativas do contraditório e da ampla defesa.
“Confio na isenção, imparcialidade e tratamento isonômico da Câmara em relação ao meu caso, reafirmando a minha crença na Democracia e no Estado de Direito", disse, em nota divulgada à imprensa.
No último dia 7, com a finalidade de se defender das denúncias, Vargas pediu licença de 60 dias do mandato de deputado. Na semana passada, formalizou a renúncia ao cargo de vice-presidente da Câmara.
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