Alianças políticas costuradas nos
últimos dias obrigarão a presidente Dilma Rousseff a dividir com seus
principais adversários na corrida presidencial o apoio dos dois maiores
palanques montados para as eleições deste ano no terceiro maior colégio
eleitoral do país, o Rio de Janeiro.
No domingo (22), o senador
mineiro Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência da República, fechou
acordo com o PMDB do Rio para entrar na chapa do governador Luiz Fernando
Pezão, um eleitor declarado de Dilma, que concorre à reeleição com o apoio do
PMDB.
O acordo foi fechado no
apartamento de Aécio no Rio, com a presença de Pezão e seu padrinho político, o
ex-governador Sérgio Cabral. O apoio do PSDB garantirá a Pezão mais tempo para
fazer propaganda no rádio e na televisão e a Aécio, estrutura para fazer
campanha no Rio.
O acerto deverá ser anunciado
nesta segunda-feira (23) por Pezão e pelo presidente do diretório estadual do
PMDB, Jorge Picciani, principal mentor da aproximação com Aécio. No início de
junho, ele reuniu 1.500 pessoas num ato de apoio ao presidenciável tucano no
Rio. Com o PSDB a seu lado, Pezão
ampliará de 9 minutos para cerca de 12 minutos o tempo de sua coligação em cada
bloco de 25 minutos de propaganda no horário eleitoral, que começa em agosto.
O acordo com o PMDB é o segundo
golpe sofrido pela base governista no Rio em poucos dias. Na sexta (20), o PSB
do ex-governador Eduardo Campos, outro rival de Dilma na eleição presidencial,
selou aliança com o candidato do PT ao governo estadual, o senador Lindbergh
Farias.
As duas alianças enfraquecem a
campanha de Dilma, reduzindo o empenho que os candidatos dos dois maiores
partidos da base governista poderiam ter na campanha da presidente se não
tivessem se unido a seus adversários.
Embora a cúpula do PMDB esteja
comprometida com a candidatura de Dilma à reeleição, o partido se distanciou do
PT em vários Estados, num sinal do desconforto que a longa parceria com os
petistas causa nas bases do partido.
O acordo de Pezão com Aécio abriu
espaço na chapa do PMDB para outro adversário dos petistas, o vereador e
ex-prefeito César Maia (DEM), que deverá concorrer ao Senado no lugar do
ex-governador Cabral, que deixou o cargo com a popularidade em baixa e agora
desistiu da disputa.
Com a aliança de Campos e Lindbergh
Farias, o candidato da chapa petista ao Senado será o deputado e ex-jogador de
futebol Romário (PSB), que já declarou que não votará em Dilma.
Contrário à aliança do PMDB com
os tucanos e defensor do alinhamento com o governo federal, mas minoritário
dentro do partido, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), divulgou nota em que
classificou o acordo como um "bacanal eleitoral". "O conjunto de avanços que o
Rio e a população vêm colhendo nos últimos anos é resultado de uma soma de
forças políticas que têm trabalhado de maneira coerente", afirmou Paes na
nota.
Ele fez referência a declaração
anterior do deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), que na semana passada chamou de
"suruba" a aliança feita por Campos com Lindbergh. "Depois da
suruba, o que se vê agora é o bacanal eleitoral, e o Rio não pode ser vítima
dele", disse Paes.(Folha de São Paulo)
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