Já
não são seis terminais fechados de ônibus em São Paulo, mas 15. A
cidade está um caos. Duzentos e setenta quilômetros de congestionamento,
creio que o recorde do ano.
O filósofo francês Jean-Paul Sartre é autor de frase famosa: “O inferno são os outros”.
Ele não pensava em questões sociais, econômicas ou políticas
quando fez essa afirmação. Referia-se apenas a questões existenciais.
Afinal, sabemos que os outros constituem o principal limite ao exercício
da nossa vontade.
No Brasil,
os chamados movimentos sociais e sindicais decidiram que vão ser o
inferno da mulher e do homem comuns, daqueles que trabalham, que
estudam, que trabalham e estudam.
A cidade é
um sistema; é um organismo vivo. Se um órgão deixa de funcionar, ela
toda entra em colapso. Já enfrentei o diabo no metrô na tarde desta
terça. Além da greve de motoristas, professores da rede municipal de
ensino se concentraram na Paulista e decidiram seguir até a Prefeitura,
paralisando artérias da cidade.
Num outro
canto, o buliçoso MTST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, invadiu a
sede da construtora Viver, dona do terreno em que se instalou a invasão
“Copa do Povo”.
Cada movimento, cada grupo social, cada facção, cada seita — e todos eles reunidos — têm a ambição de impor aos outros a sua vontade, tornando o coletivo refém de suas demandas particulares.
É claro
que existe o direito à reivindicação; é claro que existe o direito à
livre manifestação, mas eles não são superiores ao direito de ir e vir.
A culpa é
dos Poderes Constituídos, sim. Culpado é o Congresso que, até agora, não
regulamentou o direito de greve de servidores públicos e de
trabalhadores de concessionárias, como os motoristas. Há dois projetos
no Senado: um bom, do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP); outro péssimo, do
senador Paulo Paim (PT-RS). Escrevi a respeito nesta manhã.
A culpa é
do Executivo federal, que flerta com todos os movimentos sociais e se
ajoelha diante de suas demandas. E também tem culpa a Justiça, que tende
a não punir quem, escancaradamente, viola a lei sob o pretexto de
reivindicar. Quem paga o pato? Você! Você que trabalha. Você que estuda.
Você que trabalha e estuda e se torna refém de violadores contumazes da
lei.
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