Mônica Villela Grayley, enviada especial da Rádio ONU a Nairobi.
Crimes ambientais estão ajudando a financiar atividades ilegais de grupos terroristas, milícias e contrabandistas. A informação faz parte do relatório "A Crise do Crime Ambiental" divulgado nesta terça-feira em Nairóbi, no Quênia.
O documento foi compilado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, em parceria com a Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal. Segundo o levantamento, o crime ambiental gera até US$ 213 bilhões, o equivalente a cerca de R$ 490 bilhões.
RD Congo
Um dos participantes do lançamento do relatório em Nairóbi, Christian Nellemann, afirmou que o contrabando de vida selvagem estaria financiando grupos rebeldes na República Democrática do Congo.
Outros grupos no centro da África movimentam até US$ 12 milhões com tráfico de madeira e de marfim, o que está levando à redução da população de elefantes no continente.
O chefe do Pnuma, Achim Steiner, afirmou que além do impacto ambiental, o tráfico ilegal de espécies da fauna e da flora também está privando vários países do desenvolvimento econômico. Ele citou o caso do Quênia, onde o turismo tem um papel fundamental na economia. Dados oficiais indicam que o setor emprega 600 mil pessoas.
Nesta entrevista à Radio ONU, em Nairóbi, Achim Steiner falou sobre exemplos de combate ao crime ambiental que estão sendo levados a cabo por países como Brasil e Moçambique, além de outros.
Amazônia
"As iniciativas do governo brasileiro, dentro da região da Amazônia, é um exemplo do que podemos fazer se houver uma responsabilidade a nível nacional. Com o sistema jurídico, a polícia federal, a polícia local, mas também com o público, porque ele é o mercado para estes produtos."
O relatório do Pnuma e da Interpol revelou também que somente o contrabando de madeira e outros crimes florestais podem gerar até US$ 100 bilhões, o equivalente entre 10% e 30% do comércio global de madeira.
Segundo a Interpol, o crime ambiental deve ser encarado da mesma forma que outros tipos de crime. O diretor-assistente da entidade informou que a crise no continente africano do tráfico de vida selvagem levou a polícia internacional a decidir aumentar sua presença no Quênia.
Em setembro, uma equipe de sete especialistas deve chegar a Nairóbi para começar a combater o problema.
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