quarta-feira, 21 de maio de 2014

TCE de Mato Grosso: Conselheiro teria pago R$ 4 milhões em cadeira


A suspeita de participação de parlamentares, que têm foro privilegiado, levou a investigação ao STF. No mês passado, por decisão do ministro Dias Toffoli, relator do caso, foi aberto um inquérito.


Alencar deixou cadeira para Sérgio após uma intensa "novela".
 
Documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) na Operação Ararath e depoimentos de testemunhas indicam que, em 2009, o senador licenciado Blairo Maggi (PR-MT) teria atuado na negociação de uma das cadeiras do conselho do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT), responsável por fiscalizar gastos do governo matogrossense. As suspeitas estão contidas em investigação a cargo da Procuradoria Geral da República (PGR) e em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).
 
A Operação Ararath investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro e crimes financeiros, que atuaria no estado do Mato Grosso por meio de empréstimos fraudulentos e empresas de fachada. Segundo a assessoria de Blairo Maggi, o senador está em viagem ao norte da Itália e não tem conhecimento da investigação em andamento...
 
Se provocado pela Justiça, informaram os assessores do parlamentar, ele pretende prestar os esclarecimentos necessários. Maggi tirou licença do cargo por 120 dias e retomará o mandato parlamentar depois do recesso do meio de ano, explicou a assessoria.
 
A suspeita de participação de parlamentares, que têm foro privilegiado, levou a investigação ao STF. No mês passado, por decisão do ministro Dias Toffoli, relator do caso, foi aberto um inquérito.
 
Nesta terça (20), foram realizadas buscas e apreensões em Mato Grosso, mas Toffoli negou pedido da Procuradoria para apreender documentos na casa do senador Blairo Maggi. No processo, a PGR afirma que o ex-deputado estadual de Mato Grosso e atual conselheiro do TCE Sérgio Ricardo de Almeida pagou R$ 4 milhões para ficar com a cadeira de Alencar Soares Filho.
 
Segundo a investigação, Eder de Moraes Dias, que comandou a Secretaria da Fazenda na época em que Blairo Maggi governou o estado, teria oferecido, por ordem do senador, os mesmos R$ 4 milhões para que Alencar permanecesse no cargo. A transação, aponta os procuradores da República, teria impedido a nomeação de Sérgio Ricardo.
 
A PGR afirma que o pagamento, supostamente ordenado por Maggi, foi feito por intermédio do empresário Gercio Marcelino Mendonça Filho, suspeito de ser o operador do esquema. Ele tem colaborado com o Ministério Público nas investigações.
 
Em depoimento, Mendonça Filho conta que deu um cheque de R$ 2,5 milhões a Alencar Soares em seu gabinete no TCE. Com base nas informações do Ministério Público, o ministro do STF Dias Toffoli autorizou a busca e apreensão de documentos na casa e no gabinete do conselheiro Alencar Soares Filho e de Sérgio Ricardo de Almeida.
 
Ao negar a busca e aprensão na casa do senador matogrossense, Toffoli argumentou que ainda não há elementos suficientes para justificar a medida. A suspeita, de acordo com a PGR, é de que o esquema de empréstimos fraudulentos teria fornecido recursos que se destinavam a "finalidades espúrias" na política do estado.
 
CONSELHEIRO NEGA
 
A assessoria do conselheiro do TCE Sérgio Ricardo negou o pagamento de R$ 4 milhões para obter a cadeira e explicou que ele assumiu o cargo em 2012, por indicação dos demais deputados estaduais. De acordo com o gabinete do conselheiro, sua indicação se deu em razão de um acordo político no Legislativo, segundo o qual Alencar Soares teria se comprometido a ficar no tribunal por cinco anos e devolver a cadeira ao Legislativo para indicação de outro nome. Por meio de sua assessoria, o conselheiro Sérgio Ricardo afirmou estar "absolutamente tranquilo, disposto a colaborar com o esclarecimento dos fatos".
 
A assessoria do conselheiro informou ainda que, durante a operação da Polícia Federal, foram levados da casa dele documentos e equipamentos eletrônicos. O G1 tentou contato com Alencar Soares por diversas vezes nesta terça-feira, mas não conseguiu localizar o ex-conselheiro do TCE.

Fonte: Portal Folha Max - 21/05/2014 - - 11:18:11  BLOG do SOMBRA

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