“Brasileiro é o povo mais otimista do mundo, diz pesquisa do Instituto Gallup World Poll.” A matéria
está no Portal da Copa, o site do governo federal (abre aspas) “sobre a
Copa do Mundo”: “Com nota 8,8, numa escala de 0 a 10, o Brasil voltou a
liderar o ranking, pelo oitavo ano consecutivo. ‘Ninguém vê o futuro
com tanto otimismo quanto o brasileiro’, afirma o ministro-chefe da
Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri”.
Ancelmo Gois também deu a notícia, reproduzida pelos blogs sujos do PT: “não há povo no mundo que acredite mais no futuro do que o brasileiro”. É verdade. (Nem vou questionar os métodos da pesquisa dessa vez.) É por isso que o PT está há 12 anos no poder, prometendo um futuro que nunca chega. “A principal causa do fracasso nacional”, dizia Diogo Mainardi, “é o otimismo psicótico dos brasileiros.”
Na convenção nacional petista, Dilma repetiu como promessas os compromissos que assumira em sua posse e que não conseguiu executar. Fez isso, como destacou Josias de Souza, “sem pronunciar nenhuma frase que pudesse ser entendida como uma autocrítica. Ao contrário.
Em algumas passagens de sua fala, Dilma culpou terceiros pelos malogros do seu governo”. Por exemplo: “o compromisso de melhorar os serviços públicos, antes ‘decisivo, irrevogável e indispensável’, virou [quase quatro anos depois] um objetivo impalpável a ser obtido num futuro incerto, no bojo de um ambicioso ‘Plano de Transformação Nacional’.
Desde que governadores e prefeitos deixem de ser um estorvo para as boas intenções do governo federal.” Encobrir os próprios fracassos* com a afetação de boas intenções é a receita básica da esquerda revolucionária, tanto mais eficiente quanto mais loucamente otimista (lê-se: otário) é o povo.
O que o radialista americano Rush Limbaugh fala do método de Obama se aplica perfeitamente a Dilma: “Você sai e anuncia que você tem essas novas metas monumentais, esses novos planos monumentais, você vai agilizá-los, vai melhorá-los, e é isso. Se eles acontecem ou não, é irrelevante. O crédito a Obama aumenta com o anúncio de sua intenção de melhorar.”
Ou ainda: “Esta é a chave para tudo o que a esquerda faz: boas intenções… Não importa se é um fracasso de política interna ou externa; boas intenções são como a esquerda disfarça e camufla todos os seus fracassos.”
No Brasil, o elogio do otimismo pela imprensa chapa-branca e a rotulação dos adversários como “pessimistas” pelo partido vêm fortalecer a esperança (a “esperança contra o ódio”, como inverte Lula) de que o PT fará em mais quatro anos aquilo que não fez em doze.
Para ajustar o vocabulário ao desejo de mudança manifestado por 74% do eleitorado, Dilma pronunciou 47 vezes palavras ou expressões com o significado de recomeço ou de ajuste, entre elas “transformação” (17 vezes, incluindo variantes), “reforma” (12), “novo ciclo” (7), “mudança” (5), “melhorar” (5), “novo salto” (1). Aécio Neves havia dito no programa Roda Viva: “O governo é tão ruim que até o PT quer mudar”, mas a mudança petista, na verdade, é pura propaganda eleitoral para otimistas bocós.
O que o PT realmente quer mudar, pelo decreto 8.243, é a ordem constitucional do país, trocando a representação eleitoral pelo governo direto de organizações e movimentos criados pelo partido e chamados cinicamente de “sociedade civil”.
A proposta de “gerar novos espaços de participação popular na gestão pública” – e por “popular” entenda-se não do povo, mas desses movimentos – já estava explícita na declaração final do XIX encontro do Foro de São Paulo, realizado em 2013, de modo que o governo Dilma, submetendo a soberania nacional ao poder continental da entidade esquerdista, apenas a colocou em prática para garantir a gestão pública de seus partidários mesmo em caso de derrota nas urnas.
