domingo, 29 de junho de 2014

Alckmin adota estilo centralizador depois de crises e protestos





No ano passado, às vésperas dos protestos de junho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) convocou uma reunião para cobrar resultados de seu secretariado. Insatisfeito com a justificativa de um auxiliar para os atrasos nas obras do metrô, o tucano retrucou com uma anedota. 

Um executivo de uma empresa deu ao seu sucessor três cartas para serem abertas em momentos de crise. A primeira recomendava que se colocasse a culpa na gestão anterior. A segunda sugeria a contratação de uma consultoria. 

"E a terceira, que ele pedisse demissão e escrevesse três novas cartas", concluiu.
Nos últimos quatro anos, em que enfrentou crises administrativas e protestos populares, a receita de Alckmin foi adotar um estilo mais incisivo do que o que ele empregou em mandatos anteriores. 

O tucano, apelidado de "picolé de chuchu" pelo temperamento tranquilo, peitou movimentos grevistas, distribuiu broncas públicas e chegou a afirmar que "faltaria guilhotina" se o povo soubesse o que se passa na política. 

Neste domingo (29), o governador terá sua candidatura à reeleição confirmada pela convenção estadual do PSDB. 

O pulso firme, que será explorado na campanha eleitoral deste ano na tentativa de renovar a imagem de Alckmin, não foi a única mudança. 

Com as denúncias de cartel em licitações de trens, o tucano adotou estilo centralizador e cauteloso, o que, segundo auxiliares, atrasou o lançamento de programas e a inauguração de obras. 

Enviado em maio ao Poder Legislativo, balanço do plano plurianual de ações do governo mostrou que, entre as metas previstas para o ano passado, o Poder Executivo não concluiu um em cada três objetivos estabelecidos. 

"Ele faz chamada oral aos secretários, checa a mesma informação com mais de uma pessoa e é intolerante quando um auxiliar não sabe detalhes de um programa", queixou-se um alckmista. 

O governador chega ao dia do lançamento de sua candidatura num cenário diferente daquele em que assumiu o governo, em 2011. Sua popularidade está em queda. A aprovação ao seu governo caiu de 48% para 41% desde então, segundo o Datafolha.
Ele terá menos tempo para fazer propaganda na televisão durante a campanha. 

Alckmin tinha 39% de cada bloco do horário eleitoral em 2010 e agora deverá ter 26%.
A crise de abastecimento de água deu munição para que seus adversários ataquem sua principal marca eleitoral, a de bom gestor. 

VACINA
Em busca de vacinas contra as críticas que sofrerá durante a campanha, o PSDB usará a convenção deste domingo para uma defesa do legado da sigla em São Paulo, Estado que os tucanos governam há quase duas décadas. 

Eles se apresentarão como responsáveis pelo progresso de São Paulo e ressaltarão que o Estado estava quebrado antes da chegada do PSDB. 

Com o slogan "Aqui é São Paulo", a sigla defenderá que, diferentemente do governo federal –para o qual prega a mudança–, no Estado é necessário assegurar as conquistas dos últimos anos, não havendo espaço para "aventureiros" como os adversários do governador. 









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