É muito difícil que Joaquim Barbosa, presidente do STF em fase de
aposentadoria, venha a manifestar apoio explícito a algum candidato à
presidência. Não é do seu temperamento e nem seria politicamente
correto. Se o fizesse, segundo a última pesquisa Datafolha, 52% dos
eleitores poderiam seguir a sua orientação. Destes, 26% acatariam a
indicação, o que significaria que 1 a cada 4 brasileiros votaria no
candidato preferido pelo ministro que condenou os petistas no Mensalão.
Vale lembrar que Joaquim Barbosa teve a sua maior decepção quando o
plenário do STF, agora majoritariamente indicado pelos governos
petistas, rejeitou a condenação por crime de quadrilha para os
mensaleiros José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, revertendo uma
decisão anterior de forma vergonhosa. A sua manifestação de desencanto e
decepção, à época, foi devastadora e quem não lembra das suas palavras,
dizendo que "aquilo" era apenas o começo?
Esta derrota, somada às ameaças de morte que passou a receber de
filiados do PT nas redes sociais, além de uma pressão descabida por
parte de áreas do governo para que liberasse os mensaleiros para o
trabalho externo, levaram o presidente do STF a uma precoce
aposentadoria. Se Joaquim Barbosa tem um inimigo declarado, este inimigo
é o PT e tudo o que ele representa em termos de impunidade.
Assim, se improvável é uma declaração de voto a favor de algum
candidato, Joaquim Barbosa poderá fazê-la contra, sem nem mesmo citar um
nome ou uma legenda. A grande maioria dos eleitores brasileiros sabem
de que partido ele estará falando e de onde vieram os condenados do
Mensalão. Basta o ex-ministro e ex-presidente do STF dizer em que tipo
de partido ou político o brasileiro não deve votar e o estrago vai estar
feito.
Lula e o PT estão muito enganados em pensar que o Mensalão é coisa do
passado. É nesta eleição, com os mensaleiros atrás das grades e o
justiceiro Joaquim aposentado, que este tenebroso escândalo de corrupção
cobrará do PT o seu verdadeiro preço. Nas urnas.
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