A eleição do ex-assaltante, ex-presidiário, frequentador de
reuniões organizadas por facção criminosa e atual deputado estadual pelo PT
Luiz Moura foi resultado de um esforço da cúpula do seu partido – e não apenas
da generosidade de Jilmar Tatto, secretário de Transportes da prefeitura de São
Paulo e financiador de um terço da campanha do deputado em 2010.
Só a ministra
da Cultura, Marta Suplicy, doou ao antigo colaborador 35 000 reais. Quando ela
foi prefeita de São Paulo, o agora deputado atuava como líder de perueiros da
Zona Leste ao lado de seu irmão, o hoje vereador petista Senival Moura, acusado
pelo Ministério Público de registrar veículos de transporte público em nome de
laranjas para burlar a lei e faturar com o serviço.
Outros figurões petistas,
como o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o mensaleiro José
Genoíno, também constam dos registros do Tribunal Superior Eleitoral como
colaboradores da campanha de Moura (veja valores abaixo).
O deputado, um velho conhecido da lei - condenado por
assalto a dois supermercados em 1993, escapou da cadeia e viveu dez anos como
foragido –, voltou a entrar na mira dos policiais há duas semanas em meio à
investigação sobre os ataques a ônibus em São Paulo.
Dois grandes grupos compõem o sistema de transporte
paulistano: as empresas tradicionais e as cooperativas, formadas na gestão
Marta com a legalização dos perueiros. Desde o início deste ano, ônibus
pertencentes às empresas tradicionais vinham sendo incendiados quase
diariamente. O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) passou a
investigar os episódios e, em 17 de março, flagrou uma reunião na garagem de
uma cooperativa na Zona Leste supostamente organizada para planejar novos ataques
a veículos.
Das 45 pessoas presentes, dezoito eram membros da facção criminosa
PCC e 26 tinham passagem pela polícia. Moura era um deles. Ao ser abordado,
apresentou-se como parlamentar e escapou de ser levado à delegacia.
Desde que o nome do deputado apareceu no noticiário, não
houve mais registro de queima de ônibus em São Paulo. Moura nega qualquer
relação com o PCC. Mas, curiosamente, a facção criminosa, ou pelo menos alguns
de seus membros, não nega relação com ele. Pelo contrário. Nos dados do TSE, um
de seus doadores é o ex-presidiário Claudemir Augusto Carvalho – condenado por
furto, roubo e, segundo o Deic, membro do grupo criminoso que Moura agora
renega. (VEJA)
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