segunda-feira, 9 de junho de 2014

Queda de Dilma nas pesquisas assombra partidos às vésperas das convenções.


E se o candidato for Lula?

A pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana deixou com um pé atrás partidos aliados da presidente Dilma Rousseff, no momento em que começam as convenções partidárias para a indicação dos candidatos a presidente e vice, e reanimou no PT o movimento "Lula 2014".

A pesquisa mostra uma tendência de queda das intenções de votos na presidente. Ela tinha 37% em maio, agora está com 35%. Desde fevereiro, Dilma perdeu dez pontos percentuais. Mas seus principais adversários também caíram: Aécio Neves (PSDB) oscilou de 20% para 19%; Eduardo Campos (PSB) foi de 11% para 7%. Na margem de erro já está empatado com o Pastor Everaldo (PSC) com 4% das declarações.

Com 34%, Dilma está tecnicamente empatada com a soma das intenções de votos dos adversários (35%). Os que pretendem votar em branco, anular o voto ou estão indecisos chegam a 30% do eleitorado, algo em torno de 42 milhões de votos.

Além da perda de intenções de voto, a pesquisa registra um aumento da rejeição da presidente (35%) e pessimismo em relação ao futuro da economia. Esses números deixam inseguros partidos comprometidos com a coligação pela reeleição de Dilma, na semana em que começa a temporada de convenções para a homologação da chapa Dilma-Michel Temer. Duas delas estão marcadas para amanhã: a do PMDB e a do PDT.

Alguns partidos da base tem pareceres jurídicos sobre as alternativas de cada um, se o PT, em julho, por exemplo, trocar a candidatura de Dilma pela do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os partidos têm até 30 de junho para realizar as convenções. Se confirmarem a coligação com Dilma, nesse prazo, e o PT depois mudar de candidato, a aliança não poderia ser mais tarde desfeita, segundo esses pareceres. A dúvida deve aumentar as dificuldades da presidente nas convenções dos aliados.

O caso mais dramático é o do PMDB. O partido será o primeiro a realizar convenção, amanhã, numa manobra da cúpula partidária para evitar a sangria do apoio a Dilma. Se o PT depois mudar o candidato, a aliança não poderia mais ser desfeita, segundo esses pareceres. Lula poderia até trocar o vice Michel Temer, mas teria necessariamente o PMDB como parceiro de chapa.

O PSD, que já declarou apoio a Dilma, mas deixou para oficializar a coligação no dia 29, é outro em suspenso: é certo que dará seu tempo de rádio e televisão a Dilma na convenção, conforme prometido, mas a situação seria outra se o candidato fosse Lula. Nos bastidores do PSD já se discute o apoio a Aécio Neves (PSDB) para o partido não ser surpreendido, depois, por uma troca de candidato no PT.

Mesmo dando a sigla e seu tempo de televisão para Dilma, a maioria do PSD nos Estados já está acertada com Aécio. Além disso, avalia que o desgaste hoje não é de Dilma, mas do PT, que terá problemas na eleição seja com Lula ou com a presidente.

O "Volta, Lula" nunca foi erradicado do PT. A queda continuada da presidente nas pesquisas alimenta o movimento e faz com que eminências do partido atuem com mais desenvoltura, inclusive fora dos círculos do PT. Quem perguntou diretamente a Lula ouviu como resposta "agora, só se ela pedir". Dilma não vai pedir. (Valor Econômico)

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