segunda-feira, 23 de junho de 2014

Elite branca tem bom coração!



BIOGRAFIA DE UMA REPRESENTANTE DA ELITE BRANCA DE SÃO PAULO





VICENTINA RIBEIRO DA LUZ (1896 -1978) nasceu a 1º de maio de 1896, no largo de São Paulo, na cidade de São Paulo e faleceu a 6 de janeiro de 1978. Era filha do engenheiro Cristiano Carneiro da Luz e de Dona Maria Vicentina Ribeiro da Luz.


Dona Vicentina iniciou seus estudos em São Paulo, no Externato São José. Em virtude do trabalho de seu pai como engenheiro, a família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde continuou seus estudos na escola: Colégio Imaculada Conceição, na praia de Botafogo. Em 1908, todos retornaram a São Paulo, instalando-se definitivamente num casarão à Rua Artur Prado, onde Dona Vicentina viveu até o fim da vida. Aqui, terminou seus estudos equivalentes ao ginásio, no Externato “Madame Ivanko”.


Participava da sociedade paulista da época, jogava tênis no Clube Paulistano, tendo sido condecorada por várias vezes campeã, gostava de pintura, xilogravura, bordado, tocava piano e era pessoa considerada excelente contralto. Isto tudo, sem contar que foi uma das primeiras mulheres na cidade de São Paulo, a dirigir automóvel.


Em 1928, acompanhando seu pai em visita a algumas propriedades situadas à Rua Visconde de Parnaíba, no Brás, zona leste da Capital, entrou em contato com o meio operário. Viu e sentiu o problema das crianças pelas ruas, cujos pais saiam cedo para o trabalho.  

 Isso a motivou para o início de um trabalho de visitas a famílias pobres daquela região. Assim, Dona Yayá, como era conhecida, jovem ainda, deixa a vida em sociedade para dedicar-se integralmente ao trabalho de atendimento aos pobres.


Sentindo-se ainda sem experiência para um trabalho mais abrangente, mas sempre incentivada por seu pai, participava de associações como a Liga das Senhoras Católicas e Associação Cívica Feminina.


Em 1932, por ocasião da Revolução Constitucionalista, foi diretora do Posto de Assistência à população civil localizado na zona leste. No mesmo ano, consciente dos problemas da mulher mãe e operária, que deixa seus filhos sozinhos para poder trabalhar, Dona Yayá e algumas professoras, alugaram uma casa no Brás, bairro eminentemente fabril, naquela época. Era o início do Centro de Assistência Social Brás - Mooca, instituição que se dedicou à proteção da mulher que trabalha fora do lar, assim como de suas crianças, prestando assistência no campo alimentar, educacional, médico e sanitário.


Durante a guerra, organizou um serviço de assistência aos convocados, instalado no Posto de Abastecimento da Imigração do Brás.    
       

Atuando perto da Hospedaria dos Imigrantes, Dona Vicentina detectou um dos problemas que ainda afligem nossa metrópole: a imigração desordenada de pessoas do interior para a cidade grande, na ilusão de uma vida mais fácil.


Essa pioneira do serviço Social na cidade de São Paulo possuía uma visão profunda e crítica dos problemas sociais. “Além de fundar escolas primárias junto a várias igrejas, fundou ainda as creches: “Nossa Senhora Aparecida”, “Nossa Senhora do Bom Conselho”, Nossa Senhora de Lourdes” e “Nossa Senhora de Fátima”, sendo todas pertencentes à zona leste de São Paulo.


No ano de 1949, a pedido do juiz de Menores, formou um internato para abrigar meninos na faixa etária de 3 a 5 anos, situado à Rua João Caetano, no prédio onde funcionava uma antiga escola alemã, chegando a ter 50 internos, que foram cuidados e acompanhados até os 12 anos de idade, sendo então encaminhados a outras organizações.


Até o fim da vida, Dona Yayá ficou à testa do Centro, dirigindo-o e orientando-o. Disponibilidade e entrega a um grande ideal orientado por fé e profunda devoção religiosa marcou sua vida, que será sempre revivida através daqueles que receberam seu apoio, ou por aqueles que conheceram seu exemplo pioneiro e cheio de coragem.

  Foto atual da Creche Brás Mooca

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