segunda-feira, 23 de junho de 2014

Augusto Nunes No vídeo, o ex-presidente que odeia doutores e livros confessa: ‘Eu sou muito preguiçoso. É uma questão de hábito’

Augusto Nunes

Atualizado às 11h30


O almoço que precedeu a convenção nacional do PT deve ter sido bastante animado, sugere a frase em que Lula acusou a imprensa independente de fazer o que anda fazendo o orador há 40 anos: “A mídia golpeia, falseia, manipula, distorce, censura e suprime fatos”. O palanque ambulante quis caricaturar jornalistas que insistem em ver as coisas como as coisas são. Acabou desenhando um autorretrato.

E a sobremesa foi longe, informa o trecho da discurseira em que Lula reincidiu na celebração da ignorância. “Esse país foi a vida inteira governado por doutores, engenheiros e intelectuais, mas eu não vou citar nomes porque ele vai pensar que eu estou falando dele”, recitou. (“Ele”, claro, é FHC, que está para Lula como a kriptonita para o Super-Homem). “Por que, então, essa gente não resolveu o problema da educação no Brasil?”

Se não resolveram o problema por inteiro, os presidentes que sabiam ler e escrever ao menos evitaram que a rede de ensino público se transformasse na imensa usina de analfabetos funcionais inaugurada pelos inventores do Brasil Maravilha. E nenhum deles precisou fantasiar-se de doutor honoris causa para esconder o cérebro baldio, filho da vadiagem intelectual confessada por Lula no vídeo de 31 segundos.

Numa noite de 1981, intrigado com meia dúzia de citações declamadas pelo entrevistado do programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, o teatrólogo Flávio Rangel resolveu desvendar o enigma. “Você não está estudando nada? Você sente necessidade de estudar?”, pergunta Rangel ao líder metalúrgico que no ano anterior fundara o PT.

Daqui a muitas décadas, quando este estranho início de século for apenas um asterisco nos livros de História do Brasil, multidões de visitantes continuarão a aglomerar-se diante do vídeo exposto no Museu da Era da Mediocridade, assombrados com o que diz um futuro presidente da República.

A resposta se compõe de cinco frases. Nas quatro primeiras, Lula sucumbe a um surto de sinceridade:

“Primeiro, eu acho que eu sou muito preguiçoso. Até pra ler eu sou preguiçoso. Eu não gosto de ler, eu tenho preguiça de ler. Pelo hábito, isso é questão de hábito. Tem companheiro que passa um dia lendo um livro. Eu não consigo”.

A confissão do preguiçoso sem cura é interrompida pela quinta e última frase, que denuncia um feroz inimigo da verdade:

Eu tô com um livro pra ler, aquele, “1964, A Conquista do Estado”, e faz três meses que eu tô na página 300″.

A cara de quem está contando outra mentira confirma que, se é que abrira o livro, não havia chegado a 300 linhas. Passados mais de 30 anos, Lula não lê nem 30 palavras.

Nenhum comentário: