29/04/2014
às 3:14
Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
Às voltas com uma crise na Petrobras e índices de aprovação do governo em queda livre, a presidente Dilma Rousseff continua sofrendo abalos em sua candidatura à reeleição. Nesta segunda-feira, a liderança do PR na Câmara divulgou um manifesto defendendo a volta do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, batizado por setores do PT de “Volta, Lula”.
“A era
Lula levou a dinâmica do crescimento econômico que garantia renda mínima
onde antes dominava a fome”, diz a nota assinada por 20 dos 32
integrantes da bancada. “O país precisa do reencontro com os princípios
daquela aliança de 2002”, continua o texto.“Entendemos que o momento de
crise, dentro e fora do país, reivindica a força de uma liderança
política com a experiência e o brilho de Luiz Inácio Lula da Silva no
comando da nação brasileira novamente.”
A
insatisfação do PR com Dilma não é novidade. A sigla já chegou a
abandonar a base quando foi defenestrada do comando do Ministério dos
Transportes por corrupção – e só voltou a dar seus votos a favor do
governo quando retomou o controle da pasta. Mais: a manifestação do PR a
favor da candidatura de Lula ocorre após a descabida tentativa do
petista de desqualificar o julgamento do mensalão, escândalo que teve a
participação da antiga direção do PR (então PL) – a legenda apoia o PT
em eleições desde 2002.
“Nós somos
parceiros e não estamos rompendo com o governo. Mas esse é um momento
de buscar a conciliação nacional e não depõe em nada contra a
presidente, que governou muito bem. É um momento de crise que exige
atitudes mais extremas”, disse Bernardo Santana, líder da sigla, que fez
questão de pendurar uma foto de Lula no gabinete da liderança na Câmara
dos Deputados.
Reportagem
de VEJA desta semana mostrou que a presidente Dilma Rousseff enfrenta
um momento inédito de fragilidade. Além de ter problemas na economia,
como o crescimento baixo, a inflação persistente e o desmantelamento do
setor elétrico, ela perdeu apoio popular e força para barrar, no
Congresso, iniciativas capazes de desgastá-la. A aprovação ao governo
caiu a um nível que, segundo os especialistas, ameaça a reeleição.
Partidos aliados suspenderam as negociações para apoiá-la na corrida
eleitoral.
Já os oposicionistas conseguiram na Justiça o direito de
instalar uma CPI para investigar exclusivamente a Petrobras. Acuada,
Dilma precisa mais do que nunca da ajuda do PT, mas essa ajuda lhe é
negada. Aproveitando-se da conjuntura desfavorável à mandatária,
poderosas alas petistas pregam a candidatura de Lula ao Planalto e
conspiram contra a presidente. O objetivo é claro: retomar poderes e
orçamentos que foram retirados delas pela própria Dilma. A seis meses da
eleição, o PT está rachado entre lulistas e dilmistas — e, para os
companheiros mais pragmáticos, essa divisão, e não os rivais Aécio Neves
(PSDB) e Eduardo Campos (PSB), representa a maior ameaça ao projeto de
poder do partido.
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