A suspeita de participação de parlamentares, que têm foro privilegiado, levou a investigação ao STF. No mês passado, por decisão do ministro Dias Toffoli, relator do caso, foi aberto um inquérito.
Alencar deixou cadeira para Sérgio após uma intensa "novela".
Documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) na Operação Ararath e
depoimentos de testemunhas indicam que, em 2009, o senador licenciado
Blairo Maggi (PR-MT) teria atuado na negociação de uma das cadeiras do
conselho do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT),
responsável por fiscalizar gastos do governo matogrossense. As suspeitas
estão contidas em investigação a cargo da Procuradoria Geral da
República (PGR) e em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).
A Operação Ararath investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro e
crimes financeiros, que atuaria no estado do Mato Grosso por meio de
empréstimos fraudulentos e empresas de fachada. Segundo a assessoria de
Blairo Maggi, o senador está em viagem ao norte da Itália e não tem
conhecimento da investigação em andamento...
Se provocado pela Justiça, informaram os assessores do parlamentar, ele
pretende prestar os esclarecimentos necessários. Maggi tirou licença do
cargo por 120 dias e retomará o mandato parlamentar depois do recesso
do meio de ano, explicou a assessoria.
A suspeita de participação de parlamentares, que têm foro privilegiado,
levou a investigação ao STF. No mês passado, por decisão do ministro
Dias Toffoli, relator do caso, foi aberto um inquérito.
Nesta terça (20), foram realizadas buscas e apreensões em Mato Grosso,
mas Toffoli negou pedido da Procuradoria para apreender documentos na
casa do senador Blairo Maggi. No processo, a PGR afirma que o
ex-deputado estadual de Mato Grosso e atual conselheiro do TCE Sérgio
Ricardo de Almeida pagou R$ 4 milhões para ficar com a cadeira de
Alencar Soares Filho.
Segundo a investigação, Eder de Moraes Dias, que comandou a Secretaria
da Fazenda na época em que Blairo Maggi governou o estado, teria
oferecido, por ordem do senador, os mesmos R$ 4 milhões para que Alencar
permanecesse no cargo. A transação, aponta os procuradores da
República, teria impedido a nomeação de Sérgio Ricardo.
A PGR afirma que o pagamento, supostamente ordenado por Maggi, foi
feito por intermédio do empresário Gercio Marcelino Mendonça Filho,
suspeito de ser o operador do esquema. Ele tem colaborado com o
Ministério Público nas investigações.
Em depoimento, Mendonça Filho conta que deu um cheque de R$ 2,5 milhões
a Alencar Soares em seu gabinete no TCE. Com base nas informações do
Ministério Público, o ministro do STF Dias Toffoli autorizou a busca e
apreensão de documentos na casa e no gabinete do conselheiro Alencar
Soares Filho e de Sérgio Ricardo de Almeida.
Ao negar a busca e aprensão na casa do senador matogrossense, Toffoli
argumentou que ainda não há elementos suficientes para justificar a
medida. A suspeita, de acordo com a PGR, é de que o esquema de
empréstimos fraudulentos teria fornecido recursos que se destinavam a
"finalidades espúrias" na política do estado.
CONSELHEIRO NEGA
A assessoria do conselheiro do TCE Sérgio Ricardo negou o pagamento de
R$ 4 milhões para obter a cadeira e explicou que ele assumiu o cargo em
2012, por indicação dos demais deputados estaduais. De acordo com o
gabinete do conselheiro, sua indicação se deu em razão de um acordo
político no Legislativo, segundo o qual Alencar Soares teria se
comprometido a ficar no tribunal por cinco anos e devolver a cadeira ao
Legislativo para indicação de outro nome. Por meio de sua assessoria, o
conselheiro Sérgio Ricardo afirmou estar "absolutamente tranquilo,
disposto a colaborar com o esclarecimento dos fatos".
A assessoria do conselheiro informou ainda que, durante a operação da
Polícia Federal, foram levados da casa dele documentos e equipamentos
eletrônicos. O G1 tentou contato com Alencar Soares por diversas vezes
nesta terça-feira, mas não conseguiu localizar o ex-conselheiro do TCE.
Fonte: Portal Folha Max - 21/05/2014 - - 11:18:11 BLOG do SOMBRA
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