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Todos
os que discutem economia e política internacional conhecem as acusações
que os defensores do regime cubano fazem ao bloqueio comercial
americano à Cuba.
De fato, tal bloqueio, do ponto de vista de quem defende a liberdade como valor absoluto, é uma atitude questionável.
Só
não supera em desumanidade a supressão de liberdade que o próprio
governo cubano impõe aos habitantes da ilha caribenha, onde impede que
os cubanos se associem, contratem, transacionem, se expressem ou viajem
livremente.
Ao
reclamarem o fim do embargo americano à Cuba, contraditoriamente, os
socialistas estão defendendo o livre-comércio entre os países. E não
menos contraditoriamente, ao defenderem o socialismo, se mostram
contrários ao livre-comércio entre as pessoas.
Imaginar
que o comércio internacional é feito entre os governos, é desconhecer a
realidade, as trocas de mercadorias e serviços são feitas globalmente,
por empresas privadas ou pessoas físicas, e apenas limitadamente por
governos, quando estes adquirem aquilo que necessitam para seu próprio
uso.
Governos, de maneira geral, quando participam ativamente do comércio internacional, o fazem apenas para coibi-lo.
As
empresas privadas e as pessoas físicas não precisariam dos governos
para transacionar. Para poderem pagar menos e obter o melhor resultado
nas transações que fizerem, necessitam que os governos não atrapalhem
com suas regras, burocracias e impostos.
Números
divulgados pelo Banco Mundial, mostram que Cuba, mesmo sofrendo com o
bloqueio americano, consegue que suas importações e exportações
comparadas com o seu Produto Interno Bruto cheguem a valores superiores a
30%, como mostra a tabela abaixo:
Comércio Internacional em relação ao PIB (%) | ||||||||||||||
CUBA | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | ||||||||||
Importações | 24 | 15 | 19 | ND | ||||||||||
Exportações | 21 | 18 | 20 | ND | ||||||||||
TOTAL | 45 | 33 | 39 | ND |
Já
o Brasil, sem que haja qualquer tipo de bloqueio comercial por parte de
qualquer país, apresenta os seguintes números quando comparamos nossas
importações e exportações com o nosso Produto Interno Bruto, segundo a
mesma fonte:
Comércio Internacional em relação ao PIB (%) | |||||||||
BRASIL | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | |||||
Importações | 13 | 11 | 12 | 13 | |||||
Exportações | 14 | 11 | 11 | 12 | |||||
TOTAL | 27 | 22 | 23 | 25 |
Apenas para ilustrar, transcrevo também os dados do Chile, sabidamente o mais desenvolvido dos países latino-americanos:
Comércio Internacional em relação ao PIB (%) | ||||
CHILE | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 |
Importações | 40 | 29 | 32 | 35 |
Exportações | 42 | 37 | 38 | 38 |
TOTAL | 82 | 66 | 70 | 73 |
Essa análise nos remete a seguinte pergunta: Quem está impondo o embargo comercial ao Brasil?
A resposta é tão simples quanto a regra de três que utilizamos para calcular uma porcentagem. O culpado é o governo brasileiro.
Quando
afirmamos que o comércio internacional é feito por empresas privadas e
pessoas físicas, e que os governos atrapalham com suas aduanas, regras,
burocracias e impostos, estamos dizendo que, quem sofre com o embargo ao
comércio internacional imposto ao Brasil, somos todos nós brasileiros.
Salvo, é claro, aqueles que se beneficiam ilegitimamente, com
salvo-condutos para passar por cima das barreiras impostas, ou os que
acabam protegidos da concorrência externa, por essas mesmas barreiras.
A
lógica nos leva a deduzir que, tanto os cubanos como os brasileiros
sofrem do mesmo mal. Estão limitados por seus próprios governos de forma
bastante similar. Não podem promover o intercâmbio comercial no mercado
interno e externo sem duras restrições, o que obviamente impede a
população dos dois países de elevar seu padrão de vida ao nível daqueles
que mantém suas fronteiras mais abertas e seus cidadãos mais livres.
Postado há 26th February 2013 por Roberto Rachewsky
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