quarta-feira, 25 de junho de 2014

Para causar inveja em Goebbels: os jogos sujos de Paulo Nogueira para defender a lista vergonhosa de Alberto Cantalice

nogueira_goebbels


Imagine que você começa a conversar com um esquerdista. Indignado com a quantidade assustadora de sandices proferida por ele, você começa a sentir pena do infeliz. Em seguida, tenta compreender os motivos para tantos delírios. Pensa você: como ele pode se enganar tanto? A partir desse momento, ele te venceu.


Isso ocorre por que em muitos casos temos o costume de visualizar nós mesmos nos outros. Com isso, pensamos que se buscamos saber a verdade dos fatos, os nossos oponentes farão a mesma coisa. Logo, pensa o ingênuo: se ele está com informações e argumentos falsos, deve estar “enganado”. Mas o sistema esquerdista de pensamento funciona de maneira exatamente oposta. Tudo que eles proferem não passa de uma série de truques projetados para enganar incautos.


Quando eu lanço este tipo de constatação, alguns (poucos, felizmente) ainda dizem que há um certo ar de ceticismo destrutivo, o que poderia ser até injusto com os esquerdistas. Será mesmo? Quando este tipo de objeção surge, sinto um prazer especial em usar mais estudos de caso.


É o momento onde avaliarei o texto “Os que promoveram caça às bruxas agora reclamam de lista negra”, de Paulo Nogueira, publicado no blog Viomundo. Conforme veremos, não há nada além de truques sujos no discurso de Nogueira. Tanto que defendo uma nova dialética para tratar o conteúdo dessa gente. Assim como fazia James Randi com médiuns, boa parte de nossa ação deveria ser focada em expor os truques contidos no discurso alheio, mostrar como os truques são arquitetados e criar formas das pessoas irem aos poucos ficando imunes a estes truques.
 
Vamos começar:
Outro dia li uma expressão do Nobel de Economia Paul Krugman e pensei exatamente no tipo de jornalista da pequena lista de Trajano. São os “sicários da plutocracia”. São pagos, às vezes muito bem pagos, apenas para defender os interesses de seus patrões. Os Marinhos, ou os Frias, ou os Civitas, ou os Mesquitas, não podem, eles mesmos, assinar artigos em defesa de suas próprias causas. Então contratam pessoas como as de que Trajano trata.
Aqui há uma mistura de dois jogos: Simulação de guerra de classes com Teoria de Conspiração. Mas como já disse, são apenas jogos sujos, pois no caso de Nogueira eles se baseiam em mentiras deslavadas. Segundo Nogueira, a mídia conspira para manter o seu poder e por isso usa falsos jornalistas que escrevem a favor desses donos do poder. 


Essa é a única explicação que ele tem para a existência de jornalistas que criticam o governo. Como diria o cético profissional, vamos testar?


Primeiro, vejamos o programa CQC, funcionando praticamente como um aparelho do governo:


Em seguida, veja de que lado estão os “poderosos”, clicando aqui, onde você poderá ver que o PT recebe mais doações de empresas que o PSDB, PMDB e PSB juntos. E não são doações de botecos de esquina, mas de empresas como Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Correa e JSB. Alias, você sabia que a Petrobrás está gastando 120 milhões para pagar ações trabalhistas de empresas… terceirizadas? Dinheiro este que deveria sair do bolso dos poderosos que apoiam o governo, mas estão saindo dos teus impostos.



Já mostrei aqui as evidências de que tudo que o PT fala sobre a mídia é mentira. Na verdade, os meios de comunicação dão muito mais espaço aos esquerdistas do que aos direitistas (aliás, podemos contar nos dedos das mãos do Lula o número de colunistas de direita). Em prol de sua argumentação, Nogueira nos garante que os jornalistas que falam “em nome dos barões da mídia” são meia dúzia de gatos pingados. 


Isso realmente não faz o  menor sentido, pois se fosse para os jornalistas de direita servirem aos interesses “dos poderosos da mídia”, seriam a maioria nestes meios de comunicação, não a minoria. Enfim, a alegação de Nogueira é mais falsa que propaganda de pasta de dente.


