E se o candidato for Lula?
A pesquisa Datafolha divulgada no
fim de semana deixou com um pé atrás partidos aliados da presidente Dilma
Rousseff, no momento em que começam as convenções partidárias para a indicação
dos candidatos a presidente e vice, e reanimou no PT o movimento "Lula
2014".
A pesquisa mostra uma tendência
de queda das intenções de votos na presidente. Ela tinha 37% em maio, agora
está com 35%. Desde fevereiro, Dilma perdeu dez pontos percentuais. Mas seus
principais adversários também caíram: Aécio Neves (PSDB) oscilou de 20% para
19%; Eduardo Campos (PSB) foi de 11% para 7%. Na margem de erro já está
empatado com o Pastor Everaldo (PSC) com 4% das declarações.
Com 34%, Dilma está tecnicamente
empatada com a soma das intenções de votos dos adversários (35%). Os que
pretendem votar em branco, anular o voto ou estão indecisos chegam a 30% do
eleitorado, algo em torno de 42 milhões de votos.
Além da perda de intenções de
voto, a pesquisa registra um aumento da rejeição da presidente (35%) e
pessimismo em relação ao futuro da economia. Esses números deixam inseguros
partidos comprometidos com a coligação pela reeleição de Dilma, na semana em
que começa a temporada de convenções para a homologação da chapa Dilma-Michel
Temer. Duas delas estão marcadas para amanhã: a do PMDB e a do PDT.
Alguns partidos da base tem
pareceres jurídicos sobre as alternativas de cada um, se o PT, em julho, por
exemplo, trocar a candidatura de Dilma pela do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. Os partidos têm até 30 de junho para realizar as convenções. Se
confirmarem a coligação com Dilma, nesse prazo, e o PT depois mudar de
candidato, a aliança não poderia ser mais tarde desfeita, segundo esses
pareceres. A dúvida deve aumentar as dificuldades da presidente nas convenções
dos aliados.
O caso mais dramático é o do
PMDB. O partido será o primeiro a realizar convenção, amanhã, numa manobra da
cúpula partidária para evitar a sangria do apoio a Dilma. Se o PT depois mudar
o candidato, a aliança não poderia mais ser desfeita, segundo esses pareceres.
Lula poderia até trocar o vice Michel Temer, mas teria necessariamente o PMDB
como parceiro de chapa.
O PSD, que já declarou apoio a
Dilma, mas deixou para oficializar a coligação no dia 29, é outro em suspenso:
é certo que dará seu tempo de rádio e televisão a Dilma na convenção, conforme
prometido, mas a situação seria outra se o candidato fosse Lula. Nos bastidores
do PSD já se discute o apoio a Aécio Neves (PSDB) para o partido não ser
surpreendido, depois, por uma troca de candidato no PT.
Mesmo dando a sigla e seu tempo
de televisão para Dilma, a maioria do PSD nos Estados já está acertada com
Aécio. Além disso, avalia que o desgaste hoje não é de Dilma, mas do PT, que
terá problemas na eleição seja com Lula ou com a presidente.
O "Volta, Lula" nunca
foi erradicado do PT. A queda continuada da presidente nas pesquisas alimenta o
movimento e faz com que eminências do partido atuem com mais desenvoltura,
inclusive fora dos círculos do PT. Quem perguntou diretamente a Lula ouviu como
resposta "agora, só se ela pedir". Dilma não vai pedir. (Valor Econômico)
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