sábado, 12 de abril de 2014
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Milton Pires
“Juro
por Apolo Médico, por Esculápio, por Higí por Panaceia e por todos os Deuses e
Deusas que acato este juramento e que o procurarei cumprir com todas as minhas
forças físicas e intelectuais.
Honrarei
o professor que me ensinar esta arte como os meus próprios pais; partilharei
com ele os alimentos e auxiliá-lo-ei nas suas carências.
Estimarei
os filhos dele como irmãos e, se quiserem aprender esta arte, ensiná-la-ei sem
contrato ou remuneração.
A
partir de regras, lições e outros processos ensinarei o conhecimento global da
medicina, tanto aos meus filhos e aos daquele que me ensinar, como aos alunos
abrangidos por contrato e por juramento médico, mas a mais ninguém.
A
vida que professar será para benefício dos doentes e para o meu próprio bem,
nunca para prejuízo deles ou com malévolos propósitos.
Mesmo
instado, não darei droga mortífera nem a aconselharei; também não darei
pessário abortivo às mulheres.
Guardarei
castidade e santidade na minha vida e na minha profissão.
Operarei
os que sofrem de cálculos, mas só em condições especiais; porém, permitirei que
esta operação seja feita pelos praticantes nos cadáveres.
Em
todas as casas em que entrar, fá-lo-ei apenas para benefício dos doentes,
evitando todo o mal voluntário e a corrupção, especialmente a sedução das
mulheres, dos homens, das crianças e dos servos.
Sobre
aquilo que vir ou ouvir respeitante à vida dos doentes, no exercício da minha
profissão ou fora dela, e que não convenha que seja divulgado, guardarei
silêncio como um segredo religioso.
Se
eu respeitar este juramento e não o violar, serei digno de gozar de reputação
entre os homens em todos os tempos; se o transgredir ou violar que me aconteça
o contrário.”
Peço
desculpas ao leitor se começo o texto assim, mas não teríamos nós, médicos
brasileiros, outra chance de descrever o que sentimos quando partem daqueles
que atendemos as perguntas cujas bases vem da indagação - “onde fica o seu
juramento, doutor?”
Tudo
que está escrito no primeiro parágrafo é aquilo que jurei em 1994 quando me
formei em Medicina. A redação dessa promessa foi elaborada na Grécia no período
em que viveu seu autor: entre 460 e 370 antes de Cristo.
Ajudem-me
se eu estiver errado: onde, naquilo que está escrito originalmente em grego,
está a promessa de atender absolutamente qualquer pessoa gratuitamente?
Em que linha vocês encontraram o aviso de que o médico pode ser interpelado em situações sociais as mais diversas para dar uma “olhadinha” numa mancha de pele?
Estava feita no juramento a promessa de que os médicos seriam pagos pelo governo grego ou por alguma cooperativa de seus colegas?
Em que linha vocês encontraram o aviso de que o médico pode ser interpelado em situações sociais as mais diversas para dar uma “olhadinha” numa mancha de pele?
Estava feita no juramento a promessa de que os médicos seriam pagos pelo governo grego ou por alguma cooperativa de seus colegas?
Sabem
vocês, não médicos, o porquê da nossa indignação? Porque o Juramento de
Hipócrates transformou-se no Juramento do SUS e é hoje “carta na manga” de
todos aqueles que querem atacar os médicos brasileiros pela sua “falta de
humanidade” e “indiferença com relação ao sofrimento”.
Hipócrates
pertencia a um mundo e a uma época em que igualdade entre desiguais era
considerada injusta. A democracia ateniense nada tinha em comum com o delírio
estatístico que faculta o voto dos analfabetos e dos presidiários, que governa
com Bolsa Família, ou que compreende que justa é a sociedade onde existe
“saúde, educação e segurança”. O mundo grego não pretendia se dizer justo por
ser democrático; ele era democrático porque pretendia ser justo e advirto ao
leitor que não tente ver nessa minha frase um mero “jogo de palavras”...uma mera
“pegadinha” como aquela feita pelos que perguntam quem veio antes – o ovo ou a
galinha?
Atenas
ensinou ao mundo que a busca da verdade começa com o indivíduo e com uma vida
que preza o belo e o justo na sua escala mais íntima..mais pessoal. Nada de
transcendente, de eterno ou de sagrado nasceu do convívio politico da pólis,
mas do recolhimento e da vida privada capazes de mostrar o quão perigoso pode
ser dar sentido à realidade a partir da opinião comum.
A verdade que vem das
massas é o apelo da paixão, da sensualidade e do apelo material da forma capaz
de esconder aquilo que só o pensamento pode contemplar e é assim que ela,
verdade, se perde no tempo...é assim que fica para trás ou é distorcida como
foi feito com o que foi jurado pelos primeiros médicos gregos.
Levado
aos usuários do SUS por uma imprensa covarde e citado num país governado pela
ralé petista, o juramento de Hipócrates perdeu todo seu sentido: quem se forma
em medicina faz o juramento de original.
Quem chefia os médicos brasileiros no SUS, quem serve de orientador aos médicos cubanos ou dirige a saúde brasileira massacrando os colegas perante a opinião pública faz o Juramento dos que não foram suficientemente decentes para serem médicos nem completamente corruptos para entrar para política – o Juramento de Hipócritas.
Quem chefia os médicos brasileiros no SUS, quem serve de orientador aos médicos cubanos ou dirige a saúde brasileira massacrando os colegas perante a opinião pública faz o Juramento dos que não foram suficientemente decentes para serem médicos nem completamente corruptos para entrar para política – o Juramento de Hipócritas.
Dedicado
com muito carinho aos “colegas” do Ministério da Saúde.
Milton
Simon Pires é Médico.
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