Vamos a outros jogos, complementando os anteriores:

Muitos leitores, em sua ingenuidade desumana, vêem alguma coragem nos “sicários da plutocracia”. É o oposto. Ao se alinhar aos poderosos – aqueles que fizeram o Brasil ser um dos campeões mundiais da desigualdade – eles têm toda a proteção que o dinheiro é capaz de oferecer. Não correm risco de ficar sem emprego, por exemplo. Podem cometer erros grosseiros de avaliação, de prognóstico, de estilo, do que for. Mesmo assim, estarão seguros porque cumprem o papel de voz dos que podem muito.

Já mostrei que o discurso de “sicários da plutocracia” se aplica mais a Paulo Nogueira e os membros da mídia governista do que a qualquer outra pessoa. São os poderosos apoiados por Paulo Nogueira que puderam chantagear o SBT com a ameaça de retirada de verbas na ordem de R$ 150 milhões por ano. Que empresa “poderosa” privada poderia fazer chantagem deste tipo? Sendo assim, vamos aos outros jogos…


É evidente que ele usa o jogo Acuse-os do que fazemos, passando a imputar nos seus oponentes todas as características intrínsecas a ele e seus amigos. Ele sabe que está protegido por verbas estatais, e qualquer pessoa com QI de dois dígitos ou mais sabe que não há maior concentração de poder do que no estado. Especialmente um estado socialista que se alia às empresas mais poderosas do país, como mostrei agora há pouco.


É claro que é preciso de coragem para se opor à todo o poder estatal que o PT tem usado, especialmente depois do caso da censura sutil lançada contra Rachel Sheherazade. Gostem os petistas ou não, a partir da ameaça de corte de verbas do SBT (feita por líderes do PSOL e PCdoB, partidos da base aliada do PT), todo aquele que se opor ao partido em qualquer meio de comunicação está lutando contra tiranos. 

É coisa de gente com coragem.

Para justificar as sandices de Trajano, Nogueira diz:
Há um cansaço generalizado, uma irritação crescente com os “sicários da plutocracia”. Não apenas pela soberba vazia, pela arrogância de quem sabe que terá microfone em qualquer circunstância, não apenas pela vilania constante.
A novidade aqui são os jogos Coletivismo Exacerbado e Ausência deliberada de senso de proporções, junto com os anteriores. Com o primeiro jogo, Nogueira finge que a raiva de José Trajano é uma “raiva do povo”. É o eterno truque de dizer que “a sociedade civil disse isso” ou “o trabalhador pediu isso”. 


Com o segundo, ele ignora o fato de que as pesquisas mostram que a insatisfação com o governo atual é bem grande, o que nos leva a uma conclusão oposta a de Nogueira: a manifestação dos poucos colunistas de direita é até amena perto do grau de insatisfação da população brasileira. Como se nota, Nogueira é um inimigo mortal da verdade.


Mais jogos se seguem:

Mas pela compreensão de que eles [os colunistas de direita] representam um obstáculo brutal ao avanço social brasileiro. Eles estão na linha de frente da resistência a um Brasil menos desigual. Eles surgem em circunstâncias especiais. Seu papel é minar, perante a opinião pública, administrações populares. O maior da espécie, Carlos Lacerda, se notabilizou ao levar GV ao suicídio e Jango à deposição. Eles sumiram nas décadas que se seguiram ao Golpe de 64, por serem desnecessários. O Estado – com os incríveis privilégios e mamatas à base de dinheiro público — estava ocupado pela plutocracia. Já não tinham serventia.
Como você pode ter percebido, as duas primeiras linhas são o jogo da Simulação de guerra de classes, baseada em falsificação da realidade, portanto nem preciso comentar. Vou focar aqui no que é novo, como por exemplo o jogo da Inversão do sujeito-objeto (identificado por Olavo de Carvalho, como parte do framework sobre a estrutura da mentalidade revolucionária), que é o “must” do bloquinho acima, como sempre, recheado de mentiras do início ao fim.


Neste jogo, observe a cara de pau de dizer que Carlos Lacerda “levou GV ao suicídio”. 

