As greves que vêm transtornando a vida dos brasileiros colocaram a questão sindical na ordem do dia. Já falei aqui da crise de representatividade dos sindicatos, pois essas greves têm sido lideradas por movimentos dissidentes.
Agora, resgato outro artigo publicado no
GLOBO, mostrando como os sindicatos, em essência, atuam para garantir
privilégios que não preservam, na prática, conquistas sustentáveis aos
próprios trabalhadores. Esses podem não saber, mas seu maior aliado é
mesmo o capitalismo liberal.
As barreiras do sindicalismo
“O poder sindical é essencialmente o poder de privar alguém de trabalhar aos salários que estaria disposto a aceitar.” (Hayek)
A economia
de mercado pode ser descrita também como a democracia dos consumidores.
Os empresários não determinam o que deve ser produzido independente da
demanda; eles estão sujeitos à soberania dos clientes. São esses que, em
última instância, decidem quais produtos serão os vencedores.
A suposta
frieza da busca pelo lucro no livre mercado costuma incomodar muitas
pessoas. Mas o que se ignora é que justamente isso garante a supremacia
dos consumidores. Os empresários são forçados a oferecer os melhores
produtos pelos menores preços. Por isso eles são levados a pagar o
salário de mercado, ou seja, aquele sujeito às leis da oferta e procura.
Se uma empresa é forçada a reduzir a jornada de trabalho sem reduzir os
salários, com uma produtividade constante, ela perderá competitividade e
poderá ir à falência.
Os
consumidores não estão dispostos a pagar mais pelo mesmo produto, só
porque alguns sindicalistas desejam mais tempo livre. Os próprios
sindicalistas nunca aceitariam o mesmo argumento na compra dos produtos
que consomem. O sindicalista enquanto consumidor não questiona se o item
demandado foi produzido por empregados que trabalham 40 ou 45 horas
semanais. Ele quer o melhor produto pelo menor preço. E, quando ele
exerce essa escolha, ele está definindo como o empregador deve agir,
sempre mantendo o menor custo possível.
Uma
característica comum à mentalidade sindicalista é o foco no curto prazo:
há um lucro que poderia ser dividido de forma mais igualitária. A
função do empresário é vista como sem valor, uma exploração. O
sindicalista ignora completamente o fato de que as condições de mercado
estão sempre mudando, e que decisões fundamentais, que podem selar o
destino da empresa, precisam ser tomadas diariamente. Trata-se de uma
visão estacionária: ignora os problemas essenciais do empreendedorismo
sob um processo dinâmico que é o mercado.
A essência
das políticas sindicais é sempre garantir privilégios para um grupo
minoritário à custa da maioria. O resultado acaba sendo a redução do
bem-estar geral. Os sindicatos tentam criar barreiras contra a
competição entre trabalhadores, garantindo vantagens para aqueles já
empregados e filiados aos poderosos sindicatos. Quando obstáculos são
erguidos, como o salário mínimo ou as restrições de horas trabalhadas, o
que os sindicatos fazem é dificultar a entrada de novos trabalhadores
no mercado. O resultado prático é mais desemprego e informalidade, assim
como preços maiores para os consumidores.
A melhor
garantia que os trabalhadores têm para mudar de vida está no livre
mercado. Com o foco nos consumidores, os empresários terão que investir
em tecnologias que aumentam a produtividade do trabalho, permitindo
maiores salários. Por isso os trabalhadores de países mais livres, com
maior flexibilidade trabalhista e menores encargos, desfrutam de
condições bem melhores que aquelas encontradas em países mais
intervencionistas. Basta comparar Austrália, Estados Unidos e Dinamarca
com o próprio Brasil, ou então a Inglaterra antes e depois de Thatcher
que, corajosamente, enfrentou a máfia sindical.
Não adianta
achar que imposições legais vão melhorar a vida dos trabalhadores. A
solução não está no decreto estatal ou na pressão sindical, mas sim no
próprio progresso capitalista. Foi ele que permitiu o acesso dos
trabalhadores a maiores salários e diversos produtos que aumentaram o
conforto de maneira impensável no passado.
Rodrigo Constantino
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