segunda-feira, 23 de junho de 2014

FOLHA Editorial: Pouca mudança


FOLHA DE SÃO PAULO

Continuidade e mudança: este seria o eixo que, nominalmente, orienta a campanha pela reeleição de Dilma Rousseff à Presidência da República. Não sem habilidade, o lema procura dar conotação positiva às atuais dificuldades da postulação petista.

Com a popularidade em baixa, num clima de pessimismo econômico, Dilma não tem como se apresentar ao eleitorado sem acenar com alguma correção de rumos.

Ao mesmo tempo, busca reassegurar os que a apoiam –e a manutenção das políticas sociais aprofundadas a partir do governo Lula constitui, por assim dizer, o marco mínimo a partir do qual traçar o discurso de campanha.

Embora o binômio da continuidade e da mudança expresse um equilíbrio retórico delicado, não se trata, em tese, de nenhuma quadratura do círculo. Mas os problemas dessa formulação se amplificam quando se tenta concretizá-la.

Vieram acrescidos de sérias contradições, aliás, na cerimônia de oficialização da candidatura Dilma, ocorrida neste sábado (21).

Mudanças, por certo, são necessárias; mas quais? Além de promessas requentadas sobre desburocratização, universalização da banda larga e reforma política, em torno de que prioridades se aglutina o heterogêneo espectro de alianças partidárias que, agora com a exceção do PTB, supostamente daria base parlamentar aos projetos legislativos de Dilma?

Quanto à "continuidade", tampouco é claro o que significa. Até mesmo os setores mais entusiastas do petismo sabem que a lista das demandas sociais tende a ser inesgotável, e que a pauta de benefícios agora colocada pela sociedade é de outra natureza.

A bandeira da continuidade só se sustenta, em termos eleitorais, por meio de outro recurso: o da demonização do adversário. Seria para evitar uma "volta ao passado" –com o fantasma de um declínio no nível de renda dos mais pobres– que valeria a pena manter tudo como está.

Surge a partir daí um outro binômio, este sim perverso, na orientação da campanha petista. Enquanto a candidata Dilma Rousseff aposta num perfil mais simpático e aberto ao diálogo com outros setores da sociedade, em especial o empresariado, Lula e outras figuras do PT alimentam a sede de maniqueísmo da militância.

Na convenção de sábado, alternou-se a atitude vitimizante que atribui a conspirações de direita o "ódio" contra o PT e o discurso inverso, o do ataque indiscriminado. Nesse mar de contradições em que o partido navega, o dedo apontado contra as "elites brancas" não impede a mão estendida a antigos defensores do regime militar.

Comentários


X(6881)

As propostas apresentadas até agora revelam a falta de visão estratégica dos políticos. É a mesma coisa que pensar só na receita do bolo e ignorar toda a cadeia logística necessária para que a receita seja viabilizada. O governo ainda acredita que pode fazer tudo sozinho a revelia da sociedade. Sem uma visão estratégica clara que possa aglutinar a sociedade em torno da mesma, continuaremos dando um passo para frente e dois para trás.

LUIZ RUIVO FILHO (5812)

O Pessoal da Ilha da Fantasia nunca teve plano serio, seguro e confiável ao longo destes anos, salvo improvisações para beneficiar alguns setores e que se repete atualmente, embora não tenha mostrado nenhum progresso. A "reforma política" deve originar novos Ministérios e inchar a maquina administrativa com indolentes. A rigor, repete o mesmo programa e sem possibilidade de progredir face a falta de criatividade somada à incompetência. Enfim, as mesmas balelas para gáudio da galera ignara.

caréca (1958)

Se algo eu puder fazer para ajudar qualquer governo! Que seja bater lata nas ruas! Farei pela reforma política, pois não aguento mais este jogo de acusações, desta política suja que reina na história Brasileira. Aqui se ver o sujo falar do mau lavado, do incompetente falar da incompetência do outro e do mau intencionado falar da mau intenção dos outros.

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