João Carlos Gorski alegou desconhecer qualquer envolvimento entre Carlinhos Cachoeira e o delegado Aredes Correia.
O
segundo dia de audiências do julgamento dos 50 réus denunciados na
Operação Monte Carlo foi guiado pela defesa do delegado Aredes Correia
Pires, acusado de conceder informações privilegiadas ao empresário
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, sobre as atividades do
serviço de inteligência da Polícia Civil (PC). Entre as testemunhas
ouvidas pelo juiz federal substituto Francisco Vieira Neto na tarde
desta terça-feira (20/5), está o delegado-geral da PC, João Carlos
Gorski.
Na época em que a operação foi deflagrada, o titular ocupava o cargo de
gerente da Superintendência da Inteligência da então Secretaria de
Segurança Pública e Justiça (SSP), a qual Aredes estava designado
exercendo a função de corregedor. Em seu depoimento, Gorski alegou
desconhecer qualquer envolvimento entre Cachoeira e o delegado...
O titular também afirmou que detinha informações sobre a existência de
vários locais, sobretudo no Entorno de Brasília e na capital goiana,
onde era comum a prática de jogos ilegais. “Havia operações de rotina,
isso era praxe. Existiam muitas máquinas, sobretudo no Entorno; então
tinham serviços pontuais neste sentido”, explicou. O delegado-geral
acrescentou que em nenhum momento teve conhecimento acerca da associação
criminosa comandada por Cachoeira até a deflagração da Operação Monte
Carlo.
Em uma das intercepções telefônicas da Polícia Federal, Carlinhos
Cachoeira aparece questionando a Aredes sobre a atuação do então
delegado adjunto da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH),
Alexandre Pinto Lourenço, responsável por investigar casas que
exploravam jogos ilegais em Goiás, e que foi afastado do cargo três
meses depois de iniciadas as investigações.
Quando o esquema criminoso foi descoberto, Aredes afirmou que
desconhecia as atividades ilegais ligadas ao empresário, mas reconheceu o
tom de imoralidade presente nas conversas que mantinha com o
empresário.
Durante a audiência desta terça-feira também foi ouvido o delegado
responsável há sete anos pelo Grupo Tático da Polícia Civil (GT3), André
Gustavo Cortês. Consta nos autos que, no dia 31 de maio de 2011,
Cachoeira contatou Aredes para buscar informações sobre a atuação do
grupo em relação às investigações que envolviam a exploração de jogos
ilegais. No entanto, em seu depoimento, André negou que Aredes tenha o
procurado com tal objetivo.
Também prestaram depoimento os ex-gerentes de operações da Polícia
Civil Carlos Roberto Teixeira e Deusni Aparecido Silva Filho. Ambos
afirmaram desconhecer a relação entre Cachoeira e o então corregedor
durante o período anterior à deflagração da Monte Carlo.
Audiências
Os trabalhos da instrução criminal do caso Cachoeira tiveram início na
tarde desta segunda-feira (19/5) e devem seguir até a próxima
sexta-feira (23/5). A expectativa é que mais de 200 testemunhas sejam
ouvidas nesta etapa. Na próxima semana, a partir do dia 26, os 50
envolvidos nas investigações da Operação Monte Carlo citados na
instrução serão ouvidos. Os réus que residem em outros municípios serão
os primeiros a prestarem depoimento.
Fonte: Marcelo Gouveia - Jornal Opção - 21/05/2014 - - 13:45:42
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