O texto abaixo foi escrito pelo professor Roberto Ellery, e merece divulgação, pois não podemos compactuar com esse tipo de prática dentro das universidades brasileiras:
Democracia contra a Violência
Em um
espaço de dois dias a comunidade da UnB foi surpreendida por duas
notícias aparentemente desconexas mas que guardam relação entre si. A
primeira foi a invasão do gabinete do reitor por alunos que participam
da assistência estudantil da UnB, a segunda foi mais um Happy Hour (HH)
que saiu do controle, desta vez com direito a tiros em pleno Instituto
Central de Ciências (ICC).
Os estudantes que estão na assistência
estudantil tem várias demandas legítimas que devem ser analisadas com a
devida atenção pelas instâncias representativas da UnB, festas existem
nas melhores universidades do Brasil e do mundo e não existe uma boa
razão para não existam na UnB. Porém nada justifica a afronta e o
desrespeito as regras e as instâncias deliberativas da universidade.
Os
estudantes tem representação nos conselhos superiores e podem levar a
esses conselhos avaliações a respeito de toda e qualquer decisão da
reitoria, inclusive as decisões relativas as normas para festas,
funcionamento da assistência estudantil e a decisão de responsabilizar
os estudantes envolvidos em outras manifestações.
Ao partir para ação
direta, no caso da invasão, e ao ignorar as regras de convivência, no
caso dos HH, os estudantes não estão apenas afrontando o reitor e os
diretores da UnB, estão afrontando a própria democracia.
Não é
aceitável que grupos insatisfeitos com decisões tomadas dentro dos
trâmites legais, portanto democráticos, se sitam no direito de impor
suas demandas, mesmo que legítimas, por meio da força e da intimidação.
Tudo fica mais grave por não se limitar a UnB ou algumas grandes
universidades, é uma questão nacional. Vivemos um momento onde as mais
diversas demandas são utilizadas para justificar ações de força que usam
a violência visando atender os interesses dos grupos demandantes. Esse
tipo de procedimento é incompatível com estado democrático e de direito,
é incompatível com a vida civilizada, é incompatível com os interesses
da maioria da população.
Por tudo
isso parte da comunidade da UnB resolveu reagir. Não queremos impedir
manifestações pacíficas, não somos contra as festas, não somos contra as
demandas específicas deste ou daquele grupo. O que nos une é a
necessidade de reagir em defesa da democracia. Acreditamos que a defesa
intransigente da democracia é a forma mais adequada de combater os atos
de violência dentro e fora da UnB.
Só o compromisso radical com a defesa
da democracia, inclusive com os mecanismos democráticos de fazer valer a
lei, pode nos resgatar do atual estado de violência generalizada. Peço a
todos que tenham possibilidade que compareçam segunda-feria, 9/6, à
reitoria da UnB as 10:00h da manhã para apoiar nosso ato: Democracia
contra a Violência.
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