Este sim é o “novo salto” – o salto qualitativo que marca a passagem de qualquer regime para uma ditadura socialista de fato. A lista negra de jornalistas, anunciada pelo vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, é o prenúncio do paredón que virá (talvez à moda Celso Daniel) se não houver iniciativas criativas e corajosas contra os “avanços” dessa gente, que também se reúne com PCC (Luiz Moura) e Black Blocs (Gilberto Carvalho).
Se ainda há tontos para rir da hipótese de fuzilamento, devem ser os mesmos que riam de quem denunciava a existência do Foro e de seu plano ora decretado de implantar o comunismo no Brasil.
A literatura contra o otimismo
Machado de Assis e Lima Barreto até que tentaram, mas não fizeram o povo menos suscetível aos arautos do futuro melhor.
O positivismo, um dos responsáveis por exacerbar o otimismo geral, já teria sido menos danoso ao país se o trecho de “Recordações do Escrivão Isaías Caminha” (1909), de Lima Barreto, em que Isaías analisa o discurso de Raimundo Teixeira Mendes (1855-1927) e seus esboços da ordem futura, tivesse recebido a merecida atenção:
“A quantas necessidades presentes daquele auditório não iria dar remédio a promessa daquela sociedade a vir?! Os homens têm amor à utopia quando condensada em fórmulas de felicidade; e aqueles militares, funcionários, estudantes, encontravam naquelas afirmações, repetidas com tanta segurança e cuja verdade não procuravam examinar, um alimento para a fome de felicidade da espécie e um consolo para os seus maus dias presentes.”
Se Machado de Assis, como lembrava Mainardi, “nunca se deixou contaminar pelo otimismo panglossiano dos brasileiros, evitando aquela euforia irracional que, ao longo de nossa história, sempre resultou em alguma forma de abuso”, o personagem de Barreto também teve seu saudável ceticismo.
De todo modo, soterradas pelo acúmulo de chavões idiotizantes, as mentes brasileiras perdem há pelo menos 105 anos – e mais ainda nas últimas décadas graças a ocupação de espaços culturais e de ensino pela militância – o poder de reação que a liberdade de decisão humana lhes faculta.
Assim como o sucesso do positivismo entre os militares se deveu sobretudo ao Catecismo Positivista (1852) de Auguste Comte que circulava nas escolas (e que, de acordo com Isaías, Teixeira Mendes explicava na Igreja do Apostolado, no Rio), o sucesso do marxismo entre os estudantes universitários se deveu à sua divulgação em manuais de propaganda, que trazia fórmulas prontas de fácil absorção para pessoas incapazes de trabalho intelectual sério.
Foi daí que ambos – as duas alas principais do movimento revolucionário – se propagaram pela sociedade até virarem o “positivismo inconsciente“, de que fala Olavo de Carvalho, e o “marxismo atmosférico“, segundo Nelson Rodrigues, que tornaram o Brasil este eldorado para qualquer projeto de mudança social a ser realizado mediante a concentração de poder.
O otimismo psicótico brasileiro talvez seja incurável e decerto o PT vai otimizá-lo em favor deste seu projeto comunista, no qual quase 60 mil assassinatos por ano no país (137 por dia), o 55º lugar dos estudantes no ranking de leitura do Pisa, o desastre dos hospitais públicos e o Pibinho são só detalhes disfarçados e camuflados com a afetação de boas intenções. Mas se ”campanha é um trabalho de explicar”, como disse Dilma na convenção, resta a oposição parafrasear o (ex?-)comunista José Saramago e explicar ao povo o óbvio ululante:
“Não sou pessimista. O PT é que é péssimo para o Brasil.”
Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil
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PS: “Fracassos”, no caso, em nossa medida; não na da esquerda revolucionária, para a qual muitas vezes o caos é uma conquista premeditada.