A realidade, no entanto, é o inverso do que diz Nogueira: Lacerda foi vítima de um atentado (no qual morreu o major Rubem Vaz), e os autores do crime  confessaram o envolvimento do chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas, Gregório Fortunato, e do irmão do presidente, Benjamin Vargas. Getúlio se suicidou por constrangimento diante de todo esse papelão. Isto é, Lacerda não “levou ninguém a fazer qualquer coisa que seja”. Eis então o truque da inversão de sujeito-objeto tentado por Nogueira. Coisa de maluco ou intelectualmente desonesto.


Em relação à Jango que “foi levado à deposição”, basta ver as evidências trazidas pelo General Heleno abaixo, mostrando que João Goulart foi culpado de tudo que aconteceu com ele. Quem mandou financiar um golpe militar (comunista) que não tinha adesão suficiente? O resultado foi um contra-golpe legítimo.

Mais:
É um processo curioso: quanto menos votos têm os representantes da plutocracia, mais colunistas da direita vão aparecendo. É como se houvesse a esperança de, uma hora, aparecer um novo Lacerda e resolver o problema.
 
O jogo agora é simples. Dizer: Eles estão sozinhos, só tem os poderosos ao seu lado. Ele chega até a dizer que esses colunistas estão cada vez mais sozinhos. E por estarem cada vez mais sozinhos, mais colunistas aparecerão. Mais uma vez, um raciocínio que não faz o menor sentido. Emir Sader já havia tentado este jogo tempos atrás, mas Felipe Moura Brasil o desmascarou com tamanha assertividade que o post Sucesso e sader-masoquismo precisa ser relido.


O Brasil do PT tem, entre outras vergonhas: escravidão de cubanos, sucateamento da saúde pública, estádios super-faturados, um PIB vergonhoso, o retorno da inflação, uso de estatais para fazer censura sutil, o maior escândalo de corrupção da história da República (o Mensalão) e daí por diante. 


Pessoas que se revoltam com isso estão em todos os setores da população. Até mesmo Gilberto Carvalho reconhece que as manifestações contra o governo partem de vários setores da população. Os maiores representantes da plutocracia estão no próprio governo, que quebrou várias regras da ética democrática ao usar o dinheiro do estado para censurar oponentes.


Por tudo isso, os autores da direita vão fazer cada vez mais sucesso, pois possuem propostas alternativas em relação ao inchaço estatal, à censura bolivariana e uma cultura de ódio, disseminada pelos partidos de extrema-esquerda, todos eles capitaneados pelo PT.


Pensando bem: até demorou para surgirem autores e jornalistas falando em nome da direita, pois a população, em sua maioria, é de direita ou centro-direita. Se hoje não temos em quem votar, ao menos temos autores e jornalistas que começaram a escrever para nos representar. Pois jornalistas de esquerda já existem aos borbotões.

 
A cereja do bolo vem ao final:
O Brasil merece ser uma sociedade nórdica, escandinava, em que ninguém seja melhor ou pior que ninguém por causa do dinheiro, e na qual não haja os abismos de opulência e de miséria. Os sicários aos quais Trajano se referiu simbolizam o oposto de tudo que escrevi acima.
Quando os jogos já estão surrados (e talvez Paulo Nogueira pare para pensar “será que as pessoas vão descobrir o truque?”), é preciso de algo inovador. Ultimamente, a esquerda tem usado o seguinte jogo: O socialismo bolivariano levará à Escandinávia. O jogo é bem simples, baseado na falácia post hoc ergo propter hoc (“depois disso, logo causado por isso”). Veja o engodo:
  • Suécia implementou o socialismo
  • Suécia é um país onde as pessoas tem muita felicidade
  • Logo, o socialismo levou à felicidade
Em seguida, dizem que o foco do socialismo é “criar Escandinávias”. No texto Se a Suécia causa tantas dissonâncias cognitivas nos esquerdistas (enganando também até alguns direitistas), nada melhor que a metáfora do estupro para explicar-lhes a dura realidade refuto esta ideia tão idiota quanto desonesta.


O fato é que os países escandinavos tiveram várias e várias décadas de livre comércio, assim como ficaram livres das guerras mundiais (ao contrário de todo resto da Europa). Junto a uma cultura de valoração do mérito, isso os levou ao enriquecimento. Quando os socialistas chegaram, os escandinavos já estavam ricos. 


