Partidos da base aliada da
presidente Dilma Rousseff receberam R$ 35,3 milhões, ao menos, em doações
eleitorais na campanha de 2010 de empresas citadas na lista apreendida pela
Polícia Federal na casa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Esse valor representa 79% do
total doado pela Mendes Júnior, Engevix, Iesa, UTC e Hope RH a diretórios e
candidatos de diferentes legendas, segundo levantamento da Folha no sistema do
TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Paulo Roberto foi preso no último
dia 20 na Operação Lava Jato sob suspeita de integrar um esquema de lavagem de
dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões e que intermediou doações eleitorais,
segundo investigações da PF. A tabela apreendida na casa Paulo
Roberto, suspeito de repassar dinheiro de empresas contratadas pela estatal a
políticos, lista os nomes das companhias Mendes Júnior, UTC/Constran, Engevix,
Iesa, Hope RH e Toyo Setal.
Todas têm contratos ativos com a
Petrobras ou, ao menos, já tiveram contratos com a estatal nos últimos anos. O documento manuscrito também
cita executivos e, numa terceira coluna, descreve a "solução"
relacionada a cada companhia, com anotações descrevendo quem "está
disposto a colaborar", "já vem ajudando" ou "já teve
conversas com candidato". Controlada pelo governo federal,
a Petrobras tem parte de seus dirigentes indicada por partidos da base aliada,
como o PT, o PMDB e o PP.
DOAÇÕES
Segundo levantamento da
reportagem, a UTC/Constran doou ao menos R$ 20,9 milhões para a campanha de
2010, sendo 83% para PT, PMDB, PP, PR, PC do B, PRTB e PSB, todos da base de
sustentação do governo Dilma, exceto esse último, que deixou o governo no fim
de 2013 para lançar a candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República.
A Mendes Júnior repassou R$ 13,8
milhões em doações e destinou 65% desse valor a PT, PMDB, PDT, PP, PR, PTB e
PHS. Já a Engevix doou R$ 7,1 milhões, sendo 86% para PT, PMDB, PDT, PP, PR,
PSB e PTB, segundo o TSE. Já a Iesa, que doou ao todo R$
2,96 milhões a candidatos e diretórios de partidos políticos em 2010,
concentrou 92% de seus repasses para o PT, o PMDB e o PDT. A empresa doou R$ 1 milhão para o
diretório nacional do PT. Outros R$ 240 mil foram doados à campanha de
candidatos a deputado pelo partido opositor PSDB.
A Hope RH doou, no total, cerca
de R$ 262 mil a campanhas de candidatos do PSC e do PSDC, integrantes da base
governista, e outros R$ 30 mil ao opositor PPS. A Toyo Cetal, que também aparece
na tabela apreendida na casa de Paulo Roberto, não fez nenhuma doação a
candidatos ou partidos em 2010, segundo o site do TSE.
Além do PSDB e do PPS, o também
opositor DEM recebeu doações das empresas citadas na lista apreendida pela
Polícia Federal. (Folha de São Paulo)
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