segunda-feira, 9 de junho de 2014

Nova Brasil FM 'censura' publicidade que denuncia banco, diz sindicato




Spot de 30 segundos produzido por Sindicato dos Bancários de São Paulo critica demissões no Santander e pede contratações. Emissora sugere texto 'que não fale nome de algum banco específico', mas nega censura
 
por Redação RBA publicado 05/06/2014 14:11 
 
Protesto contra Santander
Sindicato dos Bancários tem realizado manifestações para protestar contra demissões no banco espanhol


São Paulo – A rádio Nova Brasil FM recusou-se a veicular um informe publicitário produzido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. O spot, com duração de 30 segundos, denuncia demissões promovidas pelo banco Santander ao logo do ano passado e o impacto da diminuição do quadro de pessoal nas condições de trabalho e na saúde dos empregados.


O texto do anúncio informa que o lucro do banco espanhol no Brasil, R$ 6 bilhões em 2013, responde por 20% do resultado líquido mundial da instituição – mais que o da matriz na Espanha – e que o desempenho não justificaria o fechamento de 150 agências e de 4.800 postos de trabalho no ano que passou. 

“Para quem fica, o trabalho é insuportável, com assédio moral e metas abusivas”, informa o spot.


Conhecida por uma programação exclusiva de música brasileira, a emissora opera em São Paulo na faixa de FM 89,7 outorgada ao Grupo Sol Panamby. E não é a primeira vez que se recusa a vender espaço publicitário, segundo o sindicato: 

“Infelizmente, minha diretoria não aprovou o texto. Não é possível tentarmos aprovar outro texto que não fale o nome de algum banco específico? Agradeço desde já sua compreensão”, diz o representante da área comercial da emissora em e-mail enviado à entidade. 


A negativa ocorreu no último dia 23, e o spot acabou sendo veiculado em outra emissora.


A diretora executiva do sindicato Maria Rosani Hashizumi, funcionária do Santander, afirma que o episódio causa “indignação”, mas não chega a surpreender. “Já sabemos que os meios de comunicação comerciais têm jornalismo parcial e seletivo, com notícias implacáveis sobre temas nacionais e dóceis quando o assunto é o estado de São Paulo. 

E que a coragem da mídia brasileira é zero quando o problema mexe com grandes corporações, e grandes anunciantes. 

Agora, se recusar a veicular até a publicidade paga pelos trabalhadores é mais do que omissão, é cumplicidade”, diz.


A RBA procurou a direção da Nova Brasil para explicar a razão do veto. A direção da emissora argumentou que a decisão da rádio não tem relação com o fato de o anúncio citar um banco em específico. No entendimento da diretoria, o spot seria ofensivo para uma empresa terceira, o que vai contra a política do grupo.


O grupo Sol Panamby é presidido por Alaíde Quércia, viúva do ex-governador Orestes Quércia, morto em 2010. Segundo seu site, a corporação controla ainda o canal de televisão TVB, com alcance em 70 cidades daquela região do interior de São Paulo, onde retransmite a programação da Record, e da Baixada Santista, onde é retransmissora da Band. A Nova Brasil FM atua no Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Recife e na região de Campinas, onde também opera a Central AM. Em São Paulo, o grupo manteve o extinto Diário Popular e hoje ainda publica o jornal DCI.


Em outra áreas, controla grandes empreendimentos comerciais, como o Centro Empresarial de São Paulo, hoteleiros (Jaraguá, Novotel), imobiliários e de agronegócio.


Leia o texto do spot recusado pela emissora

O Banco Santander lucrou cerca de R$ 6 bilhões em 2013.

A filial brasileira representa 20% do lucro mundial. Bem maior que a matriz espanhola.

E você acha que, com tanto lucro, o Santander precisava fechar 150 agências e reduzir 4.800 postos de trabalho nos últimos 12 meses?

Para quem fica, o trabalho é insuportável, com assédio moral e metas abusivas.
Santander, chega de demissões, contratação já! Estamos em jornada nacional de luta.
Sindicato dos Bancários de São Paulo Osasco e Região, sindicatos associações, Fetec e Contraf.

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