E estes países chegaram a perder parte de seu poderio econômico após o socialismo. Em suma, os escandinavos são felizes apesar do socialismo, não por causa dele. E ultimamente o próprio socialismo está em decadência por lá, pois os imigrantes tem chegado (devemos agradecer à globalização) e se aproveitado do “welfare state”. Como eles começaram a ficar conhecidos como países de “mamatas”, uma hora a conta chega. Espertamente, eles já estão reduzindo o grau de socialismo por lá.

Porém, se algum dia o Brasil “quiser virar Escandinávia” vai ter que aprender a construir riqueza e valorizar o empreendedorismo. Mas com partidos como o PT no poder (que só valorizam empresas poderosas, como Odebrecht – e eu trouxe evidências disso), vai ficar cada vez mais difícil. Paulo Nogueira chama seus próprios leitores de néscios ou pascácios de carteirinha, pois enquanto promete “construir uma Escandinávia”, o partido endossado por ele está na verdade querendo construir uma nova Venezuela.

Em síntese, conforme eu havia prometido, fiz a análise de todo o texto de Nogueira, comprovando minhas afirmações iniciais:
  • não há uma frase remotamente verdadeira em nada do que ele escreve
  • não há absolutamente nada além de jogos sujos e manipulações cínicas da realidade no discurso governista
  • qualquer comparação do discurso dessa gente com a retórica de Goebbels não é mera coincidência, mas a identificação de um método
Tudo para defender uma ação abominável (e indefensável, em termos morais) de Alberto Cantalice, que criou uma lista de jornalistas “inimigos”. O maior problema moral reside no fato de Cantalice ter usado um discurso usando truques sujos similares ao de Nogueira para mentir contra jornalistas que criticam o governo. É claramente um discurso de ódio (mais uma vez, no molde dos discursos stalinistas e nazistas), calcado em diversas mentiras, projetado para atacar pessoas que apenas exercem seu direito de contestar o governo.


Lembremos o que disse Reinaldo Azevedo:
Não sei o que farão os outros. Sei o que eu farei. Estou anunciando aqui que vou processá-lo. E a razão é claríssima. Ele está me acusando se estimular a que outros “maldigam os pobres” e os discriminem em ambientes públicos. Se eu faço isso, então eu sou um criminoso. Violo um artigo da Constituição e da Lei 7.716, alterada pela Lei 9.459. Vale dizer: transgrido a Carta Magna do meu país e cometo um crime previsto em lei. ENTÃO O SR. CANTALICE VAI TER DE PROVAR O QUE DIZ. ELE VAI TER DE DIZER EM QUE ARTIGO E EM QUE MOMENTO EU PREGUEI A DISCRIMINAÇÃO CONTRA OS POBRES.
Como eu havia afirmado, Cantalice mentiu para criar ódio. Toda a encenação de Nogueira é feita para defender aquilo que não tem defesa moral. Recomendo também ler o que Augusto Nunes e Demetrio Magnoli escreveram a respeito (pois estão na “lista de cantalice”). Qualquer pessoa intelectualmente honesta notará que  ninguém reclamou por causa de Cantalice ter feito uma “lista” de desafetos, mas por ter usado calúnias para impor um discurso de ódio contra esses jornalistas, tudo pelo fato deles discordarem do governo.


Em resumo, Cantalice mentiu de forma imunda e projetada. Por isso, foi exposto como mentiroso e propagandista do ódio pelos colunistas a quem quis atacar. Cantalice havia usado uma rotina (que mapeei aqui ainda hoje) para promover ódio contra oponentes. Só que a seu favor, ele só tinha calúnias, facilmente refutáveis. 


Em vista disso, Nogueira escreveu um texto com mais jogos sujos ainda, todos novamente facilmente refutáveis. Em suma, não há nada no discurso dessa gente que não se baseie em uma podridão tão grande que faria os porcos vomitarem, como diria Olavo de Carvalho.


Diante disso, você ainda acha que se defrontar com esta gente é estar diante de “pessoas enganadas”  e merecedoras de sentimentos de pena?

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