Esqueçam ética, decência, honestidade no trato da coisa pública.
O
balcão de negócios está aberto. E Dilma está comprando com promessas e
compromissos o apoio dos partidos que não querem ficar com ela, mas que,
em nome de um naco expressivo dos cofres públicos, ainda aceitam correr
o risco de perder a eleição. Dilma não tem plano de governo e nem vai
ter. Dilma aposta tudo no plano de mídia.
Quanto mais segundos tiver na
TV, maiores as suas chances que, em condições de igualdade, seriam
nulas. Na foto, Dilma em gravação com o marqueteiro João Santana.
Partidos da base da presidente Dilma Rousseff decidiram usar
os últimos dias de definição das coligações para ameaçar abandonar o governo.
Após a defecção do PTB, que anunciou apoio ao tucano Aécio Neves na semana
passada, PR, PP e PSD protagonizam agora uma “guerra fria” para obter melhores
condições na aliança da reeleição. As exigências são diversas: recursos
financeiros para as campanhas, garantias de ampliação de espaços em um eventual
segundo mandato da petista e até a derrubada de um ministro: César Borges, dos
Transportes.
Embora filiado ao PR, o partido diz que ele não o representa
e exige sua saída. A pressão pode surtir efeito. Dilma alterou sua agenda para
recebê-lo hoje no Alvorada para tratar do seu futuro político. Tudo para evitar
que o aliado deixe a base para apoiar a candidatura do senador Aécio Neves
(PSDB-MG).O prazo para uma decisão é curto, já que as convenções, que
decidem pelas alianças, têm de ser realizadas até segunda-feira.
Diante da possibilidade de que esses partidos migrem ou
apoiem informalmente Aécio, o comando da campanha petista se reuniu ontem à
noite em caráter emergencial no Palácio da Alvorada para traçar um plano de
contenção. Dilma e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, estavam
presentes, além dos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da
Presidência), Aloizio Mercadante (Casa Civil), o presidente do PT, Rui Falcão,
e o marqueteiro João Santana.
O PR, que tem atualmente o Ministério dos Transportes, foi o
mais explícito na ameaça ontem. Líderes do partido exigiram a substituição de
Borges. Pela manhã, o senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP)
esteve no Planalto acompanhado de outros líderes do partido para falar de sua
insatisfação a Mercadante e ao ministro das Relações Institucionais, Ricardo
Berzoini. Mercadante levou a notícia a Dilma e depois disse que o assunto “está
sendo conversado”.À tarde, no Planalto, Dilma respondeu com um “não” ao ser
questionada por repórteres se atenderia à demanda da sigla.
O Planalto também está negociando com o PP, que tem hoje o
Ministério das Cidades. Os petistas esperam garantir o apoio do partido do
ex-prefeito Paulo Maluf ao projeto de reeleição de Dilma hoje, quando a legenda
realiza a sua convenção nacional. A aliança nacional tem boas possibilidades de
ser fechada, mas os palanques de candidatos em Estados estratégicos já estão
perdidos. No Rio, em Minas e no Rio Grande do Sul, o PP prefere o nome de
Aécio.
A ala contra Dilma defende pelo menos a “neutralidade” da
sigla, ou seja, não se coligar a ninguém. “Eu defendo a candidatura de Aécio.
Acho que o caminho mais inteligente para o partido é votar pela neutralidade”,
disse a senadora Ana Amélia (PP), que disputa o governo do Rio Grande do Sul
com o atual governador, o petista Tarso Genro.
Diante do impasse, a cúpula do partido aproveita para ganhar
tempo e melhorar as condições da aliança. O presidente do PP, senador Ciro
Nogueira (PI), que defende o apoio à reeleição, trabalhava ontem com a ideia de
aprovar hoje um documento que remeteria a decisão final da legenda para a
Executiva Nacional, em encontro na próxima segunda-feira. Com isso, ganha tempo
para conter rebeldes e reivindicar aos petistas mais “estrutura” para os
correligionários nos Estados, além de tirar do Planalto a garantia de que o
Ministério das Cidades ficará com o partido em caso de reeleição de Dilma.
O menor risco entre os partidos que tentam se cacifar, na
avaliação do Planalto, é com o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.
A sigla também realiza sua convenção hoje em Brasília, e deverá oficializar
apoio à campanha da presidente por “aclamação”. Nos bastidores, o partido quer
ampliar a partir de 2015 seu espaço na Esplanada, uma vez que ocupa hoje a
pequena Secretaria da Micro e Pequena Empresa, comandada por Afif Domingos. Há,
porém, quem defenda a aprovação da “neutralidade” na convenção. (Link Estadão)
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