Veja também aqui no blog: O cinismo de Dilma – Presidente, na prática, confessa “oportunismo do mais deslavado nível” do PT com o Bolsa-Família, ao acusar Aécio de querer fazer o que os petistas fizeram no governo Lula: remodelar programas existentes / O curioso caso da “elite branca” pobre, negra e “moreninha” contra Dilma “Rodrigues” e o governo do PT. E o troféu Glória Kalil da esquerda vai para… / Conheça o Foro de São Paulo, o maior inimigo do Brasil
Ancelmo Gois também deu a notícia, reproduzida pelos blogs sujos do PT: “não há povo no mundo que acredite mais no futuro do que o brasileiro”. É verdade. (Nem vou questionar os métodos da pesquisa dessa vez.) É por isso que o PT está há 12 anos no poder, prometendo um futuro que nunca chega. “A principal causa do fracasso nacional”, dizia Diogo Mainardi, “é o otimismo psicótico dos brasileiros.”
Na convenção nacional petista, Dilma repetiu como promessas os compromissos que assumira em sua posse e que não conseguiu executar. Fez isso, como destacou Josias de Souza, “sem pronunciar nenhuma frase que pudesse ser entendida como uma autocrítica. Ao contrário.
Em algumas passagens de sua fala, Dilma culpou terceiros pelos malogros do seu governo”. Por exemplo: “o compromisso de melhorar os serviços públicos, antes ‘decisivo, irrevogável e indispensável’, virou [quase quatro anos depois] um objetivo impalpável a ser obtido num futuro incerto, no bojo de um ambicioso ‘Plano de Transformação Nacional’.
Desde que governadores e prefeitos deixem de ser um estorvo para as boas intenções do governo federal.” Encobrir os próprios fracassos* com a afetação de boas intenções é a receita básica da esquerda revolucionária, tanto mais eficiente quanto mais loucamente otimista (lê-se: otário) é o povo.
O que o radialista americano Rush Limbaugh fala do método de Obama se aplica perfeitamente a Dilma: “Você sai e anuncia que você tem essas novas metas monumentais, esses novos planos monumentais, você vai agilizá-los, vai melhorá-los, e é isso. Se eles acontecem ou não, é irrelevante. O crédito a Obama aumenta com o anúncio de sua intenção de melhorar.”
Ou ainda: “Esta é a chave para tudo o que a esquerda faz: boas intenções… Não importa se é um fracasso de política interna ou externa; boas intenções são como a esquerda disfarça e camufla todos os seus fracassos.”
No Brasil, o elogio do otimismo pela imprensa chapa-branca e a rotulação dos adversários como “pessimistas” pelo partido vêm fortalecer a esperança (a “esperança contra o ódio”, como inverte Lula) de que o PT fará em mais quatro anos aquilo que não fez em doze.
Para ajustar o vocabulário ao desejo de mudança manifestado por 74% do eleitorado, Dilma pronunciou 47 vezes palavras ou expressões com o significado de recomeço ou de ajuste, entre elas “transformação” (17 vezes, incluindo variantes), “reforma” (12), “novo ciclo” (7), “mudança” (5), “melhorar” (5), “novo salto” (1). Aécio Neves havia dito no programa Roda Viva: “O governo é tão ruim que até o PT quer mudar”, mas a mudança petista, na verdade, é pura propaganda eleitoral para otimistas bocós.
O que o PT realmente quer mudar, pelo decreto 8.243, é a ordem constitucional do país, trocando a representação eleitoral pelo governo direto de organizações e movimentos criados pelo partido e chamados cinicamente de “sociedade civil”.
A proposta de “gerar novos espaços de participação popular na gestão pública” – e por “popular” entenda-se não do povo, mas desses movimentos – já estava explícita na declaração final do XIX encontro do Foro de São Paulo, realizado em 2013, de modo que o governo Dilma, submetendo a soberania nacional ao poder continental da entidade esquerdista, apenas a colocou em prática para garantir a gestão pública de seus partidários mesmo em caso de derrota nas urnas.
Este sim é o “novo salto” – o salto qualitativo que marca a passagem de qualquer regime para uma ditadura socialista de fato. A lista negra de jornalistas, anunciada pelo vice-presidente do PT, Alberto Cantalice, é o prenúncio do paredón que virá (talvez à moda Celso Daniel) se não houver iniciativas criativas e corajosas contra os “avanços” dessa gente, que também se reúne com PCC (Luiz Moura) e Black Blocs (Gilberto Carvalho).
