29/04/2014
às 3:45
O
manifesto do PR em favor da candidatura de Lula à presidência da
República (leia post) nasceu, na prática, na cadeia, mais
propriamente no Centro de Progressão Penitenciária do Distrito Federal.
Já explico. Que coisa o PR! Esse ninho de patriotas realmente não
surpreende! Vinte dos 32 deputados federais do partido decidiram assinar
um manifesto em que defendem que Luiz Inácio Lula da Silva volte a ser o
candidato do PT à Presidência da República, em substituição a Dilma
Rousseff. Mas sabem como é o patriotismo… O partido não rompeu com a
presidente, não.
O PR tem o
titular de um ministério bilionário, o dos Transportes, que está a
cargo do baiano César Borges. Ocorre que parlamentares afirmam que
Borges não atende, vamos dizer assim, às necessidades do partido. Quais
necessidades? Adivinhem! É gente que segue a cartilha moral do
ex-presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, um dos mensaleiros que
estão na cadeia. Mesmo atrás das grades, com direito a sair para
trabalhar, ele continua a ser uma das figuras mais influentes do PR. Há
muito tempo já, parte da vida pública brasileira não é mesmo um caso de
política, mas de polícia.
Vocês
devem se lembrar que o partido dominava de cabo a rabo o Ministério dos
Transportes, quando era chefiado por Alfredo Nascimento, que caiu em
2011, quando reportagem da VEJA evidenciou que a pasta era um ninho de
corruptos. Dilma decidiu fazer então aquela tal faxina — que não passou
de mera espanada na poeira da superfície — e nomeou alguns técnicos para
a pasta.
Embora
muitos parlamentares digam que Borges é ministro de Dilma, não do
partido, a verdade é que ele é, sim, sensível aos apelos políticos. No
começo deste mês, por exemplo, o então presidente do partido no Pará,
Anivaldo Vale, pai do deputado Lúcio Vale, foi nomeado para a
secretaria-executiva do ministério, com o apoio da bancada. É o segundo
cargo mais importante dos Transportes. Nomes para o malfadado Dnit, o
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, passaram pelo
crivo de Costa Neto, o presidiário.
E agora
voltamos, então, ao mensaleiro e ao começo dessa conversa. Quem liderou o
manifesto em favor de Lula foi o deputado Bernardo Santana (PR-MG), que
é justamente um dos principais interlocutores daquele tal… Valdemar!
Assim, é justo constatar que o apelo explícito para que o ex-presidente
dê uma rasteira na atual presidente, por enquanto, parte mesmo é do
presídio. Considerando o que Lula andou falando em Portugal sobre o
mensalão e os mensaleiros, a gente há de convir que a coisa faz sentido,
não é mesmo?
Vejam a
que ponto chegamos: um condenado pela Justiça, um presidiário, assina um
manifesto em favor da volta de um político à disputa — no caso, Lula!
Só falta agora a gente saber o que pensam Fernandinho Beira-Mar e
Marcola.
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