BIOGRAFIA DE UMA REPRESENTANTE DA ELITE BRANCA DE SÃO PAULO
VICENTINA RIBEIRO DA LUZ (1896 -1978) nasceu
a 1º de maio de 1896, no largo de São Paulo, na cidade de São Paulo e faleceu a
6 de janeiro de 1978. Era filha do engenheiro Cristiano Carneiro da Luz e de
Dona Maria Vicentina Ribeiro da Luz.
Dona Vicentina iniciou seus estudos em São
Paulo, no Externato São José. Em virtude do trabalho de seu pai como
engenheiro, a família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde continuou seus
estudos na escola: Colégio Imaculada Conceição, na praia de Botafogo. Em 1908,
todos retornaram a São Paulo, instalando-se definitivamente num casarão à Rua
Artur Prado, onde Dona Vicentina viveu até o fim da vida. Aqui, terminou seus
estudos equivalentes ao ginásio, no Externato “Madame Ivanko”.
Participava da sociedade paulista da época,
jogava tênis no Clube Paulistano, tendo sido condecorada por várias vezes
campeã, gostava de pintura, xilogravura, bordado, tocava piano e era pessoa
considerada excelente contralto. Isto tudo, sem contar que foi uma das
primeiras mulheres na cidade de São Paulo, a dirigir automóvel.
Em 1928, acompanhando seu pai em visita a
algumas propriedades situadas à Rua Visconde de Parnaíba, no Brás, zona leste
da Capital, entrou em contato com o meio operário. Viu e sentiu o problema das
crianças pelas ruas, cujos pais saiam cedo para o trabalho.
Isso a motivou para o início de um trabalho
de visitas a famílias pobres daquela região. Assim, Dona Yayá, como era
conhecida, jovem ainda, deixa a vida em sociedade para dedicar-se integralmente
ao trabalho de atendimento aos pobres.
Sentindo-se ainda sem experiência para um
trabalho mais abrangente, mas sempre incentivada por seu pai, participava de
associações como a Liga das Senhoras Católicas e Associação Cívica Feminina.
Em 1932, por ocasião da Revolução
Constitucionalista, foi diretora do Posto de Assistência à população civil
localizado na zona leste. No mesmo ano, consciente dos problemas da mulher mãe
e operária, que deixa seus filhos sozinhos para poder trabalhar, Dona Yayá e algumas
professoras, alugaram uma casa no Brás, bairro eminentemente fabril, naquela
época. Era o início do Centro de Assistência Social Brás - Mooca, instituição
que se dedicou à proteção da mulher que trabalha fora do lar, assim como de
suas crianças, prestando assistência no campo alimentar, educacional, médico e
sanitário.
Durante a guerra, organizou um serviço de
assistência aos convocados, instalado no Posto de Abastecimento da Imigração do
Brás.
Atuando perto da Hospedaria dos Imigrantes,
Dona Vicentina detectou um dos problemas que ainda afligem nossa metrópole: a
imigração desordenada de pessoas do interior para a cidade grande, na ilusão de
uma vida mais fácil.
Essa pioneira do serviço Social na cidade de
São Paulo possuía uma visão profunda e crítica dos problemas sociais. “Além de
fundar escolas primárias junto a várias igrejas, fundou ainda as creches:
“Nossa Senhora Aparecida”, “Nossa Senhora do Bom Conselho”, Nossa Senhora de
Lourdes” e “Nossa Senhora de Fátima”, sendo todas pertencentes à zona leste de
São Paulo.
No ano de 1949, a pedido do juiz de Menores,
formou um internato para abrigar meninos na faixa etária de 3 a 5 anos, situado
à Rua João Caetano, no prédio onde funcionava uma antiga escola alemã, chegando
a ter 50 internos, que foram cuidados e acompanhados até os 12 anos de idade,
sendo então encaminhados a outras organizações.
Até o fim da vida, Dona Yayá ficou à testa do
Centro, dirigindo-o e orientando-o. Disponibilidade e entrega a um grande ideal
orientado por fé e profunda devoção religiosa marcou sua vida, que será sempre
revivida através daqueles que receberam seu apoio, ou por aqueles que
conheceram seu exemplo pioneiro e cheio de coragem.
Foto atual da Creche Brás Mooca
Foto atual da Creche Brás Mooca
Nenhum comentário:
Postar um comentário