Com
a nova Política Nacional de Participação Social, o PT busca implantar
mecanismos de democracia direta no país, ao arrepio dos canais
institucionais da nossa democracia representativa.
A melhor maneira de pressionar os governantes continua sendo o voto na urna.
Sociedades maduras devem muito de sua prosperidade a suas instituições.
O
contrato social estabelece regras de convívio e funcionamento das
diversas instâncias. A perenidade das normas orienta o comportamento dos
cidadãos e a democracia oferece meios para participação e
representação.
Tudo dentro da ordem.
Há, porém, os que não comungam destes valores.
Há, porém, os que não comungam destes valores.
Querem
subverter a ordem, atropelar as instituições, instituir seus próprios
princípios de convivência. Consideram regras consagradas como meros
instrumentos de “dominação burguesa”. Opõem-se, com vigor, à democracia
representativa e lutam por formas diretas de manifestação popular.
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Esta é uma visão que predomina entre petistas.
Trata-se
de um vezo segundo o qual tudo o que se interponha no caminho de seu
projeto de poder merece repúdio. Assim se dá com o tratamento dispensado
a órgãos de fiscalização e controle, à imprensa e ao Judiciário, sempre
que não comungam das teses do petismo.
Assim é também em relação ao Congresso.
Assim é também em relação ao Congresso.
No
passado, Lula disse que lá havia “300 picaretas”; hoje, ele e o PT
aliam-se às piores picaretagens de que se tem notícia na história
republicana. Mas o PT quer mais:
quer subverter a representação e impor na marra a vontade das massas.
Quer fazer valer suas vontades na pressão.
A nova Política Nacional de Participação Social (PNPS) insere-se neste contexto. Lançada há dez
dias pela presidente Dilma Rousseff por meio de decreto, expressa como
objetivo “fortalecer e articular os mecanismos e as instâncias
democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a administração
pública federal e a sociedade civil”.
No papel, tudo muito bonito.
Na prática, nem tanto.
O
que o PT parece querer é implantar mecanismos de democracia direta no
país, ao arrepio dos canais institucionais da nossa democracia
representativa.
De acordo com a pregação petista, a sociedade não interfere na administração pública e no processo legislativo.
Será?
Nossos
representantes são democraticamente eleitos para atuar no Parlamento e
para governar. Há inúmeras formas de fiscalizá-los e de cobrá-los, sem
que, no entanto, seja necessário criar novas estruturas burocráticas e
instâncias passíveis de manipulação por parte de movimentos ditos
sociais.
O voto é a melhor arma para punir quem não cumpre os desígnios emanados da sociedade.
O
governo petista brada o slogan “Todo brasileiro tem direito de
participar” como se vivêssemos hoje numa ditadura. Como se não
participássemos.
Como
se o voto fosse algo de somenos importância. Como se o que valesse
mesmo fossem apenas as formas de pressão direta das massas sobre os
governantes.
Há
milênios, a humanidade testa formas de participação que vêm se
aperfeiçoando, mas nenhuma delas mostrou-se mais saudável que a
democracia e seu caráter representativo. O PT prefere
outros caminhos, inspirado, talvez, nas malfadadas experiências que
pipocam pelo nosso continente – usadas, claro, sempre em favor de
governantes caudilhescos.
A
PNPS é mais uma forma de subverter a ordem democrática, de usurpar o
papel das nossas instituições e de fazer valer vontades na marra.
A participação popular precisa, sim, ser fortalecida, com cobrança firme sobre governantes e decisores.
Mas não inventaram nada melhor para isso do que o voto. A urna é a forma mais adequada e direta de melhorar o país.
Mas não inventaram nada melhor para isso do que o voto. A urna é a forma mais adequada e direta de melhorar o país.
Instituto Teotônio Vilela
09 de junho de 2014
BLOG Lorotas políticas e verdades efêmeras
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