Se ainda há tontos para rir da hipótese de fuzilamento, devem ser os mesmos que riam de quem denunciava a existência do Foro e de seu plano ora decretado de implantar o comunismo no Brasil.
A literatura contra o otimismo
Machado de Assis e Lima Barreto até que tentaram, mas não fizeram o povo menos suscetível aos arautos do futuro melhor.
O positivismo, um dos responsáveis por exacerbar o otimismo geral, já teria sido menos danoso ao país se o trecho de “Recordações do Escrivão Isaías Caminha” (1909), de Lima Barreto, em que Isaías analisa o discurso de Raimundo Teixeira Mendes (1855-1927) e seus esboços da ordem futura, tivesse recebido a merecida atenção:
“A quantas necessidades presentes daquele auditório não iria dar remédio a promessa daquela sociedade a vir?! Os homens têm amor à utopia quando condensada em fórmulas de felicidade; e aqueles militares, funcionários, estudantes, encontravam naquelas afirmações, repetidas com tanta segurança e cuja verdade não procuravam examinar, um alimento para a fome de felicidade da espécie e um consolo para os seus maus dias presentes.”
Se Machado de Assis, como lembrava Mainardi, “nunca se deixou contaminar pelo otimismo panglossiano dos brasileiros, evitando aquela euforia irracional que, ao longo de nossa história, sempre resultou em alguma forma de abuso”, o personagem de Barreto também teve seu saudável ceticismo.
De todo modo, soterradas pelo acúmulo de chavões idiotizantes, as mentes brasileiras perdem há pelo menos 105 anos – e mais ainda nas últimas décadas graças a ocupação de espaços culturais e de ensino pela militância – o poder de reação que a liberdade de decisão humana lhes faculta.
Assim como o sucesso do positivismo entre os militares se deveu sobretudo ao Catecismo Positivista (1852) de Auguste Comte que circulava nas escolas (e que, de acordo com Isaías, Teixeira Mendes explicava na Igreja do Apostolado, no Rio), o sucesso do marxismo entre os estudantes universitários se deveu à sua divulgação em manuais de propaganda, que trazia fórmulas prontas de fácil absorção para pessoas incapazes de trabalho intelectual sério.
Foi daí que ambos – as duas alas principais do movimento revolucionário – se propagaram pela sociedade até virarem o “positivismo inconsciente“, de que fala Olavo de Carvalho, e o “marxismo atmosférico“, segundo Nelson Rodrigues, que tornaram o Brasil este eldorado para qualquer projeto de mudança social a ser realizado mediante a concentração de poder.
O otimismo psicótico brasileiro talvez seja incurável e decerto o PT vai otimizá-lo em favor deste seu projeto comunista, no qual quase 60 mil assassinatos por ano no país (137 por dia), o 55º lugar dos estudantes no ranking de leitura do Pisa, o desastre dos hospitais públicos e o Pibinho são só detalhes disfarçados e camuflados com a afetação de boas intenções. Mas se ”campanha é um trabalho de explicar”, como disse Dilma na convenção, resta a oposição parafrasear o (ex?-)comunista José Saramago e explicar ao povo o óbvio ululante:
“Não sou pessimista. O PT é que é péssimo para o Brasil.”
Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil
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PS: “Fracassos”, no caso, em nossa medida; não na da esquerda revolucionária, para a qual muitas vezes o caos é uma conquista premeditada.
Veja também aqui no blog: O cinismo de Dilma – Presidente, na prática, confessa “oportunismo do mais deslavado nível” do PT com o Bolsa-Família, ao acusar Aécio de querer fazer o que os petistas fizeram no governo Lula: remodelar programas existentes / O curioso caso da “elite branca” pobre, negra e “moreninha” contra Dilma “Rodrigues” e o governo do PT. E o troféu Glória Kalil da esquerda vai para… / Conheça o Foro de São Paulo, o maior inimigo do Brasil
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